Logística e Transporte

Comércio exterior deve ser a principal alavanca na recuperação da economia brasileira

O Brasil tem recursos naturais, terras disponíveis, clima bom e variado, produtores e empresários capacitados, mas não nos desenvolveremos sozinhos. Sem as trocas comerciais, tecnologias, insumos, financiamentos e investidores estrangeiros continuaremos onde estamos


Publicado em: 29/07/2020 às 19:40hs

Comércio exterior deve ser a principal alavanca na recuperação da economia brasileira

O Brasil e a Bahia são fechados, com taxa de internacionalização de 20%, sendo que países desenvolvidos estão acima de 50%. Somos a 8ª economia do mundo, mas no ranking de comércio internacional ocupamos a 28ª posição. Há 15 anos Brasil e China respondiam por 1%, cada, do montante do comércio mundial. Hoje, o Brasil continua com seu 1% e a China com 15%. Além disso, nossas vendas estão concentradas em poucas empresas, destinos e produtos. É preciso diversificar e verticalizar as cadeias produtivas para agregar valor aos nossos produtos. Para esta verticalização são necessários investimentos em máquinas, insumos e tecnologias; mas nossa poupança pública e privada não são suficientes. Por isso precisamos buscar estes recursos com investidores e financiadores estrangeiros.

De acordo com uma pesquisa da CNI sobre o impacto da crise da covid-19 em relação às exportações, comparando o período de janeiro a junho de 2019 e 2020, 57% das empresas foram afetadas; 32% não sofreram impacto e 8% tiveram crescimento nas suas vendas. Entre os setores que cresceram, podemos citar o de base florestal, principalmente porque houve aumento na demanda por produtos essenciais e o segmento é fabricante de papéis para fins sanitários, e de celulose e papel que estão presentes em embalagens (alimentos, remédios e produtos de limpeza) e material hospitalar (máscaras cirúrgicas, vestimentas, colchões etc.).

Neste mesmo período, as exportações brasileiras caíram 6% e as importações tiveram queda de 5%. Nossas vendas para os EUA tiveram redução de 32%; para a Europa 11% e de 25% para a América do Sul. Já as exportações para a Ásia cresceram 9% no mesmo período, sendo que para a China teve aumento de 15%. Devemos lembrar que o continente é responsável por 53% do total das vendas da Bahia e que a Ásia não é apenas China. É também Índia, Indonésia… As vendas da Bahia tiveram uma queda de 9% e redução de 31% nas importações. Ou seja, na balança comercial o panorama não foi tão negativo e o setor florestal mais uma vez contribuiu para isso. O segmento é exportador líquido, pois praticamente não importa – diferentemente de outros setores que precisam importar também -, e nos últimos anos vem se consolidando sempre nos primeiros lugares no ranking estadual das exportações.

Neste cenário, vamos dar atenção aos países que estão crescendo e que vão continuar precisando de produtos da Bahia, do Brasil. Não dá pra entender o ataque que a China sofre. Por que jogamos pedra nesta nova “Geni”? Na retomada de crescimento, alguns países vão optar por abrir suas economias e devemos segui-los. Quanto aos demais (aqueles que não abrirem), precisamos ter preço e qualidade para vencer o protecionismo. Além disso, na discussão em torno de manufaturados x produtos básicos, devemos lembrar que eles são complementares e ambos usam avançada tecnologia. Carne é pecuária; minério é terra; calçado é couro; indústria têxtil é algodão…

Vamos exportar mais para ter saldo e podermos fazer o necessário. O setor de comércio exterior brasileiro quer – e precisa – de maior facilitação, agilidade, simplificação, redução de tarifas, desoneração de custos e impostos, menos burocracia, mais reformas no Congresso e infraestrutura para termos maior competitividade dos nossos produtos. Precisamos de menos política e mais negócios!

É preciso ainda relevar aspectos políticos, culturais e até religiosos dos nossos parceiros comerciais, como o Irã, a Índia, a Rússia, a China, os países árabes, judeus etc., pois precisamos vender mais e atrair investidores e financiamentos. O “novo novo” não vai ser tão diferente assim. A globalização diminuiu, mas voltará a crescer. E já podemos perceber dois efeitos fortes com esta pandemia: o crescimento do mundo digital e tecnológico e o desenvolvimento da pauta do mundo verde (meio ambiente e clima). Ou seja, as oportunidades estão aí, vão ser retomadas e o Brasil precisa estar atento a todos este movimento para não continuar parado, fechado e aquém da posição que poderia já estar ocupando.

Empresário e economista com vasta experiência nas áreas de fusões e aquisições empresariais, relações internacionais e comércio exterior, indústria e agronegócio, Wilson Andrade tem presidido várias entidades setoriais no Brasil e exterior. Desde 2011 tem se dedicado também ao setor florestal, na diretoria da Associação Baiana das Empresas de Base Florestal (ABAF), a qual participa de mais de 40 diferentes fóruns estaduais e nacionais, onde ocorre uma constante troca de informações e experiências que contribuem para a formulação de políticas públicas e privadas para o desenvolvimento contínuo e sustentável das atividades florestais.

Fonte: CELULOSE ONLINE

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