Publicado em: 24/09/2013 às 16:00hs
O pessimismo inicial não se confirmou, e os produtos obtiveram preços remuneradores nos anos seguintes. Seca e apetite chinês ajudaram a manter as commodities em patamares elevados.
Previsões nesse setor são sempre arriscadas, uma vez que uma série de fatores interfere na produção. Há um consenso, no entanto, sobre a ideia de que os estoques mundiais estão se recompondo e os preços deverão cair.
As previsões mais pessimistas já indicam milho abaixo de US$ 3 por bushel em três anos. Ontem estava a US$ 4,5 em Chicago. A soja recuaria para US$ 7.
Preocupada com os períodos de instabilidades, parte dos produtores dos EUA elevou em 63 milhões de toneladas o potencial de armazenagem de grãos nas suas propriedades desde 2008. Esse volume representa 75% da safra de soja que deverá ser colhida neste ano.
John Wilson, fazendeiro de Ohio e que planta 1.600 hectares, diz que o produtor tem de ter controle de seu produto. O avanço da produção mundial tornou o mercado incerto na hora de vender.
Pode haver quebra, mas também excesso de produto. Além disso, outros fatores externos às lavouras interferem. O produtor deve ter o poder de decisão da venda no melhor momento, segundo ele.
O que vale para os preços dos produtores nos Estados Unidos vale também para os do Brasil, que, mesmo com o anúncio de incentivos do governo em armazenagem, poderão ter dificuldade para investir a partir de agora se houver queda dos preços.
Carlos Fávaro, presidente da Aprosoja (associação de produtores de Mato Grosso), concorda com Wilson. Ele acredita que o produtor brasileiro deveria ter aumentado a capacidade de armazenagem neste período de boa remuneração das commodities.
"Muitos optaram por mais terra e mais colheitadeiras, mas sem armazenagem o produtor pode perder o mando de seus negócios", disse no evento Caminhos da Safra, da revista "Globo Rural".
Para Fávaro, a armazenagem não está muito no perfil do produtor brasileiro, mas é hora de ele começar a investir. "O produtor deveria manter parte da produção para a comercializar mais tarde."
Felix Schouchana, especialista no setor de grãos, coloca um contraponto nessa discussão. Se é tão bom ter um maior volume de estocagem nas fazendas, por que o produtor não investe?
Schouchana montou duas tabelas com os preços do milho no mercado futuro desde março. Uma com os preços da BM&FBovespa e outra com os preços que deveriam ocorrer para que os custos de armazenagem e de seguro fossem remunerados.
Para ele, produtores, intermediários e tradings não investem muito em armazenagem no Brasil porque o mercado futuro não remunera esses custos.
Outra razão que ajuda a explicar o baixo investimento em armazéns nas fazendas é que nos últimos anos a taxa de juros básica da economia brasileira tem sido elevada.
É melhor vender logo, pagar as dívidas e investir o dinheiro, em vez de esperar para vender o produto no futuro, acrescenta ele.
Encontro A necessidade de regulamentação de tecnologias na parte de defesa agrícola e as barreiras internacionais estiveram entre os temas de encontro entre Marc Reichardt, da Bayer CropScience, e 70 empresários do setor agropecuário.
Carnes A bovina continua tendo o melhor desempenho no setor em volume exportado. Houve elevação de 13% na média diária das vendas externas deste mês em relação a setembro de 2012.
Em queda Já as médias diárias de exportações das carnes de frango e suína são menores neste ano. A compensação do setor são os preços mais elevados no ano.
Fonte: Folha São Paulo
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