Depois de quebrar, no sábado retrasado, 17, um jejum de mais de dois meses e obter um reajuste de cinco centavos (passou de R$2,50/kg para R$2,55/kg), o frango vivo comercializado no interior paulista continuou registrando forte valorização. Na semana que passou, a quarta do mês, obteve outros três ajustes de cinco centavos e, assim, encerrou o período cotado a R$2,70/kg.

Naturalmente, o valor alcançado vai chamar a atenção de quem, não sendo do setor, acompanha a evolução de preços do produto. Pois os R$2,70/kg atuais, um recorde, representam valorização de 8% em 30 dias, de 28% em um ano e de mais de 40% só neste ano. Entretanto, nada disso tem o menor significado.

Primeiro, porque são poucos – pouquíssimos! – os beneficiários dessa alta, já que a crise de custos que se abateu sobre o setor (e que ainda não foi superada) afastou do mercado boa parte dos criadores cuja produção está direcionada para venda no mercado “spot”. Dessa forma, a retomada de preços resulta, muito mais, de déficits na oferta do que, propriamente, de aumento da demanda.

Mas os ganhos mais recentes continuam sem maior significado porque, mesmo que se reflitam em todos os segmentos da cadeia do frango, precisarão ser mantidos por um longo tempo até que propiciem a recuperação das perdas acumuladas no decorrer do ano, em especial no segundo semestre. E isto vale como um sinal de alerta.

Em outras palavras, a atividade não pode – sob o argumento de que os preços melhoraram – ser estimulada a aumentar a produção. De início, porque um aumento agora só vai se refletir no mercado no princípio de 2013, momento em que o consumo é rotineiramente recessivo e os preços refluem naturalmente. Mas também porque, aos custos atualmente alcançados, o consumo tende a regredir, independente do momento do ano.

Por isso, se deseja mesmo recuperar-se, a atividade precisa ir devagar com o andor. Mesmo porque, às portas do encerramento de 2012, o frango vivo alcança um preço médio nominal no ano (R$1,99/kg) apenas 3,65% superior ao de 2011.