Colheita acelerada pressiona preços do arroz, mas exportações podem trazer equilíbrio ao mercado

Relatório Agro Mensal do Itaú BBA aponta queda nas cotações com avanço da safra e destaca desafios para os produtores diante dos custos de produção


Publicado em: 25/04/2025 às 11:30hs

Colheita acelerada pressiona preços do arroz, mas exportações podem trazer equilíbrio ao mercado

Entrada da safra pressiona cotações em março

O avanço da colheita da safra 2024/25 de arroz no Brasil resultou em pressão sobre os preços do cereal. Segundo o relatório Agro Mensal, divulgado pela Consultoria Agro do Itaú BBA, o aumento da oferta fez com que a média de preços caísse para R$ 83 por saca em março. Com produtividade considerada boa, a colheita nacional já superava metade da área plantada nesse período.

Andamento da colheita por estados

De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), até o dia 12 de abril, 68% da área total plantada com arroz no Brasil já havia sido colhida. No Rio Grande do Sul, principal estado produtor, o índice chegou a 72%, com destaque para a Fronteira Oeste, que lidera o ritmo, enquanto a região Central segue mais atrasada. Em outros estados produtores, a colheita também está avançada: Santa Catarina (95%), Goiás (75%) e Tocantins (60%).

Produtividade e desafios climáticos

A produtividade no Rio Grande do Sul tem se mostrado satisfatória, embora haja relatos de qualidade heterogênea dos grãos e de maior percentual de grãos quebrados. Além disso, chuvas no início de abril comprometeram o ritmo da colheita, alagando algumas áreas e causando acamamento das lavouras, o que pode afetar o rendimento e a qualidade final, embora sem impactos significativos sobre o volume total produzido.

Queda de preços preocupa produtores

O aumento da oferta fez os preços do arroz recuarem de forma acentuada em março, encerrando o mês a R$ 83,11 por saca de 50 kg — uma queda de 13,6% em relação a fevereiro. Em abril, até o dia 15, a média foi de R$ 76,43/sc. O cenário acende o alerta entre os produtores, que veem as cotações se aproximarem dos custos de produção. Segundo o Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), o custo variável da safra 2023/24 foi estimado em R$ 76/sc, enquanto o custo total atingiu R$ 99/sc. Embora a produtividade maior da atual safra possa aliviar os custos por unidade, os níveis de preço seguem preocupantes.

Exportações são essenciais para o equilíbrio do mercado

Apesar de alguns embarques terem sido registrados — como arroz em casca para México e Venezuela, e arroz quebrado para o Senegal — o volume exportado ficou abaixo do esperado, o que compromete o escoamento da produção interna. O relatório do Itaú BBA destaca que as exportações continuam sendo fundamentais para equilibrar a oferta e a demanda do mercado nacional.

Estabilização e contratos de opção

O mercado caminha para uma possível estabilização dos preços, com a expectativa de que se forme um piso em abril, impulsionado por negociações de exportação. A Conab, por sua vez, revisou para cima a estimativa de produção nacional, agora projetada em 12,1 milhões de toneladas — 14% acima da safra anterior, impulsionada por maior área plantada e boa produtividade. A estatal também anunciou a antecipação dos Contratos de Opção de Venda (COV) para o fim de abril, oferecendo R$ 82,85 por saca aos produtores gaúchos — valor superior ao mercado atual.

Exportações à Costa Rica e janela estratégica

Há expectativa de exportação de mais de 200 mil toneladas de arroz brasileiro para a Costa Rica entre abril e junho, conforme a Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz). Esse escoamento deve ocorrer até julho, já que, no segundo semestre, o início da colheita nos Estados Unidos aumenta a concorrência no mercado internacional.

Cenário internacional e guerra comercial

No plano externo, a indefinição quanto aos desdobramentos da guerra comercial global segue impactando o setor. A eventual definição de tarifas pode abrir oportunidades para o arroz brasileiro em mercados como México e Canadá. O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) elevou as estimativas de produção global para 2024/25, o que indica um aumento nos estoques finais e um balanço mais confortável. Contudo, esse cenário tende a manter os preços internacionais pressionados pela maior disponibilidade do grão.

Conclusão

Com uma safra robusta, o mercado de arroz brasileiro enfrenta uma queda acentuada nos preços, ao mesmo tempo em que se vê diante do desafio de manter a rentabilidade do produtor. As exportações emergem como ferramenta essencial para aliviar a pressão sobre os preços e buscar um novo equilíbrio, num contexto em que as variáveis internacionais também influenciam as estratégias nacionais.

Fonte: Portal do Agronegócio

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