Publicado em: 15/02/2021 às 08:30hs
A idade e o peso do frango a ser abatido é variável nos diferentes países e pode estar, entre 4 e 10 semanas, e pesos entre 1,5 quilo e 3,2 quilos. A programação de abate pelo peso das aves, assim como a uniformidade, deve ser o principal foco a fim de atender o mix de produto de cada mercado, garantir melhor custo de produção e rendimentos.
Uma vez que as aves alcançam as metas de abate, existem vários fatores que podem impactar significativamente a qualidade da carcaça. Um fator importante para reduzir as perdas, melhorar os rendimentos e obter produtos de alta qualidade é a implementação de um programa de retirada de ração pré-abate ideal.
O objetivo principal da retirada de ração é reduzir a probabilidade de contaminação por ingesta fecal e/ou biliar das carcaças durante o processo de evisceração. Esta retirada também minimiza o desperdício de ração não digerida que pode estar no trato gastrointestinal (GI).
A quantidade e consistência do conteúdo no trato GI no processamento estão diretamente relacionadas à ingestão de ração e água antes do carregamento e ao tempo em que o trato GI é esvaziado durante a retirada da alimentação. A taxa de limpeza do trato gastrointestinal é afetada pelas condições ambientais (temperatura ambiental), programas e intensidade de luz, disponibilidade e ingestão de água, saúde geral do lote, composição da dieta e atividade e excitação das aves.
As recomendações para períodos ideais de retirada da ração para frangos de corte antes do abate variam de 8 horas a 12 horas para reduzir a contaminação e as perdas, otimizar o rendimento e a qualidade de carcaça.
Na prática, esse tempo pode ser variável dependendo das características intrínsecas de cada empresa, quanto a logística, ao tipo e a localização dos galpões e equipamentos e o tempo de espera. Considerando a suspenção das linhas de comedouros e o corte de água em todo o galpão, o jejum pode ser ótimo nas primeiras cargas e péssimo nas últimas, ou ao contrário. Portanto, o tempo completo de carregamento de todo o galpão é fundamental para que todas as aves tenham jejum próximos ao ideal. Períodos de jejum pré-abate abaixo de 8 horas são possíveis e utilizados com sucesso por muitas empresas.
No entanto, para períodos mais curtos de retirada da alimentação, atenção especial deve ser dada à ingestão de água, pois ela contribui diretamente para a digestão e limpeza do trato gastrointestinal. A água deve permanecer disponível para as aves após a suspensão da ração por no mínimo de 3 a 6 horas, dependendo da temperatura ambiente.
O maior desafio de campo é fazer com que as aves bebam água suficiente, especialmente em climas mais frios (abaixo de 17°C). Para estimular a ingestão de água, pode-se caminhar lentamente entre as aves. Além disso, se possível, aquecer o galpão 2°C a 3°C acima da temperatura desejada por curtos períodos de 3 a 4 minutos, observando o comportamento das aves e a ingestão de água. Esse procedimento pode ser repetido várias vezes, e quando adotado, deve ser seguido com a máxima atenção para evitar estresse por calor e mortalidades.
A perda de peso das aves durante o período entre a retirada da ração e o abate é conhecida como encolhimento. O tempo ideal de retirada da alimentação deve ser longo o suficiente para permitir a limpeza adequada do trato gastrointestinal GI, mas curto o suficiente para reduzir o encolhimento o quanto possível. O encolhimento tem impactos econômicos significativos no peso vivo na granja e no rendimento de carcaça na planta de processamento. Para frangos de corte, a perda de peso durante as horas iniciais (5 a 6 horas) da retirada do alimento é atribuída à limpeza do trato gastrointestinal. Esta perda de peso inicial, que é relatada como variando de 0,3% a 0,6% do peso vivo por hora, pode variar com base na hora de início da interrupção da alimentação (jejum). Após 12 horas de jejum considera-se uma perda média de 0,5% por hora.
Importância do estímulo ao consumo de água antes do carregamento
Devido ao impacto na qualidade da carcaça na planta de processamento, os sistemas de captura de frangos de corte evoluíram rapidamente. Dentre todos os procedimentos pré-abate, a apanha é a mais estressante e onde ocorre mais lesões físicas e, consequentemente, maiores perdas. As observações de campo mostram que os impactos da apanha são menores em lotes com melhores condições sanitárias e de manejo. O equipamento de apanha automatizado pode ser usado e adaptado para aviários com diferentes dimensões, mas requer espaço para movimentação das máquinas.
As comparações de custo dos equipamentos automatizados com o custo, a disponibilidade e a qualidade do trabalho manual variam de acordo com a região do mundo. Em geral, essas máquinas têm capacidade de captura de 8.000 a 12.000 aves por hora, requerem de três a quatro operadores, podendo ser adaptadas a qualquer tipo de galpão ou módulo.
No processo manual, evoluímos de captura pelas pernas, pescoço e dorso (uma a uma ou duas a duas aves). A captura deve ser realizada de forma a minimizar o estresse das aves, não causar ferimentos e garantir o bem-estar.
Na apanha pelo dorso, descendo as gaiolas no galpão e cercando as aves em pequenos grupos com as próprias gaiolas facilita a captura e minimiza o percentual de contusões e fraturas.
O momento da retirada de ração pode impactar os custos de produção de frango vivo em termos de perdas de ração e rendimentos (encolhimento), bem como afetar a qualidade na planta de abate por meio da contaminação da carcaça. Da mesma forma, o processo de captura e carregamento pode ter um impacto direto na qualidade e percentual de perdas. Embora a retirada de ração pré-abate e o carregamento sejam apenas uma fração do período total de criação até o abate, esses processos apresentam grandes oportunidades para a indústria aumentar os rendimentos e produtividade, melhorar a qualidade, reduzir os custos e aumentar a lucratividade.
Eder Barbon é médico veterinário e especialista em Processos de Qualidade e Abatedouros da Cobb-Vantress na América do Sul.
Fonte: Assessoria de comunicação Cobb
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