Capacitação

Projeto capacita pescadores no Maranhão

Peixes partiram de 35g e já atingiram média de 1kg após 5 meses de cultivo, faturamento deve chegar a R$ 25 mil na primeira despesca


Publicado em: 15/05/2012 às 16:40hs

Projeto capacita pescadores no Maranhão

Desenvolvido em um braço no rio Parnaíba (MA) pela Embrapa Meio Norte, o Projeto Boa Esperança traz aos pescadores da região a oportunidade de capacitação na criação de peixes em tanques-rede e o consequente aumento da renda. Em nove dos doze tanques-rede da unidade demonstrativa, eles estão retirando, em média, 500kg de peixe das espécies tilápia e tambaqui. O peixe é vendido a R$ 6 o quilo no atacado e a R$ 7 nas feiras livres. Com isso, os pescadores esperam faturar pelo menos R$ 25 mil na primeira despesca.

É montada uma unidade demonstrativa onde os pescadores e agricultores são responsáveis pela manutenção e a Embrapa entra com todo o suporte para o funcionamento desta (tanques-rede, ração, alevinos, casa de apoio, assitência técnica). Eles são capacitados em todas as etapas da criação, desde a escolha da área, montagem dos tanques-rede, recepção dos alevinos, manejo dos peixes, arraçoamento, qualidade de água, despesca e comercialização. A capacitação é feita ensinando na teoria e depois eles aplicando na prática como deve ser feito com o acompanhamento técnico — conta Valdemir Queiroz, pesquisador da Embrapa Meio-Norte.

O projeto foi iniciado em 2008 com a escolha das áreas e formação dos grupos. Devido à grande oscilação da água do reservatório (Represa Hidrelétrica), a Embrapa teve que acompanhar o volume da represa durante um ano e esperar as menores cotas para definir os melhores pontos que apresentavam uma profundidade mínima para criação de peixes em tanques-rede.

Após definidos os pontos, foi dada entrada no Ministério da Pesca solicitando a autorização de uso de água da união para criação de peixe por se tratar de um reservatório federal. Essa autorização é coordenada pelo Ministério da Pesca que encaminha os pedidos à Marinha, Agência Nacional de Águas e depois Secretaria de Patrimônio da União. Ela foi conseguida em 2011 e em novembro foram colocados os tanques-rede com peixes na água — explica o pesquisador.

O projeto já atingiu diretamente 20 famílias em Guadalupe e 18 famílias em Nova Iorque. No final de abril, começou em Benedito Leite com 8 famílias. Em Guadalupe e Nova Iorque os peixes atingiram uma média de 1kg após 5 meses de cultivo, partindo de 35g. Além disso, 80% das pessoas capacitadas vão ampliar o criatório para que esta atividade passe a ter retorno financeiro para todas as famílias envolvidas.

Segundo Queiroz, a ideia é que o projeto aumente a renda das pessoas envolvidas direta e indiretamente na atividade, além de estimular o consumo de peixe na região, que tem sido comercializado à um preço menor que o pescado no reservatório.

De maneira geral, mais famílias tem acesso à um alimento de qualidade e preço acessível — afirma.

Para ele, a meta é ainda formar grupos que vivam da criação de peixe e se tornem autossuficientes, conseguindo comprar todos os insumos e vender todo o pescado produzido na região e em outras cidades, para que com isso, diminua a intensidade da captura dos peixes do reservatório.

Queiroz afirma ainda que o grande desafio é implantar uma cultura de associativismo, em que eles trabalhem em conjunto; e que haja uma política pública de incentivo à criação de peixes, ou seja, subsídios aos insumos, assistência técnica especializada, licenciamento ambiental e campanhas de incentivo ao consumo de pescado.

Mas o maior desafio é conseguir a outorga em nome dos grupos capacitados. A grande expectativa é a criação do Parque Aquícola da Boa Esperança, onde o produtor receberia autorização para uso de áreas já licenciadas pelo MPA — explica.

Hoje, esses produtores vivem exclusivamente da pesca e de outros trabalhos temporários que realizam na região. Segundo o entrevistado, geralmente pescam em torno de 110kg de peixes por mês, o que rende aproximadamente um salário mínimo por mês durante 4 meses. Ainda de acordo com o pesquisador, a aceitação por parte dos produtores tem sido satisfatória.

A aceitação é muito boa e as perspectivas também, pois 80% das pessoas capacitadas vão ampliar a atividade através do financiamento bancário (Pronaf) — diz.

Para mais informações sobre o projeto, basta entrar em contato com a Embrapa Meio-Norte através do número (86) 3089-9100.

Fonte: Embrapa Meio-Norte

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