Publicado em: 22/03/2013 às 18:00hs
Os custos foram altamente afetados em 2012, sobretudo pelo aumento do gasto com a aquisição de alimentos – mais especificamente, com o concentrado. Nesse contexto de encarecimento de insumos e da mão de obra e da terra, é preciso melhorar a eficiência técnico-econômica dos sistemas de produção. Para fazer frente a essa realidade, que é influenciada também por fatores externos, cabe compreender os nossos sistemas de produção, as políticas públicas e a estrutura da cadeia, comparando-os aos parâmetros dos principais concorrentes. Embora não seja uma tarefa fácil, é estritamente necessária para a elaboração de propostas estratégias que contribuam para a melhoria da competitividade do setor nacional.
Além de determinantes da eficiência macro e mesoeconômicas relacionadas à intervenção do Estado na economia (custos de logística, taxa de câmbio, impostos), também devem ser considerados os fatores ligados aos sistemas de produção. Segundo o IFCN “milk report 2012” (International Farm Comparison Network ou Sistema Internacional de Comparação de Fazendas), o custo médio de produção de 100 kg de leite no Uruguai e na Argentina esteve entre US$ 20,00 e US$ 40,00, em 2011, enquanto no Brasil essa média superou os US$ 40,00. O custo da terra, a produtividade do rebanho, preço de insumos e a mão de obra são alguns fatores importantes que dificultam a competitividade da cadeia de lácteos brasileira em relação aos seus vizinhos.
Com o objetivo de se elevar o desempenho da pecuária leiteira, devem ser priorizadas as ações integradas entre Governo, produtores e cooperativas/empresas processadoras de lácteos. Políticas que visam à melhoria da qualificação e atendimento técnico-econômico aos produtores poderiam ser uma das alternativas. Em países como Nova Zelândia e Irlanda, medidas neste sentido substituem as barreiras comerciais ao produto estrangeiro ou limitações à importação. Os resultados positivos são evidentes e esses países estão entre os mais competitivos na produção leiteira mundial.
Programa
Na Irlanda, o governo incentiva, economicamente, produtores que se organizam em grupos para o melhoramento contínuo das propriedades. Por meio do programa chamado Greenfield Dairy, assistentes técnicos especializados são colocados em contato direto com pequenos grupos de produtores para a discussão dos próprios índices de produtividade e características de seus sistemas, em encontros mensais, nas propriedades de alguns de seus membros. Nesse programa, produtores contribuem financeiramente com uma parte do custo da consultoria que recebem, enquanto o governo arca com outra parcela. O Greenfield Dairy Programme tem proporcionado aumento na produção de leite e na rentabilidade de propriedades pela formação e aumento da eficiência na utilização de recursos de produção.
Programas com objetivos semelhantes também vêm se desenvolvendo no Brasil, como o Geraleite da Federação de Agricultura e Pecuária da Bahia (FAEB), o Educampo do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) e o “Balde Cheio”, da Embrapa Pecuária Sudeste (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária). O Geraleite é um programa estadual, que assiste 261 produtores no Estado, e tem gerado ganhos ao produtor e a toda cadeia produtiva. Nos casos dos programas do Sebrae e da Embrapa, apesar de serem de âmbito nacional, o alcance ainda é pequeno, devido à extensão da atividade leiteira no Brasil. Dados da Embrapa indicam que, até 2012, 0,27 % das propriedades leiteiras nacionais foram atendidas, o que significa 3.283 propriedades, localizadas em 607 municípios, enquanto o programa de Sebrae atende cerca de 998 produtores.
Cooperativas e indústrias processadoras também poderiam investir em ações integradas. Teriam benefícios relacionados à regularidade de suprimento e aumento da oferta de leite, além da adequação da qualidade às suas necessidades, que avançam pari passu com a demanda dos consumidores. Aos produtores, caberia a conscientização e a participação nesses processos de melhora contínua, que lhes beneficiariam e à sustentabilidade de toda cadeia leiteira.
Fonte: Assessoria de Comunicação CNA
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