Publicado em: 06/11/2024 às 10:00hs
Um estudo inovador realizado por pesquisadores da Embrapa Meio Ambiente e da Syngenta Proteção de Cultivos no Brasil analisou o impacto da introdução de colônias de abelhas em fazendas de café arábica em São Paulo e Minas Gerais. O estudo mostrou que a polinização assistida por abelhas não apenas eleva a produtividade das lavouras em 16,5% — de 32,5 para 37,9 sacas por hectare —, mas também melhora a qualidade do café, o que, em termos de valor, pode representar um incremento de R$ 22 bilhões ao ano no setor.
A qualidade do café, medida pela nota sensorial, subiu em 2,4 pontos em algumas fazendas, promovendo a classificação do grão para cafés especiais, o que agrega valor e permite maior valorização no mercado. Com o aumento na qualidade e na produtividade, o preço da saca teve uma valorização de 13,15%, acrescentando US$ 25,40 a cada saca.
O estudo, que contou também com apoio de instituições como Esalq/USP e UFRGS, foi realizado entre 2021 e 2023 e comparou áreas de café com polinização natural e com polinização assistida por colmeias de abelhas africanizadas (Apis mellifera). Os pesquisadores monitoraram ainda a saúde das colônias ao expô-las a tiametoxam, um inseticida comum no controle de pragas. Os resultados indicaram que, embora tenham sido detectados resíduos do pesticida em pólen e néctar, o manejo do inseticida não impactou a saúde das abelhas, permitindo um manejo sustentável entre polinização e controle de pragas.
Caso a polinização assistida fosse adotada em larga escala no Brasil, a produtividade cafeeira poderia crescer 16,5%, aumentando em 6,5 milhões de sacas, segundo dados da Conab. Assim, a produção nacional passaria para 46,1 milhões de sacas, com o valor de mercado alcançando R$ 92,919 bilhões, impactando o setor com uma elevação estimada de R$ 22,429 bilhões.
O pesquisador Cristiano Menezes, da Embrapa, destacou que a integração entre polinizadores manejados e a cafeicultura industrial representa uma oportunidade econômica significativa para o setor, promovendo uma prática sustentável e eficiente. “O uso de abelhas manejadas é uma clara oportunidade de ganho econômico, enquanto favorece uma agricultura mais sustentável”, afirmou Menezes.
A pesquisa apontou ainda a possibilidade de coexistência entre polinização e uso de defensivos agrícolas. Com acompanhamento rigoroso, os pesquisadores constataram que o manejo adequado do inseticida tiametoxam não afetou a saúde das abelhas, indicando que a prática pode ser integrada sem danos ao ecossistema, desde que sejam seguidas as recomendações técnicas.
Denise Alves, pesquisadora da Esalq/USP, enfatizou que as abelhas são fundamentais para unir produção agrícola e conservação ambiental, destacando que o manejo de polinizadores, aliado ao controle de pragas, reduz a dependência de insumos externos e promove uma agricultura mais sustentável.
A expansão da polinização assistida por abelhas representa uma oportunidade para o setor apícola. Seriam necessárias cerca de 6 milhões de colmeias de abelhas africanizadas para cobrir toda a área de café arábica no Brasil, segundo a densidade utilizada no estudo.
Para Guilherme Sousa, fundador da AgroBee, a polinização assistida tem o maior potencial produtivo sustentável da agricultura brasileira. “Além de otimizar a produção, essa prática preserva a biodiversidade e demonstra que a inovação agrícola é compatível com a sustentabilidade”, afirmou.
A adoção da polinização assistida demonstra ser uma solução vantajosa para a produção de café arábica no Brasil. A prática, além de gerar ganhos econômicos, contribui para a conservação ambiental e promove uma agricultura mais sustentável, beneficiando produtores, consumidores e o ecossistema.
Fonte: Portal do Agronegócio
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