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Fazenda S.A.

Propriedades rurais são tocadas com a lógica empresarial, tal qual uma indústria "urbana"


Publicado em: 08/02/2012 às 14:10hs

Fazenda S.A.

Qual é a ideia que você tem de uma fazenda? Talvez seja a imagem bucólica de pastos verdes pontilhados por vaquinhas ou ainda o retrato de uma bela casa-grande, daquelas descritas por José Lins do Rego no livro Menino de Engenho. Nada contra esse tipo de associação, tais paisagens continuam a existir, mas em menor escala. Mas o jeito de ser das fazendas no Brasil mudou bastante. Hoje em dia, boa parte das propriedades rurais é tocada com a lógica empresarial, tal qual uma indústria.

É o caso das fazendas do Grupo Mutum, situadas no município de Nova Mutum (MT) e comandadas pelo empresário Frederico Ribeiro Krakauer, 36 anos. São cerca de 50 mil hectares: parte da terra está arrendada, mas 11 mil hectares são destinados à soja; 3,5 mil ao algodão; 2 mil ao milho safrinha e tem ainda a parte de pecuária e piscicultura. Para administrar tudo isso, Krakauer – que também atua no setor de empreendimentos imobiliários – desde 1996 vem investindo forte na gestão.

“Havia uma necessidade grande de orientação técnica. Muitos funcionários faziam do jeito que aprenderam com seus pais”, diz Krakauer. Outro aporte foi feito na gestão de máquinas. “No passado, tínhamos um software e inseríamos todas as informações manualmente. Hoje, os tratores e colheitadeiras vêm com computador de bordo, o que deixou tudo mais fácil”, explica. O monitoramento dos dados operacionais é essencial para o diagnóstico de problemas. “Se um trator está devagar, vamos checar com o operador o que está acontecendo”, diz.

O ano agrícola do Grupo Mutum começa muito antes das sementes serem plantadas. A compra de adubo, por exemplo, costuma ser feita com um semestre de antecedência. “Ao mesmo tempo, se os preços despencam no momento de semear, podemos mudar a estratégia e plantar outra coisa”, diz empresário. Por estas nuances, Krakauer considera a gestão rural infinitamente mais complexa. “Há elementos incontroláveis, como o clima”, diz.

Mas no que dá para planejar, o controle é rigoroso. Empresas especializadas fazem a análise do solo para diagnosticar a deficiência de nutrientes de cada talhão, evitando desperdício de fertilizantes e facilitando a escolha do que será plantado em cada área. A atenção ao regime de chuvas é outro item essencial. No caso da soja, que está sendo colhida neste período, ela precisa ser de ciclo curto, caso contrário a colheita pode coincidir com as chuvas, o que acarretaria perdas.

Depois da colheita, entram as plantadeiras semeando as safras que serão colhidas no inverno – milho e algodão. O acompanhamento da meteorologia é diário e define o momento certo de pulverizar as lavouras. Além disso, o Grupo Mutum está sempre atento ao maquinário. Hoje, as fazendas juntas têm 67 máquinas, entre colheitadeiras, tratores, plantadeiras, etc. No passado, o número era maior, mas com a renovação de frota um trator passou a fazer o que 15 faziam.  A estrutura enxuta melhora o desempenho. Só para se ter uma ideia, no último ano, o grupo que tem 145 funcionários faturou cerca de R$ 30 milhões.

Verticalização, sustentabilidade e vanguarda

Na parte de pecuária, as fazendas trabalham com gado de corte. “O animal chega com 13 arrobas e fica de 90 a 120 dias até atingir 19 arrobas”, diz Krakauer.  O gado é alimentado no cocho no sistema de confinamento. “Aproveitamos as sobras dos armazéns de soja e o caroço de algodão para a fabricação da ração”, conta o empresário.

A temática ambiental é outro diferencial do grupo. As fazendas têm mais que os 35% de reserva legal exigidos por lei para o cerrado e adotam práticas sustentáveis. Uma delas é o plantio direto, em que a semeadura é feita na palhada de restos vegetais de outras culturas, o que garante proteção ao solo e evita a erosão.

Como toda boa empresa, o Grupo Mutum está sempre procurando novas oportunidades de negócio. Por isso tem investido em pesquisas com o pirarucu, peixe da bacia amazônica que pode atingir até 200 quilos. “O desafio é conseguir reproduzi-lo na fazenda, porque o peixe é monogâmico e o alevino custa caro”, finaliza Krakauer.

Fonte: SouAgro

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