Em pleno período de colheita e plantio das principais culturas agrícolas de Mato Grosso, a expectativa de renda no campo em 2012 se mantém em baixa no Estado. No mês de fevereiro, o Valor Bruto de Produção (VBP), medido pelo Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), apresentou queda de 11,4%, atingindo R$ 26,069 bilhões. No mesmo período do ano passado, o indicador foi fixado em R$ 29,407 bilhões. Os grandes vilões, conforme o Ministério, são o algodão e o arroz, com quedas de 53,9% e 33,7%, respectivamente.

Este resultado coloca Mato Grosso em segundo lugar no ranking nacional, ficando atrás apenas de São Paulo, que no mês passado apresentou um VBP de R$ 44,027 bilhões, alta de 31,7% em relação a fevereiro de 2011, quando foi de R$ 33,428 bilhões.

O carro-chefe estadual continua ser a soja com renda de R$ 15,198 bilhões, o que significa um aumento de 9,6% ante ao mês do ano passado, R$ 14,673 bilhões. Porém, o grande destaque em termos de expansão do VBP é o milho. Segundo dados do Mapa, o índice ficou positivo em 35,6% em fevereiro, alcançando a cifra de R$ 4,593 bilhões. Em 2011, no segundo mês do ano, o valor chegou a R$ 3,386 bilhões.

Conforme o gestor do Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea), Daniel Latorraca, o bom resultado da soja e do milho, deve-se primeiramente ao aumento de produção prevista na safra 2011/2012 nas duas culturas, bem como o preço da saca um pouco mais elevado do que no ano passado.

“O Imea já havia observado essa questão no final do ano passado, quando divulgamos os nossos números do VBP”, ressaltou ele. Mato Grosso deve colher este ano um volume recorde de 22,16 milhões de toneladas de soja e 9,80 milhões de t de milho. O Estado encerrou o ano passado com o Valor Bruto de Produção de R$ 30,475 bilhões.

QUEDA

O algodão, recordista no índice de queda no VBP em fevereiro, teve uma renda fixada em R$ 4,44 bilhões, contra R$ 9,63 bilhões no mês do ano passado, retração de R$ 53,9%. O arroz também registrou redução de 33,7% no valor de produção,ficando em R$ 220,814 milhões. Em 2011, o VBP atingiu a R$ 333,200 milhões. Segundo o gestor do Imea, a desvalorização sentida na renda dos produtores de arroz está ligada ao grande estoque de passagem do cereal de 2011 para 2012, o que acabou desestimulando o plantio do produto.

Daniel Latorraca preferiu não comentar mais amiúde a queda no valor bruto do algodão, porém, conforme ele, o instituto já previa um cenário de estabilidade, com leve queda da área plantada. Todavia, o gestor ressalta que o mercado para o algodão ainda é uma incógnita e os preços do produto não vêm ajudando. “Vamos traçar um panorama de todas as culturas quando divulgarmos o nosso VBP”, disse ele, indicando que a pesquisa do Imea passará a ser trimestral. Neste ano, o primeiro estudo sairá entre o final de abril e o início de maio.