Gestão

Complexo de vira lata?

Porque essa mania de só salientar as coisas negativas do nosso país


Publicado em: 28/07/2008 às 17:29hs

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Interessante a atitude do cidadão brasileiro. Ele adora o Brasil, mas não perde uma oportunidade para criticá-lo. Eventualmente, alguns deixam o País para ganhar mais dinheiro lá fora, mas voltam correndo para gastá-lo aqui. Com dinheiro no bolso, não imaginam outro lugar para viver. Parecem pessimistas, mas são essencialmente otimistas. Gostam e acreditam no Brasil.

Então, porque essa mania de só salientar as coisas negativas do nosso país, enquanto os americanos, por exemplo, fazem exatamente o contrário: só falam das coisas boas da sua terra. As coisas ruins eles as escondem, sempre que possível. Autocensuram-se, omitindo fatos e fotos que poderiam afetar a boa imagem do seu país.
 
Poderíamos fazer o mesmo, mas não fazemos. Quando o Brasil logra um feito de reconhecimento mundial, vem logo a galera se manifestando com um: “nem parece o Brasil”. Quando o fato nos envergonha, a conclusão é óbvia: “só podia ser o Brasil”.
 
Não sou sociólogo, mas bem que gostaria de entender as razões que levam um povo a preferir salientar as suas frustrações, ao invés de exaltar as suas glórias. Será complexo de inferioridade ou será porque a notícia ruim causa mais impacto do que a boa notícia? Autoflagelar-se faz bem à saúde? Se sim, está tudo explicado. Se não, só Freud explica.
 
Porque falamos com prazer das mazelas que diariamente freqüentam o noticiário nacional e não salientar as coisas boas do Brasil, que são muitas? Porque não falar, por exemplo, dos aviões da Embraer; dos carros flex; do etanol de cana; da Petrobrás, líder mundial na exploração de petróleo em águas profundas; da Embrapa, responsável por desenvolver o mais avançado conjunto de tecnologias para produção de alimentos em zonas tropicais; da Vale, a segunda maior mineradora do planeta; da Gerdau, maior produtora mundial de aços longos; da Inbev, maior complexo cervejeiro do mundo; da nossa indústria automobilística, líder mundial em marcas?
 
Porque não dizer que o Brasil figura como um dos maiores produtores e exportadores de alimentos; que é do Brasil a JBS-Friboi, frigorífico líder mundial no abate de bovinos (47.100 cabeças/dia); que estamos entre os cinco países com o maior número de telefones, jatos executivos e helicópteros; que é do Brasil o mais moderno sistema bancário e de apuração de eleições; que somos o país em desenvolvimento com o maior número de empresas com ISO 9.000?
 
Porque não nos ufanamos do penta campeonato de futebol, o esporte mais popular do Planeta e que somos quase imbatíveis em futebol e vôlei de praia e em futebol de salão? E o que dizer do respeito mundial que gozam os nossos pilotos da Fórmula Um e da Fórmula INDI?
 
Porque dar tanta atenção às críticas sobre a destruição das nossas matas, sem informar que 85% da floresta amazônica brasileira ainda está em pé, enquanto as florestas dos que nos criticam sumiram, faz tempo, e finalizar dizendo, com o peito estufado, que 46,4% da matriz energética do Brasil é renovável, contra apenas 12% no resto do mundo ou 6% nos países desenvolvidos?
 
Talvez fosse um bom começo sugerir, aos brasileiros que desdenham a sua própria terra, que elevem a sua auto-estima e abandonem o complexo de vira-lata, iniciando por uma melhor escolha dos seus representantes no Congresso Nacional e nas Câmaras Municipais e votem com mais consciência nas eleições que se aproximam. Votar consciente é informar-se sobre quem foi o cidadão que agora pede o voto e dá-lo a quem foi correto antes de ser candidato, porque quem foi torto, não será direito depois de eleito.
 
Engº Agrº Amelio Dall’Agnol
amelio@cnpso.embrapa.br

Fonte: Embrapa Soja

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