Gestão

BALANÇO SEMANAL CNC - 22 a 26/10/2012

Semana foi marcada por reuniões para definir programas que gerem sustentabilidade e mais qualidade ao café brasileiro. No mercado, especuladores tentam, mas não conseguem derrubar as cotações


Publicado em: 26/10/2012 às 21:00hs

BALANÇO SEMANAL CNC - 22 a 26/10/2012

DISTORÇÕES DA SAFRA — Nesta semana, membros do conselho diretor do CNC se reuniram para debater a implantação de programas e a adoção de medidas que foquem a sustentabilidade econômica, social e ambiental, proporcionem a melhoria da qualidade do café brasileiro e gerem sustentação aos preços no mercado. Além disso, discutiram quais assuntos seriam incluídos na pauta de uma audiência com o secretário executivo do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), José Carlos Vaz, e sugeridos para a pauta da próxima reunião do Conselho Deliberativo da Política do Café (CDPC), que ocorrerá no dia 8 de novembro.

No encontro, o CNC também analisou impressões ainda distorcidas sobre a safra 2012 do País, pois nosso representante na reunião da Associação 4C, em Genebra (SUI), realizada no final de setembro, apresentou um relato comunicando que as indústrias presentes no encontro avaliam a produção brasileira entre 10% e 15% acima das 50,48 milhões de sacas levantadas oficialmente pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

Pela experiência que possuímos, sabemos que o mercado é completamente especulativo, mas, para esta safra, é válido destacar que um trabalho realizado em parceria por CNC, CNA e cooperativas representadas pela OCB, junto ao Mapa, possibilitou a criação de programas para evitar a pressão especulativa e, ao mesmo tempo, ordenar as vendas da produção brasileira, colhida em quatro meses, ao longo de todo o ano safra 2012/13, serviço pelo qual somos gratos ao empenho do governo, representado pelo Ministério da Agricultura, em especial nas pessoas do ministro Mendes Ribeiro, dos secretários executivo, José Carlos Vaz, e de Produção e Agroenergia, Gerardo Fontelles, e do diretor do Departamento do Café, Edilson Alcântara.

Ainda na reunião, foi consenso entre os conselheiros do CNC que a safra atual, de 50,48 milhões de sacas, será necessária simplesmente para honrar o abastecimento interno, com um consumo próximo a 20 milhões de sacas, e as exportações, que no ciclo passado somaram cerca de 33 milhões de sacas, mas que deverão recuar na temporada cafeeira atual em função do reduzido nível dos estoques de passagem.

SOLUÇÕES PARA O CAFÉ DE MONTANHA
— Outro tema debatido na reunião do conselho diretor foi a cafeicultura de montanha, cuja rentabilidade vem sendo seriamente prejudicada pelos altos custos de produção, especialmente no que se refere à mão de obra. A partir desse cenário, os representantes do setor sugeriram para a pauta da reunião do CDPC a criação de um concurso que foque o desenvolvimento de máquinas para a colheita do café nessas áreas com maior declividade, proposta que está em estudo para aperfeiçoamento, mas que antecipamos visa trabalhar com alunos das faculdades de mecatrônica de todo o Brasil, oferecendo um prêmio, ainda a ser definido, para o vencedor.

INTELIGÊNCIA DE MERCADO
— A elaboração de uma proposta sobre inteligência de mercado também foi discutida entre os conselheiros diretores do CNC. O consenso que se chegou a esse respeito é que seja empreendido um projeto pioneiro com o objetivo de conhecermos o que está acontecendo no mundo do agronegócio café, acompanharmos as tendências, identificarmos riscos e oportunidades e planejarmos a atividade. Mais detalhes sobre o tema serão apresentados à medida que avancem os trabalhos.

REUNIÃO NO MAPA
— Para a audiência com o secretário executivo do Ministério da Agricultura, José Carlos Vaz, os diretores do Conselho Nacional do Café definiram a implementação de políticas estratégicas para gerar sustentação ao mercado, o registro de defensivos agrícolas para substituírem o Endossulfan — que será retirado de circulação em 1º de julho de 2013 — no combate à broca e a questão referente à renovação e à expansão do parque cafeeiro como prioridades. A respeito da sustentação dos preços, para evitar ainda mais especulações, notificaremos quais programas serão adotados assim que o governo oficializar a implantação.

