Publicado em: 03/02/2025 às 14:00hs
O queijo Cabacinha, uma iguaria tradicional do Vale do Jequitinhonha, tem gerado renda para cerca de 300 famílias na região e está prestes a alcançar novos mercados. O Governo de Minas Gerais avança na regulamentação do produto, medida essencial para sua valorização e expansão comercial.
Na Fazenda Bonança, localizada em Pedra Azul, o casal José Valério de Souza Filho e Paloma Souza mantém viva essa tradição. Eles produzem o queijo Bonança, uma variação do Cabacinha, reconhecido como Patrimônio Cultural e Imaterial de Minas Gerais. O método de fabricação inclui ordenha no sistema bezerro ao pé, garantindo o bem-estar animal, além de um cuidadoso processo artesanal de moldagem manual da massa.
Cada produtor imprime sua assinatura ao queijo Cabacinha, conferindo identidade única a cada peça. “A gente sempre escuta: o queijo de fulano é assim, o de sicrano é desse jeito. Mas é porque cada um tem sua forma, tanto que não tem molde, o molde vem das mãos”, explica Paloma Souza.
José Valério iniciou a produção do queijo em 1994, mas precisou interromper a atividade devido à sua carreira bancária. Após se aposentar em 2018, retomou a tradição ao lado da esposa. "Desde criança, minha mãe e minha tia levavam pra gente comer aos sábados. É tradição em Pedra Azul", relembra Paloma.
A história do queijo remonta a mais de oito décadas, quando teria surgido a partir de sobras da produção de parmesão. Feito com leite cru e massa cozida, o Cabacinha tem sabor suave, similar ao da muçarela. Na Fazenda Bonança, ele ganha versões condimentadas com alho e até recheadas com goiabada.
O Governo de Minas concluiu recentemente um estudo de caracterização do queijo, conduzido por técnicos da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais (Emater-MG) e pesquisadores da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig). O estudo subsidiará a regulamentação pelo Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), permitindo a comercialização formal do produto em todo o país.
"A regulamentação beneficiará cerca de 300 produtores em nove municípios, garantindo mais segurança para a venda. Além do impacto econômico, a certificação fortalece a cultura e impulsiona o turismo na região", destaca Lucianara Guimarães Miranda, coordenadora técnica regional da Emater-MG.
Para organizar e fortalecer o setor, foi criada a Associação dos Produtores de Queijo Artesanal Cabacinha do Jequitinhonha (Aprocaje), presidida por José Valério. Com apoio da Emater-MG, a entidade já reúne mais de 30 produtores e busca ampliar sua representatividade.
“Pode ser que um pequeno produtor tenha uma preciosidade guardada. É preciso que ele abra para as pessoas conhecerem e acredite que isso pode transformar sua realidade. O sucesso fortalece a sucessão familiar, garantindo que as próximas gerações deem continuidade a essa tradição”, enfatiza José Valério.
Com a regulamentação e o fortalecimento da produção, o queijo Cabacinha tem potencial para se consolidar como um dos grandes ícones gastronômicos de Minas Gerais, preservando a identidade cultural do Vale do Jequitinhonha e impulsionando sua economia.
Fonte: Portal do Agronegócio
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