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Balanço Semanal CNC ? 20 a 24/08/2012

Setor debate realidade e futuro da cafeicultura mineira em workshop realizado pela FAEMG. Participantes mencionam dificuldade em mecanizar cafezais de montanha, mas cenário é promissor; No mercado, preços caem devido à fraca demanda e ao avanço da colheita no Brasil


Publicado em: 27/08/2012 às 09:55hs

Balanço Semanal CNC ? 20 a 24/08/2012

WORKSHOP DO CAFÉ DA FAEMG — Nesta semana, tivemos o prazer de participar do Workshop da Cadeia Produtiva do Café, realizado pela Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (FAEMG). O evento, que integra o “Fórum da Agropecuária Mineira: Realidade e Rumos”, teve como objetivo discutir o cenário atual e as perspectivas da cafeicultura estadual, com os resultados servindo de norte para a adoção de ações e trabalhos por parte da Federação.

Na ocasião, ministramos a palestra “Uma abordagem sobre comercialização, mercado e posicionamento do produtor de café em relação ao futuro”, dentro da qual apresentamos a nova estruturação que o CNC obteve desde o final do ano passado, com foco exclusivo em trabalhos conjuntos com instituições parceiras, como a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), o Banco Cooperativo do Brasil (Bancoob), a Sociedade Rural Brasileira (SRB), a Frente Parlamentar Mista em Defesa da Cafeicultura, as Comissões de Café da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e da própria FAEMG, além das entidades do setor privado componentes do Conselho Deliberativo da Política do Café (CDPC) e do Governo Federal, através de relacionamento estreito com o ministro Mendes Ribeiro e todo o staff do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (Mapa).

A realização de trabalhos conjuntos, com foco unificado, é extremamente relevante, pois evita ações isoladas com resultados pontuais ou mesmo sem resultados. A intenção dessa união é, além de fortalecer o setor produtor da cafeicultura brasileira, permitir que o cafeicultor cultive de maneira sustentável, preservando o meio ambiente, gerando empregos e, principalmente, com renda em sua atividade. Nesse sentido, entendemos que todas as ações prognosticadas para o futuro do café foram muito bem apresentadas e servirão como alicerce para a cafeicultura mineira. Aproveitamos para parabenizar o presidente da FAEMG e do Conselho Deliberativo do SEBRAE Nacional, Roberto Simões, o diretor tesoureiro da Federação, João Roberto Puliti, e o presidente das Comissões de Café da FAEMG e da CNA, Breno Mesquita, responsáveis por esta iniciativa.

MECANIZAÇÃO NO SUL DE MINAS — Entre os pontos de destaque do workshop da FAEMG, chamou atenção a preocupação que os produtores de café em regiões de montanha, como em grande parte do Sul de Minas Gerais, tem para mecanizar suas lavouras, fato que vem se tornando necessário em função da escassez de mão de obra para a realização dos tratos e, em especial, dos trabalhos de colheita.

Diferente de localidades como o Cerrado Mineiro e o Sul da Bahia, onde mais de 50% dos cafezais já são mecanizados, o Sul de Minas tem um percentual de aproximadamente 30%, haja vista a dificuldade que o terreno montanhoso apresenta para este processo. Entretanto, o professor Fábio Moreira da Silva, pesquisador da Universidade Federal de Lavras (UFLA), em entrevista concedida ao Valor Econômico, informa que o cenário pode se tornar muito promissor para a principal região produtora de café no Brasil, pois um estudo indicou que 80% da área cultivada com café no Sul de Minas — 500 mil hectares — tem potencial para receber tratores e 70% desse total, em média, são adequadas para o emprego de colheitadeiras. É válido salientar que, em áreas com topografias montanhosas, a mecanização, até as descobertas desse estudo, era restrita ao uso de derriçadoras portáteis.

O Conselho Nacional do Café, com o intuito de possibilitar uma maior mecanização para a cafeicultura brasileira, especialmente a de montanha, tem estreitado o relacionamento com a Embrapa Café, gestora do Consórcio Pesquisa Café, para viabilizar mais estudos e, consequentemente, trabalhos que permitam isso. Nesse sentido, recebemos o gerente geral da estatal, Gabriel Bartholo, que nos informou que, dentro do plano de trabalho da Empresa, constam muitas ações voltadas para que os produtores reduzam seus custos e tenham sustentabilidade por meio da mecanização de seus cafezais.

ANÁLISE DE MERCADO — Conforme publicado no balanço passado, nossa previsão de mercado fraco durante o mês de agosto vai se confirmando. Com a baixa demanda devido ao fato de a maioria das indústrias europeias ainda permanecer em férias coletivas e fora do mercado, e com a colheita brasileira avançando com o clima mais firme recentemente, os preços do café arábica em Nova York caíram 30 pontos na semana, ou um declínio de 0,18%. Assim, o contrato com entrega em dezembro/12 encerrou a sessão de hoje cotado a US$ 1,6290 por libra peso.

A colheita de café na área de atuação da Cooxupé, maior cooperativa do setor no Brasil, avançou para 76,6% da produção esperada, segundo relatório divulgado pela entidade na terça-feira (21). Em cerca de uma semana, a evolução nos trabalhos de cata foi de quase oito pontos percentuais, mas, apesar disso, seguem atrasados na comparação com o mesmo período de 2011, quando os produtores ligados à Cooxupé tinham colhido mais de 85% da safra. A produção cafeeira na região sofreu atrasos por causa das chuvas atípicas no começo do inverno, que retardaram a colheita e prejudicaram também a qualidade.

No mercado, o cenário apontado por analistas é que os traders aguardam para ter noção do tamanho real da safra brasileira e da qualidade do produto. Dessa forma, a tendência é que os preços andem “de lado”, oscilando em torno do suporte de US$ 1,60 por libra peso, conforme apostou Joe Ricupero, da R. J. O'Brien, em entrevista a agências internacionais. Além disso, o analista da Newedge USA, Márcio Bernardo, anotou que os cafeicultores brasileiros estão "disciplinados", ordenando suas vendas conforme preços melhores aparecem, fato que pode impedir um declínio drástico das cotações.

Essa “disciplina” apontada pelo analista é fruto da maior capitalização dos produtores brasileiros. Acreditamos que o mercado seguirá com pouca oferta de venda enquanto as indústrias não retornarem com mais vigor para as compras, o que só deverá ocorrer a partir de setembro. Por ora, nossa recomendação de cautela continua, pois acreditamos que teremos melhores oportunidades de vendas a partir do último trimestre de 2012.

Fonte: Assessor de comunicação - CNC Conselho Nacional do Café

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