Publicado em: 20/03/2014 às 00:00hs
Com o crescimento populacional, o aumento nos custos da agricultura profissional e a busca por atividades sustentáveis, é importante encontrar meios para se produzir mais, com melhor qualidade, baixo custo e sem necessidade de intervenção em novas áreas.
Além dos desafios citados acima, o mercado enfrenta também a diminuição da disponibilidade e o aumento dos custos da mão de obra no campo, bem como mudanças no clima e novas pragas e doenças. Para resolver essa diversidade de obstáculos é necessário aumentar a eficiência e incrementar a produtividade na agricultura global.
Alguns estudos como o de Boyer (1982) demonstram que conseguimos produzir em torno de 25% da capacidade potencial genética das culturas, o que nos mostra que ainda há muito a entender sobre os fatores que afetam a produtividade dos cultivos.
Para buscar incrementos na produção é necessário encontrar novas tecnologias que exigem um maior conhecimento da fisiologia das plantas e de como potencializar a interação destas com o ambiente, ou seja, da ecofisiologia. Por meio desse conhecimento podemos superar gargalos e atuar pró ativamente minimizando efeitos deletérios sobre a produtividade das plantas.
O setor de tecnologia em nutrição vegetal tem desempenhado um papel importante nesse sentido, desenvolvendo estudos junto a órgãos de pesquisa com fertilizantes associados a substâncias orgânicas, como extratos vegetais e aminoácidos, buscando efeitos adicionais aos nutricionais, já bem conhecidos pela ciência.
Esse tipo de produto é conhecido pelo mercado sob a denominação de bioestimulante e tem apresentado um conjunto de resultados bastante promissor em relação a respostas em determinados processos metabólicos, que resultam em ganhos de produtividade para as culturas. É importante ressaltar que o termo bioestimulante não é reconhecido em nossa legislação, levando o mercado a se referir aos produtos como fertilizantes com AÇÃO bioestimulante.
Empresas brasileiras, universidades e centros de pesquisa têm realizado ao longo dos últimos anos uma série de trabalhos de aplicação de fertilizantes foliares combinados a essas substâncias que se mostraram eficientes em melhorar fatores importantes do metabolismo vegetal. Por meio desses trabalhos foi possível constatar relações destes produtos com maior resistência aos estresses, aumento de atividade de enzimas, maior síntese de clorofila e enraizamento, que resultam em ganhos de produtividade.
No gráfico abaixo são apresentados resultados de um trabalho de pesquisa realizado em 2010 com a cultura do tomate, em que se analisou a produtividade em dois sistemas de cultivo, a campo e protegido, mediante a aplicação de diferentes frequências e doses de um fertilizante com extrato de algas. É possível concluir que na dose de 0,3%, com aplicações quinzenais, houve resposta significativa em produção, em ambos os sistemas, confirmando o efeito desse produto no aumento da produtividade do tomate.
(Gráfico) Produção média de tomate (cv Piccolo) por planta, em função de doses e frequência de aplicação de extrato de alga, Curitiba, 2010.
Dados estatísticos: CV% 2,0; DMS comparativos entre os dois sistemas de produção = 99,8; DMS comparativos entre os tratamentos = 67,4.
*E.A. = Extrato de alga Ascophyllum nodosum. (L.) jolis; E.A.S. = Extrato de alga semanal; E.A.Q. = Extrato de alga quinzenal; Letras minúsculas diferentes, indicam que houve diferença estatística (Teste de Tukey a 5% de probabilidade) entre os tratamentos, dentro do mesmo sistema de cultivo (Protegido ou Campo); Letras maiúsculas diferentes indicam que houve diferença estatística entre os sistemas de cultivo, dentro de um mesmo tratamento (doses e frequência de aplicação de E.A.).
Trabalho publicado em 2012, por Koyama et al., na Revista de Ciências Agrárias Amazonian Journal of Agricultural and Evironmental Sciences – www.ajaes.ufra.edu.br
Estudos como esses têm sido muito valorizados no mercado, pois seus resultados garantem segurança às empresas e aos agricultores, pois atestam os reflexos do fertilizante com ação bioestimulante na produtividade das culturas.
Felizmente o número de publicações e de pesquisadores envolvidos nesse tipo de projeto tem crescido nos últimos anos em resposta ao incremento no uso dessas tecnologias no campo. Por outro lado, como uma ciência ainda nova, há muito que descobrir e aprimorar, inclusive em termos de métodos de avaliação e de protocolos de pesquisa, para que tenhamos à disposição dos agricultores cada vez mais ferramentas que efetivamente aumentem a produtividade e respondam a demanda global crescente de alimentos.
Roberto Berwanger Batista é diretor técnico da Microquimica