Avicultura

Crise na avicultura brasileira atinge criadores e frigoríficos

A disparada dos preços do milho, da soja e do farelo, combinada com a redução da oferta de crédito, provocou um cenário de crise para a avicultura brasileira


Publicado em: 29/08/2012 às 18:00hs

Crise na avicultura brasileira atinge criadores e frigoríficos

O problema atinge desde os criadores integrados, que estão endividados e em muitos casos com créditos a receber das indústrias em atraso, até os frigoríficos, que já demitiram 5,75 mil trabalhadores nos últimos três meses, reduziram a produção em 10% em julho e agosto e logo devem repassar o aumento de custos aos consumidores.

O levantamento, resumido no “manifesto do dia do avicultor”, foi apresentado ontem (28) na Expointer, em Esteio (RS), pelo presidente da União Brasileira de Avicultura (Ubabef), Francisco Turra. Segundo ele, nos últimos 60 dias o setor deixou de produzir 200 mil toneladas de carne de frango no país e sem ajuda do governo federal a situação tende a se agravar até o fim do ano, o que provocaria queda na produção brasileira em comparação com as 13,1 milhões de toneladas de 2011.

Conforme Turra, a mudança de cenário em relação ao primeiro semestre deveu-se à “estiagem imprevista” nos Estados Unidos, que gerou uma corrida dos importadores pela soja e pelo milho, produzidos no Brasil. O aumento da demanda provocou uma alta de até 90% nos preços do farelo desde janeiro, para quase R$ 1,4 mil a tonelada, e de até 58% na soja em grão, para quase R$ 1,3 mil a tonelada. No milho, o aumento chegou a 44%, para perto de R$ 550 a tonelada, disse o dirigente.

Com a procura aquecida, os fornecedores de grãos também eliminaram o prazo usual de 45 dias para pagamento pelos insumos e estão cobrando à vista ou até exigindo depósitos antecipados das agroindústrias, acrescentou Turra. E o problema é agravado com a retração da oferta de crédito pelos bancos, “inclusive os oficiais”, que se assustaram com a situação financeira das empresas, em especial de pequeno e de médio porte, disse o presidente da Ubabef.

Segundo Turra, há “muitas” empresas em dificuldades, especialmente em São Paulo e na região Sul, onde a estiagem enfrentada pelos agricultores gaúchos na safra 2011/12 ajudou a complicar ainda mais a situação. Na semana passada, o frigorífico Diplomata, do Paraná, entrou em recuperação judicial devido a dificuldades que incluem o pesado endividamento e o alto custo dos insumos.

Para o presidente da Ubabef, o governo precisa adotar medidas “urgentes” de apoio ao setor, em especial a liberação de crédito para a indústria comprar insumos. O pedido de socorro foi apresentado há um mês ao Ministério da Fazenda e inclui ainda a criação de um fundo de aval para facilitar ao acesso aos financiamentos, a prorrogação do Programa de Recuperação Fiscal (Refis) dos frigoríficos por um ano e a extensão do prazo de pagamento dos empréstimos tomados pelos criadores integrados para investimentos. Segundo Turra, o ministro da Agricultura, Mendes Ribeiro Filho, disse que o assunto será tratado na próxima reunião do Conselho Monetário Nacional.

Fonte: Avisite

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