Publicado em: 18/09/2017 às 14:40hs
Como os empreendedores do setor apícola podem lidar com os desafios diários do negócio, que exigem muitas vezes soluções rápidas, sem gastar muitos recursos e perder competitividade? Uma técnica que é bastante utilizada em outros segmentos da economia - e que pode muito bem ser aplicada pelos apicultores - é o benchmarking, termo em inglês que representa um processo contínuo, que compara produtos, serviços e práticas entre concorrentes e empresas líderes, com o objetivo de entender as melhores práticas de mercado e, a partir dessas referências, ajudar os empresários na tomada de decisões estratégicas. Esta técnica é explicada em detalhes em recente relatório produzido pelo Sistema de Inteligência Setorial (SIS) do Sebrae, que também destaca como alguns pequenos empresários do setor no país descobriram novas formas de aumentar a receita e desenvolver novos produtos.
É bom reforçar que o benchmarking não significa copiar ou imitar um concorrente, ou um processo. Este processo na verdade é uma forma de investigar como outras empresas atuam e como elas respondem a determinadas demandas do mercado, e o resultado são informações que geram aprendizado a partir de práticas consolidadas. Entre as vantagens que um bom trabalho de benchmarking traz para a empresa estão: melhoria da qualidade organizacional, que ajude a ampliar a margem de lucro e a produtividade; aprendizado com os líderes de mercado; identificação de práticas e processos que podem ser melhorados na empresa; exposição dos profissionais a novas ideias; desenvolvimento de uma visão mais ampla sobre o mercado para os gestores da empresa.
Mas como iniciar um processo de benchmarking no setor apícola?
O primeiro passo é o planejamento: identifique um ponto de sua empresa ou de seu processo produtivo que precisa ser aprimorado. O benchmarking deve ser a resposta para um desafio, a uma necessidade da empresa para ganhar competitividade. Portanto, defina desde o início que indicador será medido, quais as pessoas na empresa que estarão envolvidas e como serão coletadas as informações, que é o passo seguinte. Procure as empresas de excelência do seu mercado e faça uma pesquisa sobre os pontos fortes, melhores práticas e também lacunas de desempenho para identificar oportunidades de como competir com estas líderes. Neste momento, podem ser firmados parcerias e convênios com as empresas estudadas, para facilitar o processo.
Depois que os dados forem coletados, é preciso fazer uma análise minuciosa, que vai gerar propostas de melhoria de processos, produtos e práticas da empresa, com foco na melhoria de resultados econômicos, financeiros ou comerciais. Com base no que foi identificado na etapa de análise, parte-se então para a proposta de ações para melhoria de desempenho. Uma boa dica é usar a ferramenta 5W2h para o planejamento das ações: trata-se de um checklist de atividades, ao levantar informações como atividades, prazos, responsáveis, etc. Diante desse direcionamento, fica mais claro e eficiente obter aprovação da solução, implementar e fazer constantemente a verificação e atualização do plano.
Na prática: apicultores ampliam vendas com estudo de mercado
O apicultor Joaz Ferreira da Silva, de Ceará Mirim, do Rio Grande do Norte, produzia apenas mel e gerava cerca de R$ 3 mil por ano. Em busca de novas ideias para melhorar o rendimento, ele visitou algumas propriedades nos estados de Alagoas e Sergipe e percebeu, conhecendo estas empresas, que apenas produzir mel não seria a solução. A partir de então, passou a descobrir e estudar um método de retirada do veneno da abelha guerreira que era praticada em países como China e Rússia. Foi assim que ele desenvolveu um coletor de plástico com eletrodos inédito no país que passou a vender por R$ 1,6 mil, junto com outros produtos como favo de mel em copota. A estratégia fez seu faturamento saltar para R$ 50 mil por ano.
Outro caso de sucesso é do produtor Arimar Cordeiro Couto, que atua como apicultor há 40 anos e se profissionalizou há duas décadas. Experiente no mercado, ele notou que as vendas caiam muito entre o final do ano até meados de março. Diante desse cenário, ele teve a ideia de criar brindes corporativos, que seriam o carro-chefe da sua produção neste período de baixa. Ele criou a marca Brinde Mel oferecendo potes personalizados para as empresas customizarem os kits, além de outros produtos como pães de mel, granola, torrada e pólen. A demanda foi mais alta do que imaginava e ele passou a vender os produtos em várias outras épocas do ano, como Páscoa, dia dos Namorados e também para eventos corporativos. Com o crescimento, ele contratou uma empresa de marketing e se associou a outros produtores.
Fonte: Dialetto
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