A produção agropecuária de Mato Grosso deverá fechar o ano com um novo ganho em receita. O Valor Bruto da Produção (VBP) deverá somar mais de R$ 33,92 bilhões, cifras recordes e que refletem uma conjuntura interna e externa que congrega incremento de produção, de preços e de demanda. A projeção, apresentada na sexta-feira (3), foi a segunda divulgada neste ano pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) e foi revista em relação aos números de maio, superando em 6% a estimativa inicial para 2012 que era de R$ 31,48 bilhões e em quase 20% o realizado no ano passado, R$ 28,39 bilhões.

O resultado, considerado extremamente positivo pelo Imea, está sedimentado nos ganhos da agricultura que neste ano responde por 75% do total, ante participação de 72% no consolidado do ano passado. Esse ganho é decorrente do bom momento para soja e para o milho segunda safra, culturas de maior peso na economia local. Apenas neste ano, de janeiro a julho, a saca da soja valorizou 88%, passando de médias de R$ 37,24 para R$ 69,89 no Estado, e o milho de R$ 14,08 para R$ 21,68, médias para o mesmo período.

Dos R$ 33,92 bilhões projetados, R$ 25,60 bilhões serão gerados na agricultura (soja, milho, algodão, arroz, cana e produtos florestais) e R$ 8,37 bilhões virão da pecuária (bovinos, aves, suínos e leite), que se confirmados estarão 23,5% e 8,6% maiores em relação a 2011, respectivamente. Mesmo com a ascensão dos dois grupos, o gestor do Imea, Daniel Latorraca, chama a atenção para o fato de que na pecuária, o ganho é proveniente do aumento dos rebanhos e da produção no caso do leite. “Ao contrário disso, os ganhos na agricultura são frutos de um tripé de fatores inéditos: produção recorde, preços recordes e comercialização da produção em tempo recorde, tudo isso fomentado pela demanda mundial por grãos”.

Como destaca o diretor da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado (Famato), Seneri Paludo, o VBP é um importante indicador porque ele avalia a receita das atividades agropecuárias dentro da porteira, ou seja, dinheiro que circula no segmento e vai reverberar nas cidades e na economia do Estado. “Quanto maior o VBP, mais moeda estará em circulação na nossa economia”. Como define o Imea, O VBP é um indicador considerado muito importante na agropecuária porque ele retrata exatamente a renda gerada da porteira para dentro, já que para se chegar a um montante considera-se o volume produzido e os preços pagos pelo mercado ao longo de cada mês.

MEIO BILHÃO - A expansão do VBP traz a reboque um outro efeito positivo na economia que é a geração de renda, como destaca a analista de conjuntura econômica do Imea, Gemelli Lyra. “Para se ter uma ideia, com o aumento da produção da soja e do milho e da demanda externa pelos grãos mato-grossenses, esperamos que sejam gerados 33 mil novos empregos diretos, indiretos e induzidos dentro destas cadeias entre este ano e o próximo. Esse novo contingente representa 38% da mão-de-obra empregada neste ano na agropecuária e considerando a média de salários teremos uma injeção de cerca de meio bilhão com o pagamento de salários”. Paludo completa dizendo que a esse meio bilhão será todo revertido para o consumo, girando especialmente no comércio e varejo em geral.

Como observa Latorraca, as receitas originadas na soja, no milho, no algodão e na pecuária correspondem por 91% do VBP mato-grossense, e que por isso, a movimentação dessas atividades é tão importante para o sucesso do segmento.

Para os próximos meses, o Imea acredita em uma revisão, para cima novamente, do VBP estadual em razão da safra de milho que segue em colheita e que ainda tem cerca de 30% das 14,23 milhões de toneladas estimadas para comercializar. “O mercado para o milho, mesmo com a pressão da superoferta, segue aquecido e certamente novos preços históricos serão registrados e isso influenciará no VBP total”. A analista de conjuntura econômica do Imea, Gemelli Lyra, completa lembrando que se o preço se mantiver na casa de R$ 21 por saca, “levará a um maior VBP para o grão”, explica.