Análise de Mercado

Setor leiteiro pressiona governo a pôr fim na importação de lácteos

Crise da cadeia leiteira será discutida na próxima reunião da Câmara de Comércio Exterior (Camex), que congrega sete ministérios.


Publicado em: 31/05/2012 às 16:10hs

Setor leiteiro pressiona governo a pôr fim na importação de lácteos

O presidente da Comissão Nacional da Pecuária de Leite da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Rodrigo Alvim, manifestou preocupação com o aumento das importações de leite em pó do Uruguai, em audiência pública realizada, na terça-feira (29), na Subcomissão de Leite, na Câmara dos Deputados, para debater o controle das importações predatórias de leite. Segundo Alvim, a produção de leite no Uruguai, que no ano passado cresceu 20%, este ano deverá aumentar 22%. "Será que esse aumento é para atender o mercado interno uruguaio?", ironizou o presidente da Comissão de Leite da CNA. De 2008 para cá, a média de importação do produto uruguaio cresceu mais de 900%.

Em 2008, a média de importação do leite em pó uruguaio era de 375 toneladas mensais. Nos primeiros quatro meses deste ano, o Brasil importou um volume médio de 3,8 mil toneladas por mês do país vizinho. Essa quantidade, acrescida das importações chilenas e argentinas do mesmo produto, chega a um volume médio de 8,5 mil toneladas por mês. O impacto dessas importações para a cadeia produtiva no Brasil já se reflete na redução do índice de captação de leite nos últimos 17 meses. Segundo dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), de janeiro a março deste ano, o índice de captação não cresceu pela primeira vez desde a sua criação. No mês de março, o índice registrou queda de 4% em relação a fevereiro.

Outro problema que agrava a situação da cadeia produtiva do leite são as assimetrias existentes entre os países do Mercosul, como o câmbio, custos de produção e até o clima. Para se ter uma ideia do quanto esses fatores impactam no mercado, a indústria brasileira vende o quilo do queijo muçarela pelo preço de R$ 10,30 no atacado, enquanto que o produto argentino chega ao mercado varejista nacional a R$ 7,50, o quilo. De acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), o preço médio de importação do leite em pó, em março deste ano, foi 25% menor que o preço do produto nacional. "A alta nos custos de produção tem afetado fortemente a produção brasileira de leite", afirmou Alvim.

O secretário-executivo do Mapa, José Carlos Vaz, secretário de agricultura familiar do MDA, Laudemir Müller e o coordenador de defesa comercial do MDIC, Marcos Fonseca, comprometeram-se a levar as reivindicações do setor lácteo ao próximo encontro da Câmara de Comércio Exterior do governo (Camex).

Fonte: DCI - Diário do Comércio & Indústria

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