Publicado em: 29/11/2021 às 16:25hs
Gilson Faust: Consultor sênior da GoNext Governança & Sucessão
Por: Tania Jeferson
“Um dos aspectos mais sensíveis, sem dúvidas, é a sucessão familiar, em que uma geração terá de passar a outra ou até escolher uma pessoa de fora para dar continuidade à gestão e ao crescimento do negócio no campo. Um desafio que, conforme demonstram dados do IBGE, impacta empresas familiares de todo o Brasil, pois apenas 30% chegam à segunda geração e ínfimas 5% à terceira”, explica Gilson Faust, consultor sênior da GoNext Governança & Sucessão com experiência de mais de 30 anos em consultoria empresarial.
Segundo Faust, os dados do IBGE apontam para uma realidade comum em empresas que conduzem a sucessão familiar sem antes se prepararem adequadamente para isso. “A falta de um processo estruturado e bem planejado de identificação, além da preparação e o acompanhamento da sucessão tanto na pessoa do sucessor quanto na do sucedido, são os pontos principais que podem levar ao fracasso dessa iniciativa”, afirma.
Naturalmente, existem barreiras que devem ser analisadas antes de iniciar o efetivo processo de sucessão. A primeira delas é a resistência do patriarca, muitas vezes centralizador, que se sente inseguro e com pouca confiança para permitir a sucessão aos herdeiros ou até a um executivo externo.
“Nesse caso, é fundamental estipular regras claras e previsíveis, orientadas por ferramentas científicas de avaliação de potencial dos sucessores, seja ele familiar ou de mercado, e também fixando o novo papel para o sucedido patriarca, que terá que enxergar como ele no novo momento de vida também pode acompanhar a evolução e desenvolvimento do negócio, mesmo que não atuando diretamente na operação”, esclarece Faust.
Faust conta que muitas vezes ocorre frustração do patriarca ao perceber que os herdeiros não têm habilidade para assumir a gestão dos negócios. No entanto, por mais que as expectativas não tenham se concretizado, é necessário entender que muitas vezes não adianta “esticar a corda”.
“Nesses casos, o patriarca deverá estar preparado para atrair um executivo de mercado, desenvolvendo instrumentos e órgãos para se relacionar, orientar e acompanhar a gestão profissionalizada, e ao mesmo tempo, identificar os papéis e responsabilidades que o herdeiro terá como sócio”, orienta o consultor.
“Além disso, caso haja mais de um herdeiro, é importante primar pela harmonia familiar, mas também escolher de maneira acertada aquele que tem maior capacidade técnica para assumir a gestão da empresa. Por isso, é preciso demonstrar que o escolhido tem as habilidades e competências necessárias para atuar na vaga, precedido de criteriosa avaliação de potencial devidamente aplicado”, completa.
Antes de tudo, é essencial entender os gatilhos que apontam para a necessidade da sucessão. Geralmente, os parâmetros mais comuns que dão esses sinais são a eventual perda de desempenho da empresa, demora no processo de decisão, decisão unilateral do sucedido e doença ou morte do sucedido. Cada um deles requer uma metodologia própria, que leva em considerações não só fatores técnicos, mas também emocionais presentes nessas situações.
“Após a análise, o processo segue quatro etapas essenciais: planejamento; identificação do melhor modelo de condução; avaliação do potencial dos candidatos; escolha, integração e acompanhamento do novo executivo. O ideal é que o sistema de governança corporativa seja instalado e seus respectivos órgãos atuem em todas as etapas do processo”, resume Faust.
Importante destacar que a sucessão deve ser conduzida em um ambiente de harmonia societária e familiar, algo que geralmente atingido quando há planejamento, preparação e critérios técnicos e objetivos para a condução do processo.
A compreensão sobre a importância da sucessão tem crescido consideravelmente, na esteira da profissionalização da gestão no campo.
O setor entende que a gestão deve avançar cada vez mais para poder enfrentar a concorrência internacional e atingir a melhor performance do negócio.
“O processo de sucessão bem conduzido traz benefícios ímpares aos negócios, pois geralmente o sucessor possui ideias, experiências e competências técnicas e emocionais diferentes do sucedido, impulsionando a modernização de toda a operação e cultura empresarial e utilizando a tecnologia como grande aliado”, ressalta Gilson Faust.
De acordo com o consultor, a criação do conselho consultivo, que se transforma em um guardião de todos os procedimentos que envolvem o alcance do melhor desempenho do negócio familiar, é essencial, pois contribui para que as principais decisões estratégicas sejam corretamente tomadas, com uma carga grande de racionalidade e pouca interferência emocional.
Fonte: Ieme Comunicação
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