Publicado em: 06/12/2024 às 11:30hs
Na última semana de novembro, o mercado global de açúcar registrou uma desaceleração nos preços, influenciado por fundamentos pouco alterados e pelo feriado de Ação de Graças nos Estados Unidos, que limitou as negociações. No Brasil, fatores como o início da entressafra, a desvalorização do real e projeções de safra impactaram a dinâmica do setor.
Segundo a Conab, a produção brasileira de cana-de-açúcar na safra 2024/2025 deve alcançar 616 milhões de toneladas, um volume superior à estimativa de 610 milhões de toneladas da Hedgepoint Global Markets, mas ainda afetado por uma redução de 4,8% na produtividade. Essa queda é atribuída a condições climáticas adversas, como baixa precipitação e temperaturas elevadas no Centro-Sul, região que concentra 91% da produção nacional.
Para o açúcar, a Conab projeta uma produção de 40,3 milhões de toneladas, acima da média de mercado de 39,5 milhões de toneladas. Apesar disso, a superação do preço de 22 centavos por libra-peso enfrenta desafios, conforme explica Lívea Coda, analista de Açúcar e Etanol da Hedgepoint: “A combinação de menor produtividade e aumento da área colhida ainda não compensa plenamente as perdas climáticas”.
O relatório da Unica indicou o início da entressafra no Centro-Sul, com redução na moagem de cana e no mix de açúcar e ATR (Açúcar Total Recuperável). Esse cenário sugere uma oferta mais restrita no curto prazo, contribuindo para um viés de alta nos preços.
Contudo, tanto a Conab quanto a Unica apresentaram dados considerados previsíveis, mantendo os preços estáveis devido à ausência de surpresas significativas no mercado.
A desvalorização do real frente ao dólar, que alcançou a marca de R$ 6, adiciona um novo componente à dinâmica do mercado. Essa desvalorização, impulsionada por um programa fiscal mais brando e pela isenção de Imposto de Renda para salários até R$ 5 mil, teve impactos no mercado financeiro, com o índice Bovespa atingindo seu menor nível em cinco meses.
Para o açúcar, o real desvalorizado estimula as exportações, favorecendo a competitividade do produto brasileiro no mercado global. Contudo, com o volume limitado devido à entressafra, a oferta adicional ao mercado externo é restrita, e a possibilidade de novos contratos para a safra 2025/2026 começa a ganhar espaço.
No mercado interno, a valorização do dólar e a pressão inflacionária tornam a venda no Brasil menos atraente para os produtores. Essa dinâmica pode sustentar os preços do açúcar cristal em níveis elevados, como destaca Coda: “O impacto da desvalorização do real favorece a exportação, mas cria uma tendência inflacionária no mercado doméstico”.
O mercado de açúcar deve permanecer atento ao contexto econômico global, especialmente à força do dólar, que continua pressionando commodities para baixo. No Brasil, as políticas fiscais e cambiais também desempenharão um papel fundamental na definição dos preços, tanto no mercado interno quanto externo.
Com a oferta global mais ajustada e os desafios climáticos no Brasil, os próximos meses serão determinantes para o equilíbrio entre oferta e demanda no setor sucroenergético.
Fonte: Portal do Agronegócio
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