Aquicultura e Pesca

Embrapa Cerrados Expande Suas Atividades para a Aquicultura no Brasil Central

Pesquisa e desenvolvimento da aquicultura se tornam prioridade para a unidade no Bioma Cerrado


Publicado em: 12/03/2025 às 16:00hs

Embrapa Cerrados Expande Suas Atividades para a Aquicultura no Brasil Central

A aquicultura, segmento que apresenta forte crescimento global, é agora uma das áreas de atuação da Embrapa Cerrados. Desde o início de 2025, a Unidade tem buscado parcerias estratégicas com diversas entidades para discutir ações voltadas à pesquisa, desenvolvimento e transferência de tecnologia nesse setor, no Bioma Cerrado. As primeiras iniciativas foram destacadas pelo pesquisador Luiz Eduardo Lima, que recentemente se transferiu para a Embrapa Cerrados após uma década de trabalho na Embrapa Pesca e Aquicultura (TO). Lima apresentou um panorama sobre as ações da Unidade durante palestra realizada no dia 24 de fevereiro.

O evento contou com a participação de pesquisadores e analistas da Embrapa Cerrados, além de representantes de diversas instituições, como a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), a Secretaria de Estado da Agricultura, Abastecimento e Desenvolvimento Rural do Distrito Federal (Seagri-DF), Emater-DF, Senar-DF, Federação da Agricultura e Pecuária do DF (FAPE-DF), Emater Goiás, Universidade de Brasília (UnB) e a Secretaria Municipal de Agricultura de Formosa (GO).

A Importância da Aquicultura no Cenário Global

A aquicultura é a ciência dedicada à produção controlada de organismos aquáticos, como peixes, moluscos, crustáceos, anfíbios e plantas aquáticas, com fins alimentares. O setor, altamente demandado mundialmente, tem atraído a atenção de diversos segmentos, inclusive no Distrito Federal, onde há um interesse crescente para que a Embrapa Cerrados contribua com inovações tecnológicas.

De acordo com dados da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), a produção mundial de pescados, que engloba tanto a aquicultura quanto a pesca, alcançou 185 milhões de toneladas em 2022, com um valor agregado de US$ 452 bilhões. Esse mercado é o maior em volume entre as cadeias de produção de proteína animal e representa a maior fonte de proteína consumida globalmente. Luiz Eduardo Lima destaca que, entre 1961 e 2022, o consumo de pescados cresceu, em média, 3% ao ano, superando o aumento médio de 2,7% nas proteínas terrestres.

Em 2002, a produção de aquicultura ultrapassou pela primeira vez a de pesca, devido à estagnação desta última frente aos problemas de exploração dos recursos pesqueiros. O consumo mundial de pescados chega a cerca de 20,6 kg por habitante anualmente, com uma tendência crescente de substituição da pesca tradicional por produtos da aquicultura, que são mais rastreáveis e apresentam melhor desempenho ambiental.

A produção de aquicultura em 2022 foi de aproximadamente 130 milhões de toneladas, gerando US$ 312,8 bilhões. A China lidera como maior produtora, com 53 milhões de toneladas, enquanto o Brasil ocupa a 13ª posição, com 738 mil toneladas.

O Potencial da Aquicultura Brasileira

Embora ainda representando uma parcela modesta do mercado mundial, a aquicultura no Brasil tem grande potencial de expansão. Entre 2000 e 2022, a produção nacional passou de 172 mil para 738 mil toneladas, com um valor estimado de R$ 10,2 bilhões para 2023, um crescimento de 16,6% em relação ao ano anterior.

A piscicultura de água doce, com destaque para a produção de tilápia, lidera a aquicultura brasileira. Em 2023, o Brasil produziu 655 mil toneladas de tilápia, representando 67,5% da produção nacional. A criação de camarões, por sua vez, tem apresentado crescimento significativo, com 127,5 mil toneladas produzidas em 2023.

Minas Gerais, Goiás e o Distrito Federal são estados de destaque na produção aquícola nacional. O Distrito Federal, embora seja apenas o 24º maior produtor, apresenta um consumo elevado de pescados, o terceiro maior do Brasil, com 14 kg por habitante por ano, superando a média nacional de 9 kg.

Estratégias para o Desenvolvimento da Aquicultura no Distrito Federal

Para impulsionar o setor aquícola no Distrito Federal, Luiz Eduardo Lima propôs diversas estratégias a serem discutidas com os parceiros regionais. A colaboração com entidades como Emater-DF, Seagri-DF, UnB, Senar e o Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA) pode viabilizar ações de pesquisa e desenvolvimento para a inovação tecnológica. A Embrapa Cerrados poderá contribuir com a implementação de tecnologias que aumentem a produtividade não apenas no DF, mas também em Goiás e outros estados da região.

Dentre as ações planejadas, destacam-se o envolvimento da Unidade em programas como o Alevinar & ProAqua+, iniciativas de câmara setorial e fóruns técnicos, além de participação em eventos e dias de campo para a transferência de tecnologia. A Embrapa Cerrados também pode contribuir para o levantamento de indicadores econômicos da tilápia e para a pesquisa sobre a criação de peixes em barragens de irrigação.

Além disso, a Embrapa Cerrados utilizará infraestruturas já existentes, como as da Emater-DF e da Seagri-DF, para realizar pesquisas aplicadas e melhorar a produção aquícola da região.

Aproveitamento de Coprodutos e Efluentes na Fertirrigação

Em sua palestra, Lima também abordou exemplos de pesquisas realizadas na Embrapa Pesca e Aquicultura, como o estudo sobre coprodutos agrícolas e pecuários usados na alimentação de organismos aquáticos. Outro ponto destacado foi o uso de efluentes da piscicultura na fertirrigação, uma prática que permite a integração entre a produção de pescados e a agricultura, contribuindo para a sustentabilidade ambiental e a redução do uso de fertilizantes agrícolas.

A Embrapa Cerrados, em parceria com a Codevasf, já está desenvolvendo sistemas de tanques suspensos para aproveitar efluentes em sistemas de irrigação. O uso de efluentes na aquaponia também se mostra promissor para a agricultura familiar e periurbana.

Com essas e outras iniciativas, a Embrapa Cerrados reafirma seu compromisso com a inovação tecnológica na aquicultura, visando o desenvolvimento sustentável e o aumento da produtividade do setor no Brasil Central.

Fonte: Portal do Agronegócio

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