Mesmo com o avanço de sistemas de produção mais intensivos, os preços do leite e de seus derivados continuam sustentados no Brasil. A entressafra, ao reduzir a oferta de matéria-prima nas principais regiões produtoras, tem sido o principal fator de contenção da oferta e de manutenção das cotações.

Dados dos Conseleites estaduais apontam para novas elevações nos valores de pagamento referentes ao leite entregue em março. No entanto, o ritmo de alta é mais moderado em comparação ao mês anterior. Em Minas Gerais, destaque no período, o valor de referência subiu 2,9%. Já nos demais estados, os reajustes foram mais tímidos, refletindo uma desaceleração na valorização dos derivados lácteos.

Apesar da firmeza dos preços, o cenário macroeconômico liga o sinal de alerta no setor. A combinação de inflação elevada, juros altos e um Produto Interno Bruto (PIB) aquém das expectativas impõe cautela ao mercado. A guerra tarifária internacional também contribui para um ambiente de incertezas.

Entre os reflexos já observados está o avanço da inflação dos produtos lácteos ao consumidor, que se aproxima de 10%. Esse encarecimento pode afetar negativamente o consumo nos próximos meses, sobretudo em um contexto de restrição de renda para grande parte da população.

Enquanto a entressafra continua sustentando os preços, o setor acompanha de perto os desdobramentos da economia brasileira e internacional — fatores que devem exercer forte influência sobre a demanda e as cotações ao longo de 2025.