Publicado em: 06/08/2013 às 14:50hs
Cerca de 80 criadores de peru do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba, que trabalhavam em parceria com a BRF, indústria resultado da fusão entre a Sadia e a Perdigão, tiveram os contratos de produção encerrados. Os criadores reclamam que foram pegos de surpresa, mas empresa informou que o comunicado foi feito no mês de maio. A empresa justificou aos criadores, por meio de documento, que o termino dos contratos aconteceu devido à redução na produção diária na fábrica de abatedouros em Uberlândia.
Denaldo Pereira Fernandes e a esposa Keilismar Maria Cunha Fernandes trabalharam há 11 anos com a criação integrada de perus no Alto Paranaíba. Mas há alguns dias o casal recebeu, por meio de um oficial de Justiça, uma notificação de que o contrato com a indústria de alimentos havia terminado. “Fiquei surpreso, porque eu não fui avisado de nada. Agora eu estou ciente, mas acho que eles tinham que me indenizar no que eu investi aqui”, disse Denaldo.
Segundo o casal, a empresa oferece R$ 17 mil de indenização, mas o investimento é de aproximadamente R$ 200 mil. Keilismar reclama das condições que a indústria estipulou no documento que encerra o contrato, entre elas uma que cita ‘que as partes renunciam ainda de forma irrevogável, quaisquer direitos, reivindicações, recursos, reclamações e pretensões de qualquer natureza que pudessem vir a ter uma contra a outra com relação eventuais direitos de quaisquer natureza, oriundos do contrato em referencia’. “Se nós assinarmos esse contrato, não vamos ter direito a reivindicar nada e o que eles estão oferecendo para nós é muito pouco para ser uma indenização”, afirmou.
A BRF informou que cumpre todas as obrigações assumidas em contrato com produtores integrados e que a decisão de descontinuar a parceria deve-se à queda de demanda, especialmente no mercado internacional. Explicou que o comunicado foi feito no mês de maio à associação. A empresa afirmou ainda que todos os produtores serão ressarcidos de acordo com valores estabelecidos em contrato.
Investimentos
Na produção integrada os criadores investem na construção dos barracões e na infraestrutura da propriedade. Por outro lado, a indústria fornece as aves, a ração, insumos necessários e assistência técnica. Além de comprar toda a produção a um preço pré-estabelecido. O produtor José Eustáquio Carneiro é criador integrado em Nova Ponte, também no Alto Paranaíba, disse que está indignado. “Se eles sabiam que ia fechar, porque me pediram para trocar cortina e colocar tela em volta? Gastei uns R$ 90 mil”, contou.
Claiton Luiz de Lima tem três galpões em Monte Carmelo, no Triangulo Mineiro e mandava para o abate cerca de R$ 36 mil perus por ano. Na granja dele o serviço está parado há dois meses. “O prejuízo hoje é de R$ 32 mil, pois tenho despesas com funcionários, energia elétrica e manutenção dos equipamentos.”
De acordo com o presidente da Associação dos Granjeiros Integrados do Triangulo Mineiro e do Alto Paranaíba (Agritap), José Gaspar de Faria, quase 80 criadores de perus, destas duas regiões, estão com os barracões vazios. “Hoje nós temos aproximadamente 228 integrados na região e a previsão é de desligamento no primeiro momento de 78 integrados. Com o impacto, vamos deixar de produzir aproximadamente 1,6 mil aves ano”, informou. Ele orienta aos produtores que não assinem nenhum distrato antes de consultar os direitos.
Fonte: G1
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