Publicado em: 01/11/2023 às 08:10hs
Temos visto notícias de calor extremo, secas e incêndios florestais por conta disso. Quais seriam as influências destas mudanças climáticas, altas amplitudes de temperatura e umidade muitas vezes diárias nas estações e as correlações com o manejo de alimentação, de ingestão de água, de estresse calórico, da ventilação e do conforto ambiental para as aves? Como preparar as nossas estruturas e ajustar manejos para mitigar as consequências e os efeitos do estresse calórico que a as aves podem sofrer é o tema deste artigo.
As linhas genéticas de aves são selecionadas para desempenho zootécnico cada vez mais eficiente e produtivo, mas exigem melhores condições e conforto térmico nos aviários. Também em matrizes em fase de produção as temperaturas altas interferem na performance, mesmo com a geração de calor menor que um frango de corte. Mas, em situação de estresse por calor, as aves vão direcionar a energia para a perda de calor corporal e nutrientes importantes deixam de ser absorvidos e usados para produção de ovos resultando em queda da produtividade das aves, da fertilidade e da eclosão.
Figuras 1 e 2 - Trabalho comparando aves controle com aves estressadas por calor, diferenças em produção e fertilidade.
Figura 3 e 4 - Matrizes em estresse calórico num dia quente de 35°C, e temperatura máxima registrada de 39°C.
Figuras 5 e 6 - Telhados não reflexivos, falta de ventiladores e nebulizadores.
A água é o ingrediente principal na dieta diária e o consumo pode ser alterado na medida em que a temperatura ambiente aumenta. Muitas vezes este consumo pode dobrar ou triplicar. Uma das maneiras mais efetivas de as aves perderem calor é aumentar a taxa respiratória, fazendo com que o sistema respiratório ajude na perda de calor corpóreo. Porém, para manter o equilíbrio as aves ingerem maior quantidade de água.
Veja um trabalho com frangos de corte, adaptado pela Cobb, mostrando a relação de consumo de água em frangos de corte de acordo com as diferentes temperaturas de manejo.
Figura 7 - Relação entre consumo de água e ração.
E outra relação mostrando como é importante este ingrediente e sua dependência e resposta no comportamento de consumo das aves.
Figura 8 - Consumo de água de acordo com a temperatura ambiente
Fonte: Kirk Patrick & Flaming (2008).
A performance de frangos de corte em galpões de ambiente mais controlado, com ventilação em túnel, mais isolamento com cortinas duplas, sistemas de resfriamento eficientes, entre outras melhorias, devem ser melhor desde que o manejo seja bem-feito e os controles sejam efetivos. E claro, minimizam os efeitos do calor e do aumento das temperaturas externas. Isto é uma contante e cada vez mais comum de encontrar em novas construções até galpões cada vez melhores com material isolante no forro
Figura 9 - Trabalho de Oliveira, 2016. Diferença entre galpão convencional e túnel de ventilação em sistema dark house.
O isolamento térmico do forro com diferentes métodos é essencial para o bom funcionamento de galpões avícolas, o que minimiza o ganho de calor no verão e a perda de calor no inverno. Há diversos tipos de materiais utilizados para o isolamento térmico em galpões, como forros de plásticos, plástico com alumínio, celulose e materiais mais novos, como fibra de vidro e lã de rocha, poliuretano, poliestireno expandido, entre outros.
A capacidade isolante dos diferentes tipos de materiais é medida segundo um coeficiente de troca térmica entre superfícies, o valor-R; quanto mais alto é o valor-R, maiores são as propriedades isolantes do material. O calor que vem do telhado é a segunda maior fonte de calor aos aviários. Estudos mostram que telhados de metal ou telhas de fibrocimento podem chegar a irradiar um calor de 65 a 70o C.
Telhado de telha fibro-cimento, sem forro. Mais calor incidindo diretamente do telhado para o nível das aves.
Forro de cortina nos galpões de frangos.
Forro em matrizes.
A principal fonte de calor em um galpão avícola são as próprias aves. Quanto maior a ave, maior a produção de calor. Um frango produz cerca de cinco BTU´s de calor por hora para cada 450 gramas de peso vivo. Assim, uma ave de 2.700 gramas produz 30 BTU’s de calor por hora. Se considerarmos um galpão com 20 000 aves, temos um total de 600.000 BTU´s por hora. E isso apenas considerando a produção de calor sensível (calor por condução, irradiação e convecção). Se considerarmos um estresse calórico, as aves podem perder o dobro desta quantidade por evaporação da água através do sistema respiratório.
Em muitas regiões, os galpões avícolas são bastante simples e antigos. Nestes casos, se usa o plantio de árvores ou a instalação de telas para sombrear as laterais. Essas medidas simples podem propiciar melhores condições ambientais para as aves.
O melhor mecanismo de perda de calor sensível para as aves é a convecção, e ela é conseguida através do uso dos ventiladores e exaustores nas granjas. Em nossa concepção, aviários devem ter velocidades para trocar o ar de dentro para fora em torno de 37 segundos, ou seja, se tiverem entre 150 e 200 metros de comprimento, devem ter vento de 4 a 5 metros por segundo de velocidade de ar pelos exaustores. Já os aviários convencionais devem ter um ventilador para, no mínimo, 50 a 60 metros quadrados do aviário.
Usamos os sistemas de refrigeração para ajudar a baixar as temperaturas do ar que entra nos aviários. Este é o caso das placas evaporativas, bem mais eficientes por conta desta capacidade. Os nebulizadores também são equipamentos muito eficientes. Porém, o uso deles deve ser feito com muito critério e as dicas aqui a seguir, devem ser consideradas:
José Luis Januário é especialista em Frangos de Corte e Ambiência da Cobb-Vantress na América do Sul.
Fonte: Assessoria de Imprensa Cobb-Vantress
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