Publicado em: 23/10/2020 às 08:56hs
Hoje em dia, o termo ESG (Environmental, Social e Governance), ou seja, Governança Ambiental, Social e Coorporativa, está em alta seja no mundo empresarial, quanto na sociedade em geral. Isso porque as empresas e indústrias entenderam que desenvolvimento pode andar aliado à sustentabilidade e ao meio ambiente e os consumidores, em todos os segmentos, estão cada vez mais atentos, críticos e exigentes, desde a cadeia de produção até o consumo ou compra final. O tema Desenvolvimento Sustentável, integrado em três dimensões (econômica, social e ambiental) não é novo, apesar de muitos de nós remetermos sustentabilidade somente ao pilar ambiental.
O entendimento de que o progresso de que um pilar limita o outro já está exaurido. A relação entre os conceitos de economia e ecologia pode ser identificada em suas próprias origens. Ambas originam do elemento “Eco”, que vem do grego “Oikos” e significa casa, lar, meio ambiente. Um modelo econômico sustentável considera a gestão responsável dos recursos naturais e práticas de desenvolvimento social como fatores determinantes de sucesso e performance de resultados superior.
Uma empresa de práticas sustentáveis atua não somente no impacto de seus produtos e serviços no meio ambiente e nas comunidades que atendem, mas também no tratamento justo e igual às pessoas que emprega, entendendo seu papel na sociedade e adotando mudanças, apresentando soluções para problemas sociais e ambientais.
Outras empresas, ainda acreditam que seja possível manter-se somente no pilar econômico da tríade, focando em suas linhas de negócio e resultados e fechando os olhos para os acontecimentos sociais e climáticos que ocorrem ao redor do mundo.
Sabemos que a viabilidade econômica é o elemento central do desenvolvimento sustentável, pois é por meio da circulação de riquezas e da criação de valor que são gerados os empregos e se proporciona à comunidade a possibilidade de melhoria de suas condições de vida. Entretanto, preocupar-se com toda a cadeia de partes interessadas envolvidas em suas atividades, além de ser uma exigência cada vez maior do consumidor, que muitas vezes se recusa a utilizar produtos e serviços que não estejam de acordo com práticas sustentáveis, passa a ser um tema cada vez mais relevante na visão dos investidores.
Investir com propósito, ou seja, segundo prática dos critérios ESG passa a ser um fator de avaliação do valor de mercado de uma empresa, determinante para que o lucro do acionista ocorra. Portanto, estar comprometido com agenda de desenvolvimento sustentável não é mais opcional para quem quer crescer, hoje é fator competitivo e oportunidade de negócio
As empresas que adotam práticas ESG dentro de uma estratégia de longo prazo tornam-se mais competitivas, pois reduzem riscos em momentos de crise, os custos através de processos mais otimizados e aumentam a receita e a criação de valor, em consequência do maior interesse e identificação de valor percebido pelos clientes.
Uma pesquisa de 2018 com gestores de ativos conduzida por professores da Harvard Business School mostrou que agora mais de 80% dos investidores consideram os critérios ESG ao tomar decisões de investimento. O fato ocorre não apenas por causa da crescente demanda do cliente, mas também porque tais investidores acreditam que as informações ESG são essenciais para o desempenho do investimento.
Mas o que as empresas devem fazer para adaptarem seus negócios e contribuírem efetivamente para um ambiente mais sustentável?
No âmbito corporativo, é preciso transformar a sustentabilidade em valor relevante para a definição da identidade da companhia e trabalhar para frequentemente incorporar esses princípios na cultura e operações diárias. É papel das organizações estimular comportamentos individuais conectados à cultura organizacional sustentável, através de capacitação, promoção e estímulo ao desenvolvimento e incorporação de novos projetos sustentáveis aos processos atuais, acompanhando por meio dos indicadores sustentáveis e compondo essa nova prática organizacional com o objetivo de longo prazo de desenvolver uma estrutura que produza modelos operacionais mais justos e ambientalmente sustentáveis para os negócios no futuro.
Nesta jornada, é imprescindível contar com um time de liderança que vivencie esta estratégia, buscando cooperação entre as diferentes áreas e identificando as questões mais relevantes do setor de atuação e negócio como um todo, maximizando o desempenho em sustentabilidade, através de uma gestão de processos mais eficiente.
Mas como a Gestão de Processos interfere na Sustentabilidade? Ambos estão fortemente relacionados. Através de uma Gestão de Processos contínua e eficiente é possível ter uma visão ampla da cadeia de valor do negócio e, com isso, buscar tecnologias e ações que contribuam com a minimização ou eliminação de desperdícios e impactos socioambientais negativos causados pelas operações ou serviços.
Agora mais do que nunca, os significados amplos de negócio, propósito, ecologia, economia, sociedade, inovação, eficácia, eficiência e consciência estão deixando de ser percebidos como antagônicos para serem entendidos como complementares numa visão de sustentabilidade, segundo os critérios ESG.
Dentro de um pilar de governança é importante que as companhias desenvolvam práticas que incentivem o bem-estar dos colaboradores, a equidade e a transparência nas relações e prestação de contas. Estes fatores são essenciais para que a empresa gere valor para os stakeholders e garanta sua perenidade. Nesse sentido, é importante que a governança da sustentabilidade não seja atribuída somente à liderança, mas sim à toda a organização, a fim de garantir um programa de ESG eficiente, que considere controles focados na sustentabilidade, relatórios e indicadores chave de desempenho (KPIs).
Assim, as empresas que adotam o conceito ESG passam a identificar ameaças e problemas como oportunidades de negócios e obtém vantagem competitiva, através do desenvolvimento de processos mais otimizados, produtos mais inovadores e relações mais sólidas. Pensar em sustentabilidade no mundo corporativo, como se pode ver, deixou de ser um luxo ou modismo para ser um diferencial competitivo e uma obrigação para aqueles que querem seguir no mercado. Adaptar-se, se modernizar e pensar nos três pilares com paridade na gestão é essencial.
Jennifer Zuliani: é Head de Pessoas no Grupo Innovatech, com 14 anos de experiência na área de Recursos Humanos e desenvolvimento organizacional. Foi parceira de negócios de RH na WestRock Company e coordenou o processo de desenvolvimento de pessoas na Benteler Automotive. Formada em Administração de Empresas pela Faculdade Santa Lucia, é pós-graduada em Gestão de Pessoas pela FGV, com Especializações em Psicodrama pela ABPS, Relações Trabalhistas e Sindicais pela WCCA, além de formação de coach pela ICI.
Fonte: Fonte Comunicação
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