Após percorrer aproximadamente cinco mil quilômetros, debater com mais de 300 estudantes de seis municípios mato-grossenses, interagir com pecuaristas das regiões visitadas e conhecer os professores dos cursos da área de agrárias da Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat) e da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) do Campus Sinop, a Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat) apresenta o estudo “Diretrizes para o Desenvolvimento da Pecuária de Corte de Mato Grosso – Visão de Universitários e Pecuaristas”. A análise apresenta as propostas dos participantes do Workshop da Pecuária de Corte para o fortalecimento da cadeia produtiva da carne, bem como sugere ações para entidades e representantes públicos que também visem o desenvolvimento do setor.

O estudo foi realizado pelo economista e consultor técnico da Acrimat, Amado de Oliveira, que percorreu seis cidades do interior coordenando os workshops. Como explica, a partir de uma apresentação sobre a pecuária de corte, os alunos participantes, professores e pecuaristas convidados se dividiam em cinco grupos para apresentar os entraves e soluções para a atividade. Os grupos eram divididos em Cria, Confinamento, Reforma de Pastagem, Integração Lavoura-Pecuária e Sustentabilidade Socioeconômica e Ambiental.

O objetivo do projeto, de acordo com o presidente da Acrimat, José João Bernardes, foi se aproximar dos futuros profissionais do campo e conhecer as propostas dos estudantes para o setor. Além disso, por meio desta iniciativa, foi possível conhecer as demandas dos pecuaristas e colocá-los frente a frente com acadêmicos e professores. “Foi o início de uma relação de suma importância para a pecuária, que é a união entre os profissionais e os produtores rurais juntamente com a academia, que desenvolvem as pesquisas e produtos para serem aplicados na criação de gado de corte”.

Foram concluídos dois conjunto de propostas, o primeiro voltado para as entidades representativas do setor, universidades, instituições de qualificação profissional e o segundo para governos municipais, estadual e federal. Amado de Oliveira cita alguns exemplos de propostas para mitigar os problemas que atingem a atividade. “Para cada temática os alunos elegeram uma série de entraves e suas soluções e agora cabe a nós encaminhá-la aos responsáveis pela resolução. Para as prefeituras municipais, por exemplo, vamos sugerir o tratamento adequado dos resíduos, com a exploração da geração de bioenergia em parceria com os pecuaristas”.

O documento “Diretrizes para o Desenvolvimento da Pecuária de Corte” ainda propõe a criação de políticas que melhorem a infraestrutura logística do Estado, façam uma revisão fiscal dos governos e promovam a capacitação dos trabalhadores, profissionais e pecuaristas.

O professor da Unemat de Tangará da Serra, José Roberto Rambo, destaca que a construção do conhecimento não pode ser feita isoladamente, mas sim em conjunto. “A Acrimat teve este iniciativa que é inovadora e fundamental para construirmos o conhecimento em parceria com a sociedade. Esperamos a continuidade deste projeto e a participação de demais setores produtivos para desenvolver trabalhos como este”.

A coordenadora do curso de Zootecnia de Pontes de Lacerda, Jocelaine Garcia, o interesse dos alunos durante o Workshop expressa a necessidade de unir a teoria com os agentes que vivenciam a realidade no campo. “Há uma carência em levar o conhecimento prático para dentro das salas de aula”. Em Cáceres os alunos também demonstraram semelhante interesse, afirma a professora Zulema Figueiredo. Como explica, muitos alunos são filhos de produtores e estão em busca de conhecimento para solucionar os problemas que surgem dentro das porteiras.

Os workshops da Pecuária de Corte foram realizados nos municípios de Pontes e Lacerda (442 km da Capital), Cáceres (222 km), Alta Floresta (812 km), Sinop (501), Nova Xavantina (659 km) e Tangará da Serra (240 km) entre os dias 26 de setembro e 25 de outubro de 2012.