Publicado em: 25/11/2016 às 16:15hs
Também avançou a análise de cana-de-açúcar geneticamente modificada resistente a insetos.
A Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) aprovou, na quinta-feira (10), em Brasília, a liberação para uso comercial de uma espécie cisgênica de levedura capaz de aumentar a produtividade do etanol utilizando a mesma quantidade de matéria-prima. Diferentemente dos transgênicos, os organismos geneticamente modificados (OGMs) chamados cisgênicos induzem alterações em laboratório resultando em combinações entre a mesma espécie, ou seja, não é utilizado gene ou fragmento de DNA de outra espécie na mutação genética, como ocorre com os transgênicos.
"Não se trata de um transgênico, porque não recebeu nenhum gene de outro organismo que não da própria espécie chamada Saccharomyces cerevisae. O que a empresa fez foi o seguinte: a cana-de-açúcar possui dois genes, sendo que um foi retirado da planta. Os pesquisadores, então, aumentaram a quantidade do outro gene. Com isso, fez-se uma alteração na função dos componentes da espécie, mas sem introduzir um novo gene", esclareceu a relatora Patrícia Machado Bueno, professora da área de biotecnologia da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes).
"Eles alcançaram dois ganhos com essa medida: diminuíram a produção de glicerol, que é um subproduto não desejado, e aumentaram a de etanol combustível a partir de cana-de-açúcar fazendo uso da mesma quantidade de matéria-prima", acrescentou.
Também avançou na CTNBio a análise do processo que pede a liberação comercial de um tipo de cana-de-açúcar geneticamente modificada resistente a insetos. O pedido, aprovado pela Setorial Humana Animal, ainda precisa ser apreciado pela Setorial Vegetal Ambiental. Se for aprovado, será votado por todos os membros do colegiado, o que deve ocorrer em 2017.
"Nós da Setorial Humana Animal entendemos que os resultados apresentados são benéficos e não existe nenhum perigo para a saúde humana ou animal. Agora, precisa ser aprovado pela setorial Vegetal Ambiental. A tecnologia que a empresa utilizou na produção desse tipo de cana vem sendo aplicada há 20 anos em milho, soja e algodão, em vários países do mundo, inclusive o Brasil", afirmou o professor de patologia clínica da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Aníbal Eugênio Vercesi, membro titular da CTNBio.
De acordo com ele, a espécie traz inúmeras vantagens, dentre elas, a redução do uso de defensivos agrícolas nas culturas da espécie. "Essa cana é resistente a insetos, como a uma lagarta que entra na planta e, além de digerir a cana e reduzir sua produtividade, também contribui para a formação de um fenol [função orgânica de determinadas espécies que pode ser tóxica para o ser humano e os animais] de coloração vermelha que altera a qualidade do açúcar. Para se eliminar essa lagarta é necessária a utilização de outros compostos químicos, ou seja, com esse OGM o uso de defensivos fica reduzido", ressaltou.
Comissão permanente
O colegiado também aprovou a liberação comercial de um tipo de microrganismo geneticamente modificado chamado Prothoteca moriformis e seus derivados para utilização em óleos renováveis e bioprodutos.
Ao avaliar e aprovar a liberação comercial de um produto, a CTNBio elabora um parecer que examina o risco associado ao OGM no que se refere à biossegurança para o uso proposto. Em seguida, a empresa solicitante precisa requerer ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) a autorização e o registro do item a ser comercializado.
Fonte: Assessoria de Comunicação do MCTIC
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