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Cutrale Trading deve avançar 5% em soja na safra 2015/16

Mesmo diante de um cenário econômico conturbado no Brasil, as operações de soja da Cutrale Trading devem registrar um avanço de 5% nesta safra, entre um milhão e 1,5 milhão de toneladas


Publicado em: 10/11/2015 às 19:40hs

Cutrale Trading deve avançar 5% em soja na safra 2015/16

A companhia tem como base a originação e venda da commodity, e tem se beneficiado de uma redução no market share dos concorrentes norte-americanos, tendo a China como principal comprador internacional.

Juan de Araújo, membro do conselho da companhia tradicionalmente conhecida como processadora de suco de laranja, disse a jornalistas que entre os meses de agosto e outubro foi observada uma queda de 30% na comercialização da safra norte-americana 2015/2016, contra o mesmo período do ciclo passado. "Isso quer dizer que, no mercado global, a soja sulamericana, tendo o Brasil como principal exportador ao lado de Argentina e Paraguai, tem conseguido mais espaço. Representa um avanço muito importante para nós, não só em market share, mas por melhoria nas rotas de exportação", comenta o executivo.

Safra nacional

De acordo com o diretor, Tiago Perez, o tamanho da safra brasileira também dependerá da situação climática e dos impactos do El Niño. Sobre o cenário econômico do País, Araújo diz que a maior resposta é o nível de área plantada, que será maior, pois "o crescimento só vem se o produtor estiver satisfeito".

A oleaginosa da Cutrale é proveniente em 32% do Mato Grosso, seguido por São Paulo, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e Goiás, respectivamente, e a rota de saída é pelo porto de Santos.

Araújo acredita que o País está passando por um momento transformador em infraestrutura, com destaque para o desenvolvimento de novos portos, como os do Arco Norte entre os estados do Pará e Maranhão. No entanto, o não funcionamento da totalidade da rodovia BR-163 - que comumente leva a soja do Centro-Oeste ao Norte e Nordeste - é um dos entraves para que a companhia passe a optar por outras alternativas de embarque dos cereais.

"Somos curiosos, queremos ver o que acontece em outros lugares e no momento certo as decisões serão tomadas", pondera o membro do conselho.

Comercialização

O aumento dos juros pelo Plano Safra e o impacto do dólar sobre os insumos encareceram os custos de produção e fizeram com que os bancos restringissem o acesso ao crédito rural. Neste contexto, Perez confirma o avanço das despesas do produtor rural, que hoje chegam a 30%, e lembre que houve um crescimento notável nas operações de barter (troca). "Não fazemos o financiamento do produtor diretamente, mas compramos a soja de empresas que fazem barter", explica. A alta do faturamento dos agricultores em real também colaborou para a aposta neste tipo de operação como uma forma de diluir o desembolso e garantir o insumo.

A volatilidade do dólar tem feito com que grande parte da safra seja comercializada com antecedência, na Cutrale não é diferente. Atuando neste mercado desde 2012, os executivos acreditam que a companhia, por ser brasileira, ainda contribui para o comércio exterior do País.

De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a primeira safra de soja 2015/2016 deve ficar entre 100,07 e 101,9 milhões de toneladas, uma variação entre 4% e 5,9% em relação às 96,2 milhões de toneladas colhidas no mesmo período de 2014/2015.

No mercado internacional, questionado sobre a possível formação de estoques no principal player, Araújo afirma que a soja está em uma situação favorável, pois os chineses não têm grande escala de produção própria, diferente das intenções que são vistas para o trigo e milho.