Publicado em: 27/11/2024 às 11:05hs
O Governo Federal anunciou a destinação de R$ 4,5 bilhões para o programa Rotas de Integração Sul-Americana (Rota), que visa estabelecer novas rotas logísticas para facilitar o comércio entre os países da América do Sul e ampliar as conexões com o Pacífico. A informação foi compartilhada pela ministra do Planejamento, Simone Tebet, que participou de reunião com representantes do Brasil e da China na última quarta-feira.
Embora não estivesse inicialmente escalada para falar, Tebet foi chamada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva após o pedido do presidente chinês Xi Jinping, que destacou o potencial de parcerias nas áreas de tecnologia e infraestrutura, com ênfase na construção de uma ferrovia ligando os oceanos Atlântico e Pacífico, passando pelo Centro-Oeste brasileiro.
Em sua fala, a ministra explicou que o programa Rotas conta com recursos destinados à melhoria das ligações rodoviárias e hidroviárias, mas ressaltou a necessidade de parcerias internacionais para a construção de novas ferrovias. Segundo Tebet, as ferrovias não foram incluídas no projeto inicial para evitar a percepção de que o programa dependesse delas. “Optamos por não incluir ferrovias no projeto inicial para garantir que as rotas logísticas fossem vistas como um processo de longo prazo, sem vinculação imediata com a infraestrutura ferroviária”, explicou ao Valor.
O programa abrange 190 obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) e será financiado com recursos do orçamento federal de 2025. Entre as principais parcerias internacionais está a China, que, em 60 dias, definirá projetos específicos de colaboração, com foco na ferrovia bioceânica e na infraestrutura logística para o transporte de grãos brasileiros ao porto de Chancay, no Peru.
Além disso, o Brasil está em negociações com organismos multilaterais e instituições financeiras como o Banco do Brics e o Fonplata para garantir mais recursos para o programa. A ponte binacional Brasil-Bolívia, uma das obras mais emblemáticas da Rota, também está em fase de execução e será integrada à Rota 3, a Quadrante Rondon, que ligará o Centro e Norte do Brasil aos portos no Peru e no Chile.
Outras obras em andamento incluem a construção de uma rodovia no Paraguai que levará à ponte binacional em Porto Murtinho (MS), com conclusão prevista para outubro de 2025. “Essa obra é essencial para melhorar o fluxo logístico e reduzir os custos de transporte na região, além de não impactar negativamente o Pantanal”, destacou João Villaverde, secretário de Articulação Institucional do Ministério do Planejamento.
O programa Rotas visa também reduzir as barreiras logísticas enfrentadas pelos países da América Latina e Caribe, atualmente com um comércio intra-regional muito abaixo de sua capacidade. O Brasil exportou cerca de US$ 43 bilhões para a América do Sul em 2023, representando apenas 12,6% de suas exportações totais, e importa cerca de US$ 28 bilhões da região.
A ministra Simone Tebet avaliou que o momento é oportuno para impulsionar a integração regional e a busca por rotas alternativas. “Estamos no lugar certo, na hora certa. O mercado asiático se tornou cada vez mais relevante para a balança comercial brasileira, e a demanda por rotas para o Pacífico é uma tendência natural”, afirmou.
Fonte: Portal do Agronegócio
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