Um levantamento realizado recentemente pela Embrapa com as principais indústrias produtoras de sementes que atuam no Brasil apontou um crescimento de 30% no mercado de sementes tratadas industrialmente. Na safra 2014/15 foram tratadas pelas 16 grandes empresas que fizeram parte da pesquisa 226 mil sacas de soja de 40 quilos cada uma, contra 176 mil sacas produzidas e comercializadas no ciclo 2013/14.

Para o próximo período, 2015/16, a Embrapa estima que o volume de sementes tratadas pelo setor industrial cresça em torno de 40%. José de Barros França Neto, presidente da Associação Brasileira de Tecnologia de Sementes (Abrates), que também é pesquisador da Embrapa, avalia que dos 95% das sementes de soja tratadas em cada ciclo, 40% são preparadas pelo setor industrial. Os números foram apresentados ontem durante o 18º Congresso Brasileiro de Sementes, que acontece em Foz do Iguaçu.

Segundo França Neto, a aquisição de sementes tratadas pela indústria é crescente no País porque o custo de uma semente já pronta para ser plantada fica praticamente equivalente ao de uma semente que recebe o tratamento dentro da fazenda. Segundo ele, hoje há muitas empresas que oferecem grãos tratados a um custo acessível. "Ao receber uma semente tratada, o produtor evita possíveis erros que podem ser cometidos durante o tratamento feito dentro da fazenda", salienta. Um deles, destaca o especialista, é errar a dosagem de produtos que irão encobrir o grão.

Contudo, salienta França Neto, o produtor precisa ficar atento para não adquirir pacotes fechados, de sementes que já vêm com uma determinada quantidade estabelecida de produtos, seja com fungicidas ou inseticidas. Ele explica que cada área possui uma necessidade. "O tratamento deve ser personalizado, com o devido acompanhamento técnico", explica. Outra dica dada pelo especialista é que o agricultor sempre deve comprar semente de empresas idôneas e recorrer constantemente a um técnico de campo.

Com o tratamento de sementes, França Neto salienta que as variedades ficam mais protegidas de fungos de solo, fungos de sementes, nematoides, entre outras moléstias. Ele lembra que toda semente beneficiada necessita, por lei, ter uma cor diferenciada do grão original. A coloração da semente varia de acordo com a empresa beneficiadora ou do produto químico e corante utilizados. O especialista completa que é terminantemente proibido misturar sementes beneficiadas com os grãos comuns, já que elas estão carregadas com produtos químicos.

Produção

Siegfrid Baumann, gerente de marketing SeedGrouth da Bayer CropSciense, explica que não há sentido comprar uma boa semente e deixá-la exposta no campo. Depois do plantio, o especialista alerta que sempre há a possibilidade de aparecer alguma praga ou doença. "Existem sementes que até mesmo podem ser plantadas já doentes", destaca Baumann.

Ele salienta que, em parceria com as revendedoras, a empresa presta todo o apoio técnico aos agricultores. "As demandas de cada produtor é diferente", reforça o gerente da Bayer, que ressalta a importância da individualidade de cada área. Ele alerta que é de extrema importância que o produtor planeje as compras das sementes para que, além de atenderem às necessidades de sua área, não haja sobras.

"É importante fazer o planejamento para que não sobre semente. Para isso, recomendamos que o produtor nunca compre tudo de uma vez." Baumann afirma que o ideal é deixar 20% da área a ser semeada para comprar as sementes de forma escalonada e que as sobras devem ser destruídas. Para isso, há empresas especializadas em todo o Brasil. "Os nossos multiplicadores ajudam nesse trabalho de orientação", completa o gerente da Bayer.

Ronaldo Larini, gerente de marketing da Incotec, empresa produtora de sementes sediada em Holambra (SP), afirma que o uso de sementes tratadas também otimiza o processo produtivo, além de poder reduzir em até 80% da contaminação do solo, elevar a plantabilidade e a segurança de pessoas que faziam antes o tratamento na propriedade.