Um aviário do município de Estrela, no Rio Grande do Sul, tem capacidade para 28 mil frangos, mas está vazio. Por falta de pagamento, o criador Romaldo Schneider parou de alojar os animais. A dívida da empresa com o produtor é de R$ 33 mil. Ele teme não receber tão cedo essa quantia. "Eu acho que eles não vão conseguir pagar todo mundo. Pelo menos, se eles pagassem um ou dois lotes para o pessoal continuar de novo. Depois vamos ver o que vai dar com o resto".

O criador Celso Birck tem quatro lotes em atraso. Os galpões que antes alojavam 20 mil frangos estão sem utilidade. Há quatro meses, ele também suspendeu o alojamento das aves. "A gente, ao princípio, é quem menos sabe. Se for para o nosso bem, que a gente ganhe o que tiver que ganhar, porque sem receber não dá".

O Rio Grande do Sul tem 2.500 produtores ligados à indústria, que estão com os pagamentos atrasados. A crise afeta, principalmente, os avicultores.

A unidade da Doux Frangosul em Passo Fundo está com atividades suspensas desde a última segunda-feira. Os cerca de 1.500 funcionários entraram em férias coletivas. Segundo o sindicato dos trabalhadores na alimentação, a empresa entrou em contato com eles e garantiu que vai pagar todos os empregados e que não haverá demissões.

No estado, cerca de dois mil criadores estão com os aviários vazios. Segundo a Federação dos Trabalhadores Familiares, eles só vão voltar a alojar aves depois que a situação for definida. O Globo Rural tentou entrar em contato com a direção da empresa, mas ninguém quis dar entrevista.

De acordo com a Associação Gaúcha de Criadores de Suínos, a Doux Frangosul pagou, esta semana, as dívidas com os criadores ligados à entidade.