Daniel Schnaider: CEO da Pointer By PowerFleet Brasil
Por: Caroline Arnold

A Internet das Coisas, tradução do português para Internet of Things (IoT) vem conquistando o mundo. No setor de logística já é uma peça fundamental. Mas e na Agricultura? Será possível?

O setor da Agricultura merece atenção especial, uma vez que se trata de uma carga extremamente valiosa para o consumo da população, ou seja, envolve a saúde de todos. Além de ser responsável por 21,6% do PIB nacional. 

Neste sentido, a IoT veio para mudar algumas perspectivas, reduzir custos, trazer segurança e facilidade no gerenciamento. Daniel Schnaider, CEO da Pointer By PowerFleet Brasil – líder mundial em soluções de IoT para gestão de frotas, traz soluções extremamente positivas para o setor. 

O que é IoT? E como funciona na gestão de frotas para o Agronegócio?

A Internet das Coisas (IoT) é a ideia de que os aparelhos estão conectados à internet. Então você pode acessar eles à distância para receber os dados de seus sensores e até mesmo as atividades que estão acontecendo enquanto aquele aparelho estiver conectado. Da mesma forma que é possível dar comandos à distância, como controlar a televisão pelo celular, além de rádios, carro, luzes, ar condicionado, entre outros.

O primeiro grande case de IoT que ganhou conhecimento público foi em 1982, em uma Universidade dos Estados Unidos, quando a central conectou pela primeira vez uma Coca-Cola Vending Machine para conferir o inventário (estoque, recebimento, troco) da máquina.

Como que o IoT se encaixa dentro do seguimento da Agricultura? Quais são as vantagens da utilização?

Dentro da Agricultura, em questão de logística podemos detectar a cadeia produtiva e a fazenda.

Quanto à cadeia produtiva, a logística envolve todo o processo. Desde o source, a fonte de produção, a indústria e de lá até o supermercado, para depois seguir para o consumidor final. Então, dentro desta cadeia de logística você tem quatro aspectos que podem ser implementadas a IoT: a melhoria de eficiência e redução de custo; segurança do motorista que está levando a carga, lembrando que o custo das seguradoras com acidentes já equiparou ao custo de roubo; a fraude, que é o desvio do material transportado; e o quarto e último que é o monitoramento da saúde do material em si. 

No que tange a fazenda e seu funcionamento, a IoT também proporciona a segurança de que a qualidade da saúde do material em relação ao armazenamento será preservada, antes que chegue o momento da logística. Além de monitorar todas as ações de motoristas de tratores e empilhadeiras para que não haja desperdício ou mesmo reduções maléficas de nenhum fator durante a produção.

Quando entramos na questão de químicos e adubação como a IoT pode ajudar? E em relação às cargas perecíveis?

Neste quesito, além da temperatura e umidade, tem também a questão do pesticida. No trabalho feito pelos tratores, a IoT torna-se essencial. Por exemplo, se a máquina avançar rápido demais durante a pulverização a plantação receberá pesticida a menos, e se estiver em baixa velocidade, receberá pesticida em excesso. Com a tecnologia é possível programar a velocidade correta e se certificar qual a quantidade aplicada de produto foi administrada, bem como utilizar diferentes produtos ao mesmo tempo, e assim mensurar quais se saíram melhores. A IoT não só ajuda no controle da produção, como também coleta e envia os dados para análise de todas as etapas do processo. 

Com cargas perecíveis, é necessário saber que elas precisam de determinadas condições para que tenha durabilidade e qualidade. Como aquela banana que recebe pancadas porque está pulando dentro do caminhão e quando chega no supermercado, está machucada e ninguém vai comprar. Neste sentido, IoT vem para monitorar a temperatura, umidade, trepidação, impacto, aspectos que influenciam o produto perecível ou biológico, que é delicado e fazem total diferença no caixa final do agricultor. 

Como a IoT pode auxiliar na redução de custos neste setor?

Quando falamos em redução de custo, podemos chegar a 26% na redução de combustível utilizado, 16% no custo da manutenção do maquinário e pelo menos 400% em relação a prevenção de acidentes.

Como a tecnologia pode ajudar a empresa a manter o compliance? Como que assegura a vida do colaborador e a carga do empresário?

É importante entender que a redução de acidentes deve ser umas das regras principais dentro de uma empresa, pela segurança do colaborador, principalmente, e também pela redução de custos. 

A IoT no final, sozinha, tem dois aspectos, o da própria inteligência, como exemplo, quando tem uma câmera que visualiza o colaborador ultrapassando uma faixa contínua, ou com um caminhão muito pesado e muito próximo ao veículo da frente, ela ajuda o ser humano a tomar uma decisão, proporciona um alerta, possibilitando a prevenção daquele acidente. 

Esse universo das câmeras dentro da IoT beneficia muito, uma vez que ao passar o feedback para o colaborador de que ele fez alguma coisa, se ele negar, a prova estará registrada. Isso é muito importante, porque muitas das empresas trabalham com redes de fornecedores, então você consegue ter a visão até do seu próprio fornecedor. O empresário pode não estar disposto a trabalhar com a marca dele estampada com aquele tipo de fornecedor, que fala ao celular enquanto dirige, ou trabalhe com uma pessoa não autorizada no caminhão, ou pior, dirija de forma imprudente na estrada. 

Por outro aspecto, a IoT é como uma fonte de informação, então, se você não fizer nada com esses dados, não terá o ganho que está procurando, não vai reduzir o custo, nem prevenir o acidente, nem reduzir roubos e fraudes. 

Por isso a importância da análise desses números, uma vez que chegam aqui na Pointer, para a área de consultoria, eles são avaliados e devolvidos em forma de feedback analisando se estão atingindo o compliance da empresa ou não. E esse é o diferencial da Pointer, a competência de avaliar os dados e as recomendações de mudanças da gestão para ter melhorias.

Como a IoT impacta na vida do empresário e do colaborador?

Em relação ao empresário, a IoT traz informação, porque se ele não fizer nada, a cultura organizacional errada não muda. Então com informação para criar novas políticas e para verificar que elas estão sendo cumpridas, ele está mudando para melhor toda a cadeia dele. 

Para simplificar, vamos imaginar que temos uma carga, e ela tem apenas duas rotas, e ao analisar os dados você vê o que nível de trepidação de uma rota de 0 a 10 é 8, e a outra rota é 10 km a mais, mas é 0 trepidação. Em termos de risco para uma carga com ovos, é melhor ir pela rota maior, vale a pena a quilometragem maior. Então, em suma, é como você pode usar aquela informação e transformar em dinheiro, você terá menos ovos quebrados, menos frutas machucadas, até menos animais mortos.

A IoT veio para revolucionar o pensamento dos empresários, focar no que é melhor. Traz informações que antes não eram possíveis e agora transformam as dimensões nos negócios.