Publicado em: 24/02/2025 às 11:45hs
A escalada dos preços dos alimentos no Brasil vem se intensificando desde 2020, impulsionada por fatores como a pandemia, flutuações cambiais, crises climáticas e altos custos globais. A interrupção das cadeias de suprimentos e eventos climáticos extremos, como secas e chuvas intensas, reduziram a oferta e pressionaram os preços de itens essenciais, como arroz e feijão.
Nos últimos cinco anos, a alimentação domiciliar registrou um aumento de 55% nos preços, superando significativamente a inflação geral, que foi de 33% no período, de acordo com o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
Além do impacto financeiro, essa alta reflete em uma mudança no consumo desses alimentos. Dados da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) indicam que, nas últimas décadas, o consumo per capita de arroz e feijão caiu consideravelmente. Em 1985, o brasileiro consumia, em média, mais de 40 kg de arroz e 19 kg de feijão por ano. Já em 2023, essa média caiu para 29,2 kg e 12,8 kg, respectivamente, evidenciando uma tendência de redução no consumo desses alimentos tradicionais.
A Real Cestas, empresa que atua há mais de 20 anos no segmento de cestas básicas, observa que essa queda no consumo está atrelada a fatores culturais, como o aumento da demanda por alimentos industrializados e a falta de tempo para o preparo de refeições caseiras. No entanto, a companhia destaca que a principal razão está na perda do poder de compra da população.
“Com a alta nos preços do arroz e do feijão, muitas famílias passaram a reduzir a quantidade desses itens na alimentação, o que não deveria ocorrer, pois são alimentos de grande importância nutricional. Esse aumento impacta diretamente os orçamentos domésticos, sobretudo entre aqueles de menor renda, que dependem desses itens básicos em sua dieta diária”, afirma Gustavo Defendi, diretor da Real Cestas, empresa que comercializa mais de 100 mil cestas básicas por mês.
Para enfrentar esse cenário, a empresa adotou medidas estratégicas, ampliando o mix de produtos disponíveis aos clientes, de forma a oferecer opções mais acessíveis.
“Temos marcas mais econômicas e embalagens em tamanhos diferenciados. Um exemplo é a adaptação das cestas básicas, que antes continham um pacote de 10 kg de arroz e passaram a contar com uma combinação de um pacote de 5 kg e dois de 1 kg. Dessa forma, buscamos equilibrar a oferta de produtos com a realidade econômica, garantindo que as cestas permaneçam acessíveis sem perder seu valor nutricional”, explica Defendi.
Apesar da expectativa de maior disponibilidade de arroz e feijão no mercado interno em 2025, a Real Cestas alerta para os impactos que a reforma tributária pode ter sobre os preços dos alimentos. A unificação de impostos e as mudanças na carga tributária podem afetar diretamente a produção e comercialização desses itens essenciais.
“A reforma tributária pode elevar os custos para produtores e distribuidores, especialmente se houver incidência de novos tributos sobre insumos agrícolas, transporte e processamento. Esses acréscimos tendem a ser repassados ao consumidor, encarecendo produtos básicos. Além disso, a possível extinção de benefícios fiscais específicos para o setor pode reduzir ainda mais a competitividade dos alimentos no mercado interno”, avalia o diretor da empresa.
Diante desse cenário, Defendi ressalta a importância de políticas públicas eficazes e do incentivo à produção agrícola sustentável como forma de garantir a segurança alimentar no país.
“Precisamos assegurar que as futuras gerações tenham acesso aos mesmos recursos que temos hoje. Sem medidas concretas do governo, a produção agrícola e a alimentação de milhões de brasileiros ficarão cada vez mais comprometidas”, conclui.
Fonte: Portal do Agronegócio
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