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WIKIAGRO

Recentemente, tive o privilégio de participar de uma reunião de um grupo Cite - Clube de Integração e Troca de Experiências, em uma propriedade rural em Camaquã (RS)


Publicado em: 03/12/2013 às 01:00hs

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Os grupos Cites, criados na década de 1970 para fomentar o desenvolvimento tecnológico e o aumento de produtividade da atividade rural, foram baseados em uma bem-sucedida experiência francesa da década de 1940, que se espalhou pela Europa e pela América do Sul, especialmente, Uruguai, Argentina e Brasil.

Mesmo sendo uma experiência já com algumas décadas de existência, ao ver aqueles produtores, de várias idades e formações profissionais diversas (tinha até um publicitário no meio), percebi que se tratava de algo genuinamente “wiki”. O conceito de colaboração, que está tão em moda e defendido por pensadores, como o canadense Don Tapscott, se converteu em uma das formas mais poderosas de geração de conhecimento e crescimento de negócios.

É fato que aqueles senhores fazem parte de uma elite, dentre os produtores rurais, com uma veia empreendedora e uma busca por novidades acima da média. Mas, certamente, o resultado vai além dos limites das suas propriedades, beneficiando toda a comunidade onde estão inseridos com inovações importantes. Foi de forma semelhante que muitas históricas foram viabilizadas como o plantio direto, que salvou o País de perder milhares de quilômetros quadrados de terras produtivas e aumentou, exponencialmente, a produtividade das lavouras.

Mas o que faz este tipo de encontro ser tão efetivo? São vários fatores. Entre outros aspectos, o foco em assuntos pertinentes, escolhidos pelos integrantes visando resolver problemas comuns, o conhecimento de novas tecnologias e avaliação de resultados obtidos com determinadas práticas. O foco é total em resultados, mantendo a discussão com base nos fatos e nos dados. Toda novidade é bem-vinda, como fonte de inovação, mas é sempre submetida a uma avaliação criteriosa e testada de todas as formas possíveis.

Um profissional de qualquer empresa de insumos, equipamentos ou serviços pode ser bem recebido neste grupo, desde que o tema seja pertinente – eles sabem separar muito bem o comercial do técnico.  Estamos falando de um grupo de empreendedores, que conhecem o seu negócio no detalhe e não são ingênuos.

Vendo aqueles produtores, trocando experiências, aprendendo em grupo, de uma forma absolutamente simples e cordial, pude perceber que este ramo de negócio traz consigo questões profissionais mescladas com um estilo de vida próprio que se sobressaem ao estilo de vida agitado e excessivamente competitivo de outros setores da economia. Não é à toa que o agronegócio brasileiro está se destacando tanto diante dos outros setores da economia.

Paulino Jeckel é agrônomo e gestor da área de agronegócios da Escala, agência de publicidade.

Fonte: In Fixo Comunicação

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