Publicado em: 15/12/2023 às 17:00hs
Por exemplo, os Estados Unidos estão acumulando cada vez mais estoques de gasolina e de destilados médios, o que deve impactar, em breve, os cracks do mercado de refino. Considerando todos os aspectos, o final de 2023 aponta para uma desvalorização no complexo energético, e 2024 pode ser bastante desafiador com os riscos de mercado existentes.
“Embora o complexo energético tenha enfrentado desafios ao longo de 2023, especialmente no final do ano, quando os preços do petróleo bruto diminuíram, as refinarias ainda obtêm margens de lucro robustas. No entanto, isso ainda é consequência da queda acentuada dos preços do petróleo nos últimos meses, o principal insumo na produção de gasolina, destilados médios e outros combustíveis. Agora, o aumento dos estoques nos Estados Unidos é um sinal de que os cracks podem diminuir em breve. Além disso, os desafios para 2024 aumentam em meio a um ambiente de altas taxas de juros, demanda reduzida e sinais de menor cooperação entre os países da OPEP+”, diz Victor Arduin, analista de Energia e Macroeconomia da companhia.
A queda do custo do petróleo bruto nos últimos meses manteve as margens dos produtos de refino, como a gasolina e o óleo para aquecimento, estáveis.
“Essa tendência se reflete no crack spread do WTI 3:2:1, que permanece acima de sua média de cinco anos, em US$ 22,56. Essa medida indica que o processo de refino está gerando lucros saudáveis no momento, apesar do declínio geral do complexo energético. O mesmo ocorre em outros benchmarks globais de refino, alguns com intensidade ainda maior. Nesse contexto, a Arábia Saudita anunciou recentemente descontos aos seus compradores em busca de manter a participação no mercado em um ambiente mais competitivo, onde petróleos sancionados, como o Urals da Rússia, permitem que as refinarias obtenham melhores margens. Em termos históricos, os cracks de refino pós-COVID-19 permanecem excepcionalmente altos”, diz o analista.
Entretanto, é importante mencionar que esse ambiente pode não ser manter nos próximos meses. Os recentes aumentos nos estoques dos EUA sinalizam a possibilidade de um excedente no mercado.
Os estoques de gasolina, que já ultrapassaram a média de cinco anos, continuam acumulando. Ainda, as refinarias estão se esforçando para aumentar a produção de destilados médios, que atualmente oferecem melhores margens de lucro.
“No entanto, esse esforço para aumentar a produção, acabará, cedo ou tarde, contribuindo para o crescimento dos seus estoques também, o que terá um impacto baixista em seus futuros. Se isso não bastasse para trazer uma perspectiva mais baixista, também é importante considerar o complicado ambiente macroeconômico de altas taxas de juros, uma possível recessão na Europa e menor demanda na China. Esses riscos estão alimentando as expectativas de menor consumo energético em 2024”, observa.
Depois de um ano de 2022 excepcionalmente alto para as commodities energéticas, este ano deverá terminar com uma desvalorização geral do complexo energético. Isso é explicado pela queda abrupta do petróleo, o principal insumo e custo na produção de vários produtos refinados.
“O ambiente atual de taxas de juros restritivas, as preocupações com a recessão na Europa e a menor demanda nos Estados Unidos, que aumentou nos últimos meses seus estoques, são as principais causas da recente queda nos principais índices de referência do petróleo, em que somente neste mês o WTI caiu 4,73 (-6,23%) e o Brent 6,99 (-8,44%) USD/barril. Embora os riscos de queda no lado da demanda sejam significativos, o lado da oferta não é muito diferente”, explica.
O grupo OPEP+ mostrou menos coordenação em sua estratégia de cortes de produção em sua última reunião, e os países não pertencentes à OPEP estão ganhando mais participação no mercado. Como resultado, o déficit de energia é significativamente menor do que o esperado meses atrás, quando os principais índices de referência do petróleo estavam acima de US$ 90.
Embora o complexo energético esteja caminhando para uma desvalorização em 2023, é importante considerar que 2022 foi um ano extremamente altista para as commodities de energia. A invasão russa na Ucrânia aumentou o risco de interrupções no fornecimento de petróleo e gás natural para a Europa, elevando significativamente o valor desses recursos. Portanto, é natural que os preços estejam convergindo para valores que são, em termos históricos, mais “normais”. Até o momento, observamos que as refinarias têm desfrutado de margens saudáveis. Apesar de os ganhos terem sido menos significativos em comparação com o ano passado, este ano foi de altos spreads de refino quando observada sua série histórica.
No entanto, a queda nos preços do petróleo, refletindo os riscos de demanda, poderá em breve afetar as margens das refinarias, especialmente com o aumento dos estoques de gasolina e destilados médios nos Estados Unidos. Nesse contexto, espera-se que o próximo ano seja mais desafiador para commodities energéticas, o que em algum momento se refletirá em margens mais baixas nas refinarias.
Fonte: hEDGEpoint Global Markets
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