Publicado em: 21/11/2024 às 10:55hs
Os produtores de frutas do Vale do São Francisco, maior polo exportador do Brasil, estão enfrentando graves problemas logísticos devido a atrasos nos navios e à imprevisibilidade no transporte marítimo. A situação, agravada desde o início da pandemia de Covid-19, tem causado preocupação e prejuízos ao setor.
Na última segunda-feira (18), fruticultores da região reuniram-se no Sindicato dos Produtores Rurais de Petrolina (SPR) com representantes do Complexo Portuário da Baía de Todos os Santos para discutir os desafios enfrentados. Segundo o presidente do SPR, Jailson Lira, os principais obstáculos são decorrentes de conflitos internacionais, mudanças climáticas e congestionamentos em portos estratégicos, como os de Salvador (BA), Natal (RN) e Pecém (CE), responsáveis por grande parte da exportação de frutas do Vale.
Demétrius Moura, diretor empresarial da Companhia das Docas do Estado da Bahia (Codeba), reconheceu a gravidade do problema, destacando o caráter perecível das cargas, que demandam transporte rápido e eficiente. "Vamos criar uma agenda permanente para compartilhar informações atualizadas, garantindo o monitoramento on-line de todos os contêineres com frutas transportados do Vale para os portos baianos", afirmou Moura.
Na semana anterior, o SPR promoveu uma reunião virtual com representantes da Associação Brasileira dos Produtores Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas) e da empresa Etrade. Durante o encontro, foram abordadas questões como a falta de grandes investimentos em portos, rodovias e ferrovias, além do aumento na demanda por transporte de frutas e os impactos dos atrasos logísticos.
A diretora comercial da Etrade, Érika Campelo, ressaltou os desafios do transporte marítimo de produtos perecíveis. "O trajeto mais curto leva cerca de oito dias, enquanto os mais longos podem durar até duas semanas. Para preservar a qualidade, utilizamos contêineres refrigerados ou com atmosfera controlada, que retardam a maturação. Porém, qualquer atraso pode resultar em perdas parciais ou totais da carga, gerando prejuízos aos produtores", explicou.
Os principais destinos das frutas exportadas do Vale do São Francisco incluem países altamente exigentes quanto ao controle de pragas e resíduos de defensivos agrícolas. Diante desse cenário, os produtores destacam a urgência de melhorias na infraestrutura logística e maior agilidade nos processos portuários para evitar comprometimentos na qualidade das frutas exportadas.
A articulação entre os produtores e as autoridades portuárias é vista como um passo importante, mas ainda há muito a ser feito para garantir competitividade no mercado internacional e minimizar os prejuízos enfrentados pelo setor.
Fonte: Portal do Agronegócio
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