Publicado em: 11/06/2021 às 09:00hs
Na cadeia de produção avícola é reconhecida a importância de todos os elos do processo, porém é indiscutível que o monitoramento e controle do status sanitário dos planteis brasileiros estão intimamente atrelados ao sucesso alcançado pelo setor. Isso só foi possível graças à adoção de competentes medidas de biosseguridade e, dentre elas, o vazio sanitário é um manejo primordial na rotina da produção de aves.
O vazio sanitário compreende o intervalo entre a saída do último lote, limpeza e desinfecção das instalações e o alojamento do próximo lote a ser criado. Esse período é necessário para que a pressão de contaminação do ambiente por vírus, bactérias, protozoários e outros microrganismos seja reduzida a patamares que não causem prejuízos ao lote subsequente. Muitos desses microrganismos necessitam da presença da ave para completarem seu ciclo de vida e proliferarem. Portanto, nada melhor que a ausência total das aves no momento de limpeza e desinfeção do ambiente para limitar a disseminação desses possíveis agentes infectantes. Segue abaixo um quadro com o período de resistência de alguns microrganismos no meio ambiente natural:
Pesquisas realizadas em integrações americanas demonstraram que os resultados zootécnicos de lotes que tiveram vazio entre 15 e 21 dias foram superiores aos de lotes com intervalos de 1 a 7 dias. Vazios com período acima de 21 dias não proporcionaram respostas superiores (Agrolink: Aveword 04/07/2008). Sabe-se que o intervalo do vazio sanitário impacta diretamente o ciclo de produção e, dessa forma, é prudente associarmos a biosseguridade às questões econômicas. Assim, intervalos sanitários acima de 14 dias conciliam esses fatores, proporcionando segurança sanitária para produção e eficiência econômica do negócio.
Gostaria de chamar atenção sobre um ponto importante. Não devemos esperar os benefícios do vazio sanitário apenas considerando o efeito do período de desalojamento sobre a redução da contaminação. O período deste intervalo entre os lotes também é fundamental para colocar em prática manejos de limpeza, desinfecção, tratamento de cama e resíduos, além da manutenção preventiva e corretiva das instalações para o recebimento do próximo lote. Infelizmente o período de vazio sanitário não é um período de descanso para a equipe da granja, e sim um dos períodos cruciais no ciclo de produção das aves e que requer muito trabalho.
Avaliando fatores de riscos para ocorrência de doenças em frangos de corte, Kaoud (2008) evidenciou que as falhas no procedimento de limpeza e desinfecção representavam 50% do risco de infecções, e que a incidência de infecções pode aumentar 2,5 vezes quando essas práticas são negligenciadas.
O processo de limpeza consiste na remoção física dos detritos acumulados nas instalações e equipamentos, enquanto a desinfecção é um conjunto de medidas adotadas com o objetivo de reduzir a contaminação por agentes infectantes através de processos de remoção física e/ou por meio de substâncias químicas desinfetantes. Nesse contexto, a limpeza mecânica é fundamental para limitar o contato dos animais com a matéria orgânica potencialmente contaminada, como também é essencial para a eficiência do processo de desinfecção química.
Segundo Grezzi (2006) devemos levar em conta os seguintes fatores para o sucesso do processo de desinfecção:
No momento da escolha do desinfetante a ser utilizado, além do produto ser eficiente e com elevado espectro de ação, condizente com o tipo de aplicação e com boa relação custo-benefício, devemos nos atentar aos aspectos legais e à segurança de uso do produto, não pensando somente nas aves, mas também nas pessoas que o manipularão durante a sua aplicação.
Segue abaixo quadro com os principais produtos utilizados como desinfetantes e suas principais ações e características:
Nos últimos anos, a avicultura brasileira vem ganhando um novo formato através da implementação de novos manejos, tais como: a reutilização da cama e a redução de uso de antibióticos promotores de crescimento catalisada pela pressão mercadológica e pela conscientização do uso racional dessas moléculas. Não há dúvidas de que essas práticas representam um avanço para a produção brasileira, porém temos a ciência de que podem aumentar os desafios em nossa produção. Nesse contexto, o vazio sanitário e os processos de limpeza e desinfeção ganham ainda mais importância nesse novo modelo de criação e devem ser tratadas como premissas básicas e imprescindíveis à cadeia de produção.
David Braite Toledo é zootecnista e Nutricionista de Aves da De Heus Brasil Nutrição Animal.
Fonte: De Heus Brasil Nutrição Animal
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