Publicado em: 17/01/2012 às 15:00hs
Para chegar até aqui a Associação dos Piscicultores de Presidente Epitácio e Região (Aspiper), enfrentou muitas idas e vindas a órgãos governamentais federais como Agência Nacional de Águas (ANA), Marinha do Brasil, Ibama, além dos estaduais: Departamentos de Proteção dos Recursos Naturais (DPRN) e de Análise e Impacto Ambiental (DAIA), pertencentes à Secretaria Estadual de Meio Ambiente.
Conforme explica Joaquim Pires, presidente da Aspiper, os juvenis foram adquiridos de um fornecedor de Palmital, cidade próxima à Assis e os tanques foram povoados. “Não era a melhor época, porque enfrentamos muita chuva e uma “cabeça d’água” na parte alta do Córrego do Veado, causando a morte de muitos peixes, tanto dentro como fora dos tanques nas águas da represa formada pelo rio Paraná. Não houve outro jeito, tivemos que repovoar. Foi também um ano muito frio, que não é bom para a engorda dos peixes”.
A Aspiper foi fundada em junho de 2006 com 10 associados. Com a primeira despesca os associados decidiram reinvestir na piscicultura e devem passar de 27 para 64 tanques na próxima safra. Até 2014, a associação espera ter 500 tanques de 18m3/cada, o retorno de todo capital investido e o início da retirada dos lucros.
Os associados têm outras atividades: são pescadores artesanais, produtores rurais ou agricultores familiares e por isso decidiram terceirizar a limpeza dos tanques e a despesca, o que já garantiu pelo menos oito empregos diretos.
Já a alimentação dos peixes, que é dada três vezes ao dia, ficou a cargo de Joaquim Pires. A espécie escolhida para povoar os primeiros tanques foi a tilápia-do-nilo. Joaquim destaca que irão inserir as linhagens de tilápia Gift e Supreme, que oferecem maior rendimento e melhores preços. “A primeira leva foi comercializada a R$3,20 o quilo. A maior atenção, no entanto, é no preenchimento diário das tabelas para verificar a adequada oferta de ração, o item que mais onera a atividade”.
Já no segundo mandato, o primeiro de quatro anos, Joaquim vem se dedicando a resolver as questões legais. E com verba proveniente de novos sócios foi possível construir um barracão para armazenar ração, além de uma passarela de 54 metros para facilitar a despesca. Tem também um posto de guarda para evitar o roubo de peixes.
O presidente da Aspiper e a secretária-geral, Valdirene Gomes da Silva, relatam que cada tanque atingiu os objetivos esperados nesta despesca, demonstrando que o giro da atividade é rápido e que em torno de 30 a 32 meses deve se tornar autossustentável. Mas o treinamento e a dedicação diária com verificação da qualidade da água, de mortes e/ou doenças e suas causas devem ser constantes para garantir o retorno financeiro.
O município de Presidente Epitácio tem 44 mil habitantes, sendo que 10% vivem na zona rural, em 1.050 propriedades rurais e 350 famílias de assentados e 300 de reassentados. As principais atividades são as pecuárias leiteira e de corte.
O técnico agrícola Marlan Nunes Narezzi, responsável pela Casa da Agricultura de Presidente Epitácio, acredita no potencial e nas possibilidades que a piscicultura pode trazer para o município. “Com a instalação da piscigranja, os produtores passam a contar com mais uma alternativa. Eles conseguiram tirar o SIM (Sistema de Inspeção Municipal) e oferecem o filé de tilápia, carne com grande valor nutricional, para a rede escolar. Mas também, esperamos conter a pesca predatória, praticamente única alternativa de renda para a população ribeirinha da região”, finaliza Marlan.
“Essa primeira experiência é boa não só para Presidente Epitácio, mas para toda a região que sempre viveu da pesca. Foram perdidos mais de 20% de terra agricultável e de reserva legal, além de fauna e flora antes abundantes com o alagamento da área agrícola da região para formar o reservatório da Usina Hidrelétrica Sérgio Motta, em 1999. Com o tempo, vão se fazendo as acomodações e surgindo alternativas e a piscicultura em tanques-rede é uma delas”, afirma Clóvis Alencar, diretor da CATI Regional Presidente Venceslau.
Clóvis destaca a necessidade de aproveitar o potencial e oferecer mais cursos de capacitação em piscicultura. “Com a implantação do Microbacias II, a CATI pretende auxiliar a Associação a atingir outras metas. O próximo passo da Aspiper é verificar a possibilidade de abrir uma Cooperativa para melhorar a comercialização do peixe. Outra meta é agregar valor ao produto, através do beneficiamento dos peixes para vendê-los em filé, aproveitar a carcaça para farinha e óleo como ingredientes para fabricação da ração, oferecer cursos de artesanato da pele e escamas, tornando a atividade mais rentável e sustentável,” afirma.
A CATI Regional Presidente Venceslau conta com a importante parceria dos pesquisadores da Apta – Polo de Assis e da Alta Sorocabana para alavancar a piscicultura em tanques-rede na região.
Fonte: CATI - Assessoria de Imprensa
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