REGISTRO DE DEFENSIVOS — Já no que tange aos substitutos para o Endossulfan no combate à broca, levamos ao Mapa ofícios recebidos de duas empresas fabricantes de produtos com o mesmo princípio ativo, as quais deram entrada no pedido de registro com a apresentação dos laudos e aguardam a manifestação do governo. Ciente disso e também da retirada do Endossulfan a partir de julho do ano que vem, o secretário José Carlos Vaz fez contato com os profissionais do Mapa responsáveis pela área e com a ANVISA e o IBAMA, órgãos federais que analisam a emissão dos registros, para que a análise e o resultado sejam apresentados o mais breve possível, pois ele concorda que o mercado não pode ficar sem um produto que combate tão danosa praga ao cafeeiro como a broca.

RENOVAÇÃO DO PARQUE CAFEEIRO — Os conselheiros diretores do CNC, também presentes na audiência com o secretário executivo do Mapa, recomendaram ao governo um programa progressivo de renovação dos cafezais do cinturão produtor do Brasil e, ao mesmo tempo, a suspensão de quaisquer projetos de expansão de novas áreas a serem cultivadas para evitar um futuro desequilíbrio entre oferta e demanda, com sérios riscos de prejuízos à renda do produtor.

MERCADO — Conforme comentamos no nosso último boletim, o mercado apresenta uma situação inversa à observada nos últimos anos, quando os produtores, então descapitalizados, ofertavam massivamente sua safra logo após a colheita e as indústrias, por sua vez capitalizadas, aproveitavam a oportunidade para formar estoques para a temporada de inverno, quando é maior o consumo da bebida.

Neste ano, devido aos produtores virem de temporadas de melhores preços e com bastante oferta de crédito do Funcafé e dos Recursos Obrigatórios, a administração da oferta é realizada de maneira dosada. Os cafeicultores tem, atualmente, reserva de caixa que os permite esperar momentos melhores para comercializar. Neste sentido, a atuação do governo, através do ministro da Agricultura Mendes Ribeiro e de toda a sua equipe, tem sido muito eficaz.

Isso pode ser observado claramente pelos níveis das exportações brasileiras. Neste segundo semestre, o Brasil embarcou 7.053.532 sacas, contra 8.003.185 sacas no mesmo período do ano anterior, dados que demonstram uma boa dosagem da oferta. A persistir esta média, o País deverá remeter ao exterior, de julho/2012 a junho/2013, aproximadamente 28,2 milhões de sacas. Somando-se isso ao consumo interno divulgado pela ABIC, teremos cerca de 48 milhões de sacas de desaparecimento, ou seja, apesar de um ano de safra maior, o Brasil estará repondo não mais do que dois milhões de sacas em seus estoques para entrar em 2013, ano de produção menor, de bienalidade negativa.

No cenário atual, nota-se que o produtor, ao contrário dos ciclos anteriores, não está “despejando” a safra colhida logo após o encerramento dos trabalhos de cata, sinalizando que a comercialização será feita de forma gradual ao longo dos 12 meses do ano safra. Além disso, o aumento dos custos de produção também reforça o comportamento dos cafeicultores.

De acordo com dados da Comissão Nacional do Café da CNA, levantados em parceria com a Universidade Federal de Lavras (UFLA), o Custo Operacional Efetivo (COE) desta safra 2012/13 foi de R$ 390 por saca, por exemplo, em Manhumirim, na Zona da Mata de Minas Gerais, com produtividade de 27 sacas por hectare. Esse valor considera apenas o desembolso direto para a produção e inclui gastos com mão de obra, fertilizantes, defensivos, energia, impostos e taxas, não considerando a depreciação das benfeitorias e máquinas. Cientes disso, os cafeicultores aguardam um momento melhor para que possam vender por valores que cubram os gastos que tiveram para produzir.

O comportamento do mercado na semana, ao tentar trabalhar abaixo do patamar de US$ 1,60 por libra peso — até o fechamento deste boletim, na manhã de sexta-feira (26/10), com vendas de especuladores buscando acionar “stops” que provocassem mais vendas, sem êxito, frise-se, traz um alento para os próximos pregões. O que se viu nesses níveis foram vendas de papéis e não de mercadoria. A mensagem que fica é que, para comprar o café físico em quantidade, o mercado terá que trabalhar em patamares mais elevados de preço.

Fonte: Assessoria de comunicação - CNC

◄ Leia outras notícias