Há dez anos, um grupo de pesquisadores e alunos da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (Uems) estudam as características do camarão pantaneiro e a viabilidade para a criação em cativeiro. Neste ano foi possível comprovar que o crustáceo é uma nova espécie. Os resultados da pesquisa foram reconhecidos pela comunidade científica, durante um congresso realizado no mês de junho, na Grécia.

O camarão recebeu o nome científico de Macrobraqui Pantanelense. A pesquisa, que é realizada em Aquidauana, a 143 quilômetros de Campo Grande, avalia o ciclo reprodutivo e o desenvolvimento do crustáceo. O objetivo é tornar viável o cultivo da espécie em cativeiro.

A pesquisa analisa ainda os custos para a criação e o potencial de comercialização do camarão pantaneiro. Na aquicultura, por exemplo, os resultados foram abaixo do esperado.

De acordo com a pesquisa, o investimento inicial para a criação gira em torno de R$ 20 mil para cada hectare de lâmina d?água. O custo operacional varia entre R$ 5 a R$ 8 para cada quilo de camarão produzido. Já o valor de venda entre R$ 15 a R$ 25 varia de acordo com o padrão do produto e tipo de mercado, no atacado ou no varejo.

Outro ponto negativo para a aquicultura é que o crustáceo chega a no máximo 6 centímetros e oferece pouca carne, o que faz com que a espécie não tenha sucesso na área de gastronomia.

No entanto, os estudos apontam que a criação do camarão pantaneiro aliada à piscicultura pode se tornar uma boa fonte de renda alternativa, já que o custo para manter o crustáceo seria praticamente zero.

"Os crustáceos podem ser criados nos mesmos tanques dos peixes e podem se alimentar das sobras de ração. O camarão come tudo, inclusive as excretas dos peixes. Dessa forma, quando ele fizer a despesca, ele acabará tirando dois produtos ao invés de um, o camarão e o peixe", explicou a doutora em Aquicultura, Liliam Hayd.

Como o camarão é um produto nobre, com excelente aceitação no mercado interno e externo, pode ser vendido diretamente para redes de supermercados, hotéis, restaurantes e lojas especializadas em pescados.

Pesquisa

Durante a pesquisa, o camarão pantaneiro foi reproduzido em laboratório e as cientistas avaliaram o desenvolvimento do crustáceo em três tipos de água: doce, salobra e do habitat natural.

A doutora explica que o sistema de reprodução adaptado pela pesquisa é simples. A temperatura da água nos aquários é controlada com um termostato e os animais recebem ração duas vezes ao dia. A água circula constantemente por um sistema de canos e mangueiras.

A pesquisadora afirma que a aposta no camarão pantaneiro pode ser viável para os produtores da região, principalmente pelo baixo custo de produção. "O nosso sistema foi feito com material reciclável, de baixo custo, e pode ser facilmente reproduzido em propriedades particulares", explicou Hayd.

Serviço:

Os interessados em saber mais sobre a pesquisa podem ligar para campus de Aquidauana da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (Uems) pelo telefone (67) 3904-2940.