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Sustentabilidade no Agronegócio: O desafio está em campo!

Para apoiar o desenvolvimento na área rural e garantir, simultaneamente, as orientações para um mundo mais sustentável, uma das chaves para desvendar este desafio está na capacidade de geração de parcerias e integração dos diferentes agentes que compõem o agronegócio


Publicado em: 28/03/2012 às 08:00hs

Sustentabilidade no Agronegócio: O desafio está em campo!

No momento em que o tema da sustentabilidade move decisões políticas, como caso do Código Florestal, bem como discussões globais, por meio da Conferência da ONU Rio + 20, em junho deste ano no Rio de Janeiro, o Programa de Formação em Gestão Sindical e em Gestão de Pessoas no Segmento Rural, coordenado pela Federal da Agricultura do Paraná, abre uma janela de oportunidade para dialogar a respeito da temática: sustentabilidade ética, social e ambiental no campo, que foi foco do curso de ética empresarial ministrado pela Prof. Dra. Ana Paula Arbache, e os frutos dos debates gerados no curso estão expostos nas ideias que seguem.

Neste debate, consideramos a sustentabilidade como um conceito maior, no qual estão inseridas as abordagens ética, social e ambiental. A pauta esteve centralizada no desafio de aliar desenvolvimento econômico à necessidade de maior gerenciamento dos recursos naturais disponíveis no planeta, deixando um legado positivo para as gerações futuras. Este desafio é complexo: crescer economicamente, mas de modo sustentável!

Para apoiar o desenvolvimento na área rural e garantir, simultaneamente, as orientações para um mundo mais sustentável, uma das chaves para desvendar este desafio está na capacidade de geração de parcerias e integração dos diferentes agentes que compõem o agronegócio. O fortalecimento de parceiros institucionais, sejam governos locais, cooperativas, sindicatos, associações técnicas e comunitárias, institutos de pesquisas, universidades, programas empresariais e institutos internacionais são importantes aliados neste caminho.

Pois bem, o papel destes diferentes agentes é o de encontrar os melhores cenários para enfrentar os problemas que podem afetar o agronegócio, quer sejam: os efeitos do aquecimento provocado pela emissão de gases de efeito estufa e a elevação da temperatura no planeta, reduzindo com isto, a produtividade na agricultura; a gestão do espaço rural, que deve compatibilizar a produção de alimentos e favorecer a agroenergia; a necessidade de fortalecer a agricultura familiar, favorecendo a qualidade de postos de trabalho no campo e a renda familiar; o gerenciamento da cadeia produtiva para minimizar os impactos negativos causados ao meio ambiente e garantir alta produtividade do solo em longo prazo; o monitoramento da chamada ?pegada hídrica?, ?pegada de energia? e ?pegada de carbono? no processo produtivo; e a promoção do crescimento, sob o lema ?crescer mais com menos?, otimizando os espaços produtivos e utilizando técnicas inovadoras em todo o processo.

Como se percebe, é preciso mais que boa vontade para sobreviver frente a estas questões. O que se propõe é uma gestão profissionalizada e inovadora, capaz de aliar as especificidades do agronegócio no presente e no futuro, às práticas sustentáveis.

Pontos importantes devem ser trazidos à tona, para direcionar as ações no segmento rural, como o uso sustentável da biodiversidade, os conhecimentos de biotecnologia, o desenvolvimento de agricultura orgânica e agroecológica, o fortalecimento da agricultura familiar com vistas à inclusão de geração de postos de trabalho e maior qualidade de vida no campo, extinção do trabalho escravo, o uso de novas técnicas para preparação do solo, plantio e colheita, como também no processo de armazenamento e distribuição logística dos produtos e o gerenciamento da rastreabilidade e certificação dos produtos, garantindo com isto, a potencialização da comercialização interna e externa.

De fato, o que se percebe é a necessidade de avançar na promoção de ações mais estratégicas e integradas no setor do agronegócio. Além de sair do amadorismo, é preciso modernizar as práticas no agronegócio aliando-as à pesquisas inovadoras ao processo produtivo. É relevante posicionar e valorizar a agricultura familiar, gerenciar o todo o processo produtivo garantindo a biossegurança dos alimentos e, acima de tudo, estabelecer parcerias capazes de responder a este cenário complexo que nos é apresentado.

Em um mundo vivido entre situações opostas, o desafio do agronegócio, principalmente no Brasil, se instala com força. Em uma ponta temos que abastecer o mundo de alimentos, seja para famintos, ou para consumidores conscientes e exigentes a respeito da nutrição humana e da sustentabilidade ética, social e ambiental no campo. Na outra ponta, está a urgência de dar suporte a disseminação de energias renováveis ? agroenergia - como o biocombustível.  No centro, para equilibrar esta balança, estão as diretrizes sustentáveis.

Não há fórmulas mágicas para vencer o desafio. O que há é a necessidade de uma maior profissionalização do gestor rural, bem como, daqueles que fazem parte dessa cadeia produtiva. Aqui está o grande desafio a ser vivido pelo agronegócio, estabelecer este equilíbrio, gerando oportunidade, crescimento e superação para o sucesso em cenários futuros.

Sobre Ana Paula Arbache

Doutora em Educação pela PUC/SP também é docente dos cursos de MBA Gestão Empresarial da FGV e BSP, além de ser orientadora e avaliadora dos cursos de pós-graduação Lato Sensu  da mesma instituição. Sócia-diretora da Arbache Consultoria é responsável pelas ações de Gestão de Pessoas, Cidadania Corporativa, Sustentabilidade Ética, Social e Ambiental. É autora das publicações: O Educador de Pessoas Jovens e Adultas numa perspectiva multicultural crítica e Projetos Sustentáveis: estudos e práticas brasileiras I e II e também ministra palestras nacionais e internacionais a respeito do tema.

www.arbache.com.br e www.arbache.blogspot.com

Fonte: MKT House

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