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Fórum da Abag, em Maringá, teve mais de 500 participantes

O evento contou com cerca de 500 participantes, entre lideranças, pesquisadores, produtores e outros convidados


Publicado em: 22/05/2012 às 09:00hs

Fórum da Abag, em Maringá, teve mais de 500 participantes

A integração lavoura, pecuária e floresta, um modelo sustentável que pode levar a agropecuária brasileira a ampliar a oferta de alimentos nos próximos anos a partir do aproveitamento de pastagens degradadas, foi discutido na última sexta-feira (18/05) durante fórum nacional promovido pela Cocamar Cooperativa Agroindustrial e a Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), em Maringá, no recinto da 40ª Expoingá. O evento contou com cerca de 500 participantes, entre lideranças, pesquisadores, produtores e outros convidados.
 
Difundir - O presidente da Cocamar, Luiz Lourenço, conclamou a todos para que “se unam em grande esforço” para difundir a integração – sistema que, apesar de preconizado pela Embrapa e há mais de duas décadas praticado em algumas regiões, é ainda praticamente desconhecido da grande maioria dos produtores do país. Segundo Lourenço, a região noroeste do Paraná possui pelo menos 2,7 milhões de hectares de pastagens de baixo retorno econômico com potencial para sediar projetos de integração – que, em resumo, significa cultivar soja no verão e, na mesma área, manter pecuária durante o inverno, usando como pasto o capim braquiária. É a braquiária que, ao ser dessecada semanas antes do cultivo da soja, vai fornecer palha e cobertura ao solo para o plantio direto.
 
Consolidada - No Paraná, a integração é feita há quase 20 anos, baseada em pesquisas do Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), sediado em Londrina. Segundo o pesquisador Sérgio José Alves, principal autoridade do assunto no Estado, há pelo menos 300 mil hectares onde essa técnica sustentável já é desenvolvida, uma área ainda pequena. A principal estação de experimentos do Iapar fica em Xambrê, na região de Umuarama. De acordo com o pesquisador, a tecnologia específica para a integração já está consolidada. “Mesmo em ano de clima ruim se ganha dinheiro com o sistema integrado”, afirma Alves. A média de produtividade de soja, nos últimos anos, tem sido de 46 sacas por hectare, com aumento do número de unidades animal (UA) de 1 para 2,5 no verão e 8 no inverno.
 
Palestrante - O agropecuarista César Formighieri, que mora em Umuarama e tem propriedade em Maria Helena, foi um dos palestrantes do fórum. Considerado produtor modelo em integração no Paraná, ele é dono de 200 alqueires onde, há dez anos, cultiva soja, mantém pecuária de corte, investe na produção de leite e formou floresta de eucalipto. De acordo com o produtor, suas pastagens eram inteiramente degradadas e hoje estão recuperadas, com a propriedade sendo rentável. “O solo recuperado é garantia de sucesso na agricultura e pecuária”, disse. Para ele, a soja recupera o solo melhor que a própria gramínea.
 
Santa Brígida
- No Brasil, conforme dados do pesquisador João Klutchouski, da Embrapa, há 2 milhões de hectares onde é feita alguma forma de integração. Ele apresentou, no evento, um estudo sobre a Fazenda Santa Brígida, de Ipameri (GO), onde a própria Embrapa vem acompanhando desde 2006 um amplo programa assim. Hoje, essa área é considerada uma referência no país, com produção de soja, carne e floresta de eucalipto onde, além da madeira, se aproveita o sombreamento para o bem-estar animal. “Nosso grande negócio é fazer pecuária verde. Nós somos um país quase continental e ainda com pelo menos 100 milhões de pastagens ruins, que são vistos como uma oportunidade”.
 
Plantio direto - O fórum contou também com a participação de duas personalidades que remetem à história do plantio direto no Brasil: Herbert Bartz, de Rolândia, e Frank Dijkstra, de Carambeí. Eles falaram sobre o desenvolvimento dessa prática ambiental que hoje toma conta de 25 milhões de hectares no Brasil.
 
 A B C  - Por sua vez, o vice-presidente de agronegócios do Banco do Brasil, Osmar Dias, abordou a perspectiva de crescimento da demanda por comida nos próximos anos, no mundo, para justificar a oportunidade que os produtores brasileiros têm de investirem em seus negócios. Nos próximos dez anos, segundo ele, o mundo vai precisar ampliar em 20% a oferta de alimentos, por conta do crescimento da população, e 40% desse volume terá que sair do Brasil. Conforme Dias, o programa Agricultura de Baixo Carbono (ABC) do governo federal está sendo disponibilizado a juros de 6,75% ao ano, com oito a doze anos para quitação. Até o final de maio, afirmou, devem ser contratados R$ 690 milhões, fruto de 2.202 operações em todo o Brasil. “O agricultor que não fizer integração dificilmente terá condições de sobreviver, pois ele precisa investir na eficácia produtiva”, disse.
 
 Sustentável  - O presidente da Abag (Associação Brasileira do Agronegócio), Luiz Carlos Corrêa de Carvalho, ressaltou a importância da realização de fóruns como esse para levar informação e conhecimento aos produtores. “Este é um modelo sustentável que o Brasil vai apresentar na Rio+20 [a conferência mundial sobre o clima que acontece em junho no Rio de Janeiro]. O papel sustentável do país é a grande discussão da sociedade brasileira este ano. Mas a integração é muito mais que isto: ela tem o poder de transformar economicamente uma região”, finalizou.

Fonte: Imprensa Cocamar

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