Publicado em: 03/12/2012 às 19:10hs
Cobra melhor desempenho das ações, com necessidade de urgência de revisão sobre pontos como logística e modais de transporte. Ele ressalta a importância dos projetos sociais, com meta de instituir avanços sobre programas voltados aos trabalhadores do meio. A análise sobre o cenário da produção no país exprime insatisfação de Rui desde questões como parcos subsídios, à performance da classe política.
O olhar analítico se estende para a Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema), pasta que na opinião dele é um “entrave” ao progresso. Nesta entrevista para A Gazeta, também avalia sua possível participação nas eleições de 2014 como filiado ao PSD. Natural de Campo Grande (MS), Rui Prado é formado em medicina veterinária pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS). Integra série de representações do agronegócio como o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) e Conselho Deliberativo do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural de Mato Grosso (Senar).
O senhor faz parte do Conselho Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social. Como analisa as ações que estão sendo desenvolvidas mais especificamente para Mato Grosso?
É um Conselho ligado diretamente à presidente Dilma, à Presidência da República, e portanto é muito importante. Esse conselho é composto de 90 membros, dos quais só 2 são da agropecuária brasileira. Esse Conselho dá opinião no direcionamento das políticas públicas e dentro dele temos grupos de trabalho, dos quais vou citar 2 que são muito importantes, que são relacionados à educação e à logística. Com relação à educação, a gente deve provocar a discussão com relação às pessoas que têm em torno de 40 anos, que precisam de qualificação no meio rural e que não têm acesso ao ensino, ao conhecimento. Então nos acreditamos que o governo precisa fazer um investimento forte nisso. Hoje temos o sistema “S” através do Senar, que procura trabalhar com a capacitação de pessoas.
Como está a evolução das ações?
Em Mato Grosso nós precisaremos ter em 2020 em torno de 1 milhão de pessoas qualificadas no campo.
É um quadro mais pontual no Estado se comparado a outras unidades federativas?
É um problema grave nos estados que estão em desenvolvimento, com sua economia em franca atividade, como é o caso de Mato Grosso, que cresce aos patamares da China. Então não temos gente suficiente para exercer os trabalhos e não temos gente qualificada, mas é um problema nacional. Esse será nosso foco no que se refere ao trabalho da Educação.
E em relação à logística, que é um dos sérios problemas de Mato Grosso?
Nesse grupo de trabalho, logística, é assunto nosso também no Estado. O Brasil está crescendo, a sua produção vem batendo recordes todos os anos, já somos o 4º produtor mundial de produção agropecuária. Logo mais alcançaremos a Índia, que é o 3º colocado, e não temos como escoar essa produção. As pessoas não têm como ir e vir de uma maneira segura e esse é um ponto importante da logística, não só o aspecto de carga, mas também das pessoas. Na medida em que as estradas estão lotadas de caminhões, se compromete a segurança das pessoas.
Existe uma perda muito grande também sobre a carga através do transporte rodoviário...
Existe uma perda dos produtos, mas gosto de lembrar que o principal capital são as pessoas, são os seres humanos. Os acidentes no Brasil relacionados a ir e vir são muito maiores do que em qualquer país do mundo. Então precisamos olhar para isso com muita responsabilidade. O Brasil precisa investir no Centro-Oeste, nas áreas de produção, para fazer com que haja todos os modais de transporte. Nós defendemos mais modais, mais estradas pavimentadas, rodovias, hidrovias, ferrovias, então o Brasil precisa fazer esse investimento, que traz retorno responsável. Na medida que o Brasil cresce há mais geração de emprego, há mais superávit na balança comercial. É um Conselho Econômico e Social. Uma coisa tem de estar acompanhada da outra.
Temos um governo do Estado que em tese é alinhado com o governo federal, tendo em vista o PMDB. O que está faltando para ter uma resposta mais rápida?
Está faltando vontade política. A presidente tem nesse momento a vontade política, mas falta um comprometimento maior da classe política brasileira e inclusive mato-grossense, porque nós temos estradas federais, estaduais e municipais. Nós temos de priorizar os corredores de exportação. Por exemplo, a BR-163 precisa ser concluída. Nós esperamos que isso aconteça no máximo em 2014 e a previsão era 2013. Esse corredor de exportação vai virar o Brasil de cabeça para baixo. Tem um grande potencial de as mercadorias saírem pela 163 desafogando o eixo Sul e Sudeste. Nós temos a Fico, Ferrovia do Centro-Oeste, e eu já falei com a presidente sobre esse assunto. Mais uma vez ela colocou que isso é prioridade. Não adianta crescimento interno sem crescimento em infraestrutura. O Brasil tem dinheiro para isso, falta vontade política e precisa os governantes enxergarem isso.
O Código Florestal no formato atual, traz prejuízos para Mato Grosso do ponto de vista da produção?
O Código Florestal nesse momento é uma página virada. Nós conseguimos ter a segurança jurídica que precisamos na medida em que foi aprovada a nova lei ambiental, que era de 1965. Era uma lei antiga, que não atendia mais a linha de produção. O Código foi aprovado com alguns vetos que você sabe, e esse vetos influenciaram principalmente o Sul e Sudeste do país, eles não impactaram muito o Estado de Mato Grosso por causa do modelo de produção nossa. Mas de qualquer forma o Código Florestal é de suma importância na medida em que traz a segurança jurídica. Porém, o governo federal tem que regulamentar essa lei. Os estados precisam aplicar essa nova lei.
Quais os entraves no Estado para aplicação da lei?
O Estado de Mato Grosso está com dificuldade para aplicar a nova lei. ASema não funciona, a Sema está totalmente paralisada. É lamentável isso que está acontecendo aqui no Estado, o órgão ambiental está na UTI. Ele não tem condições hoje de fornecer os trabalhos que precisam ser oferecidos à população, como em relação à expedição de certidões e licenças, enfim, de tudo que um órgão ambiental tem que fazer, inclusive em relação à fiscalização. O Estado de Mato Grosso precisa fazer uma reestruturação profunda na Sema, precisa olhar para a Sema como uma secretaria de fomento à preservação e aos investimentos. A Sema precisa funcionar, do jeito que está, não dá.
O Zoneamento Socioeconômico Ecológico está judicializado. Quais os reflexos?
É uma lei que foi muito discutida e temos que parabenizar a Assembleia Legislativa pelo trabalho que fez, a todos os deputados, o presidente Riva. Eu nunca vi algo parecido, uma lei tão bem discutida, tão bem comentada, falada, escrita, ao longo dos anos. A judicialização do Zoneamento é lamentável.
Você é um nome do PSD para disputar as eleições de 2014, inclusive posto por alguns membros como forte via para a Câmara Federal.
Estou no PSD e logicamente as decisões políticas não passam só por um candidato. Hoje eu represento um setor, agropecuário aqui do Estado e acredito que é legítimo o setor ter seus representantes. Hoje temos alguns representantes na Câmara Federal, como o deputado federal Homero Pereira (PSD), que está desenvolvendo um grande trabalho, é presidente da Frente Parlamentar da Agricultura. Ele é um deputado do alto clero, se é que se pode dizer assim, e estamos muito bem representados. Então em 2014 eu não sei como serão as composições políticas, mas acredito que o setor terá sim um representante que pode muito bem ser a continuação do deputado Homero e temos vários líderes pelo Estado. Estaremos conversando e dialogando e logicamente a melhor configuração nós vamos cumprir e apoiar. Mas não descarto a possibilidade, mas também não é condição para disputar 2014.
Fonte: A Gazeta
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