Gestão

Abrapa quer conquistar mais mercado para o algodão brasileiro no Paquistão

A Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) quer colocar mais fibra brasileira nos têxteis "Made in Pakistan"


Publicado em: 27/10/2020 às 20:00hs

Abrapa quer conquistar mais mercado para o algodão brasileiro no Paquistão

O país é hoje o terceiro em consumo de algodão em pluma do Brasil para a sua grande indústria têxtil, responsável por suprir boa partes das casas mundo afora, com produtos de cama, mesa e banho. É também o quinto colocado do ranking dos grandes importadores, embora seja também um grande produtor mundial, ocupando o quinto lugar. O desafio da Abrapa é aumentar a participação da pluma brasileira nesse mercado, que hoje está em 25%, mas que, apenas uma safra atrás (2018/2019), era de 6%. Na manhã da última quinta-feira (22), a Abrapa promoveu uma reunião com a embaixada do Brasil no Paquistão para apresentar o projeto Cotton Brazil, do qual o Paquistão é um dos oito países-alvo, e angariar o apoio diplomático para as atividades de promoção que a entidade dos cotonicultores está desenvolvendo neste mercado. O encontro foi virtual e reuniu, além dos produtores e diplomatas, representantes da Apex-Brasil e da Associação Nacional dos Exportadores de Algodão (Anea). 

Em sua apresentação, o diretor de Relações Internacionais da Abrapa, baseado em Singapura, Marcelo Duarte, ressaltou que há ainda muito espaço para expansão da presença da pluma brasileira na mistura da indústria paquistanesa. "Num comparativo com o nosso principal concorrente, os Estados Unidos, por exemplo, para cada fardo que nós emplacamos no Paquistão, os EUA cravam 2,3. E, das 870 mil toneladas totais importadas por eles, respondemos por 220 mil toneladas", comparou Duarte. A estratégia da Abrapa é de aproximação com as entidades locais do setor têxtil, como a Aptma (All Pakistan Textile Mills Association), e suprir o mercado com informações sobre o algodão brasileiro, dentro do escopo das ações do Projeto Ásia. Qualidade e sustentabilidade, em condições competitivas são os diferenciais trabalhados nesta missão.

O vice-presidente da Abrapa, Júlio Busato, contextualizou para as embaixadas de Singapura e Paquistão a evolução da cotonicultura nacional. Na década de 90, o Brasil era o segundo maior importador global de algodão. "Hoje, somos o segundo maior exportador, atrás apenas dos Estados Unidos, que esperamos ultrapassar até 2030. A grande guinada brasileira é resultado da união dos produtores que, junto com instituições de pesquisa públicas – como a Embrapa – e também privadas, prospectaram e incorporam novas tecnologias à produção brasileira da pluma, alcançando altos níveis de produtividade, que ajudaram o país a mais do que dobrar a produção nas últimas três safras", disse.

Busato acredita que, nas ações de promoção da pluma na Ásia, contar com o apoio do Governo Federal, via embaixadas e órgãos como a Apex-Brasil, agrega peso de representatividade. "Faz muita diferença. Os americanos fazem isso há muito tempo. Nós já estávamos presentes na Ásia em nossas missões internacionais, seja trazendo asiáticos para visitar as nossas fazendas ou visitando em grupo as indústrias no continente. Mas, agora, com um escritório de representação da Abrapa em Singapura, e o apoio dos órgãos oficiais, esperamos ser ainda mais bem-sucedidos", afirmou Busato.

O embaixador do Brasil no Paquistão, Olyntho Vieira, se comprometeu a ajudar na aproximação da Abrapa com a indústria local, fornecendo informações e contatos. "Por mais que a tecnologia nos facilite a vida, nada substitui a presença física. O Paquistão tem suas particularidades. É um país com grande vocação exportadora, muito em função dos seus problemas econômicos, que fazem dele não o seu próprio mercado para os têxteis", lembrou.

Como prova do contato mais próximo com as embaixadas – que vem sendo estabelecido através das reuniões virtuais da Abrapa, Apex-Brasil e Anea com os países-alvo–, no encontro de quinta, o representante da Abrapa em Singapura, Marcelo Duarte, participou do webinar na sede da embaixada do Brasil naquele país, ciceroneado pela embaixadora Eugênia Barthelmess, o ministro-conselheiro Daniel Pinto, o adido agrícola Leandro Antunes e o chefe do departamento de comunicação, Guilherme Prado. Em Islamabad, além do embaixador Olyntho Vieira, também estavam presentes o ministro-conselheiro, Rômulo Neves, e a conselheira Adriana Pereira, chefe do setor de promoção comercial.

A Abrapa ainda realizará reuniões com o mesmo propósito com as embaixadas da China, Turquia e Coreia do Sul.