Publicado em: 06/02/2025 às 13:00hs
A safra de grãos 2024/25 no Brasil, caracterizada por uma produção elevada de soja e preços atrativos para o milho, impõe desafios aos produtores, demandando estratégias financeiras mais assertivas. Diante de uma oferta superior à demanda, especialmente para a soja, e de entraves logísticos que já preocupam o setor, o modelo de Barter desponta como uma solução eficaz para garantir insumos e minimizar riscos.
Apesar dos desafios climáticos em regiões como Rio Grande do Sul, Norte e Oeste do Paraná e Sul do Mato Grosso do Sul, a produtividade da soja permanece elevada. No entanto, essa abundância pressiona os preços, com previsão de quedas mais acentuadas durante o pico da colheita, entre fevereiro e abril.
“O produtor enfrenta uma safra cheia, mas também precisa lidar com a desvalorização da soja devido à alta oferta e ao recuo do dólar, que está na faixa de R$5,90. Além disso, os gargalos logísticos no período de colheita encarecem o transporte e reduzem as margens de lucro”, explica Christian Queiroz, analista de Operações Estruturadas da ADAMA.
Nesse cenário, a estratégia do Barter se torna essencial. “Com essa modalidade, o produtor pode travar os custos com insumos antes de uma desvalorização ainda maior dos preços. Dessa forma, reduz sua exposição às oscilações do mercado e garante maior segurança financeira”, acrescenta Queiroz.
Em contraste com a soja, o mercado de milho segue aquecido. A demanda interna, impulsionada pelos setores de ração animal e etanol, aliada à oferta limitada, tem mantido os preços elevados. A saca varia entre R$65 e R$80, dependendo da região.
“O milho apresenta uma relação de troca vantajosa. O produtor pode aproveitar o momento para negociar insumos a custos mais baixos ou recorrer a instrumentos financeiros, como opções de alta, garantindo melhores margens e previsibilidade em um mercado que ainda oferece boas oportunidades, mesmo com crédito restrito e juros elevados”, destaca Queiroz.
No modelo de Barter, o produtor troca parte de sua produção futura por insumos, mitigando riscos relacionados à volatilidade dos preços das commodities. “Essa modalidade cria uma triangulação segura entre produtores, tradings e fornecedores de insumos, permitindo o abastecimento necessário para a safra enquanto as empresas garantem o recebimento futuro em grãos”, explica o especialista.
As condições favoráveis para a estratégia de Barter na soja devem permanecer até a primeira quinzena de fevereiro. Posteriormente, a pressão sobre os preços pode reduzir a atratividade da modalidade. “Com os juros elevados e a escassez de crédito, a antecipação das decisões é fundamental para que o agricultor evite prejuízos e negocie sua produção com segurança”, alerta Queiroz.
Fatores externos também influenciam o mercado, como a redução das taxas de exportação na Argentina, que aumentou a competitividade do país no cenário internacional, trazendo mais pressão sobre os preços das commodities brasileiras. Além disso, o mercado já observa as intenções de plantio nos Estados Unidos, cujos dados serão divulgados pelo USDA em março, dando início às especulações sobre a próxima safra de milho e soja no Hemisfério Norte.
Diante de um ano desafiador, o Barter se consolida como uma ferramenta estratégica para os produtores rurais, permitindo maior previsibilidade e segurança financeira em meio às incertezas do mercado, conclui Queiroz.
Fonte: Portal do Agronegócio
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