Análise de Mercado

Para analistas, aumento no preço médio de commodities em maio foi passageiro

O preço médio das commodities internacionais com impacto na inflação brasileira interrompeu sequência de quedas verificadas desde o início do ano e subiu 0,55% entre abril e maio, segundo dados divulgados ontem pelo Banco Central (BC)


Publicado em: 06/06/2013 às 15:50hs

Para analistas, aumento no preço médio de commodities em maio foi passageiro

No ano, no entanto, o Índice de Commodities do BC (IC-Br), calculado a partir das cotações convertidos para reais, acumula queda de 7,38%.

Para economistas, no entanto, essa reversão foi apenas pontual, já que a tendência para os preços de matérias-primas, principalmente grãos como milho, soja e trigo, ainda é de queda. No entanto, se a expectativa é que as cotações de commodities recuem em dólares, há ainda alguma dúvida em relação ao papel que a taxa de câmbio exercerá neste prognóstico quando os preços forem convertidos para a moeda brasileira.

Entre os subgrupos, a maior alta verificada no mês passado foi nos preços das commodities energéticas, como petróleo, que subiram 2,26% na comparação com abril. O indicador que mede as cotações agropecuárias teve alta em maio, de 0,45%, ante abril. Para Robson Pereira, economista do Bradesco, parte da alta do índice pode ser atribuída ao comportamento da taxa de câmbio no período, já que o dólar se valorizou 7,1% em relação ao real. No mês, o milho, o algodão e o trigo caíram nos mercados internacionais, embora tenha havido alta da soja.

Já as commodities metálicas recuaram 0,7% em maio. Para Pereira, o minério de ferro ajudou a segurar o IC-Br no mês passado, já que o minério ficou cerca de 20% mais barato no mercado à vista.

O economista do Bradesco atribui parte dos movimentos à volatilidade presente nos mercados internacionais, em função de preocupações com o clima. No entanto, a expectativa é de uma supersafra de soja, milho e trigo neste ano. No relatório de maio do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA), que traz uma primeira projeção para a próxima safra, o prognóstico foi bastante positivo, afirma. As cotações internacionais dessas commodities, portanto, devem continuar a ceder, principalmente no segundo semestre, quando será colhida a safra americana.

Os fundamentos macroeconômicos, sugerem os analistas do Itaú Unibanco, Artur Manoel Passos e Verena Paiva, também são consistentes com queda das commodities. Os economistas notam que as projeções de crescimento da China e de outras economias emergentes continuam a ser revistas para baixo. Além disso, o dólar segue apreciado ante uma cesta de moedas, o que tende a pressionar para baixo as cotações.

Para Daniel Moreli, superintendente de tesouraria do Banco Indusval & Partners, está bastante claro que o ciclo de alta de commodities que prevaleceu na última década ficou para trás. "A Ásia, e principalmente a China, estão apresentando crescimento menor, e por isso dificilmente voltaremos a ver um ciclo forte de alta de matérias-primas". Provavelmente, este é o cenário a que a autoridade monetária brasileira fez referência em seus últimos documentos ao destacar as "evidências de acomodação dos preços nos mercados internacionais de commodities.

Desde a publicação da ata da reunião de abril do Comitê de Política Monetária (Copom), no entanto, Moreli avalia que novos elementos merecem ser destacados. "A alta do dólar no mundo, em função da melhora da economia americana e a expectativa de retirada de estímulos por parte do Fed precisarão ser levadas em conta pelo BC", afirma. É o câmbio, diz Moreli, que tende a encarecer em reais as commodities cotadas em dólar e pode trazer impacto para a inflação brasileira, mais do que as oscilações das matérias-primas nos mercados internacionais. Para o economista, é possível que o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), um dos itens que compõem o Índice Geral de Preços (IGP) da Fundação Getulio Vargas (FGV), volte ao campo positivo antes do que sugere a sazonalidade. "O IPA, que costuma voltar a campo positivo entre agosto e setembro, pode antecipar esse movimento para julho por causa do dólar".

O efeito sobre o câmbio da retirada do IOF de 6% que incidia sobre aplicações de estrangeiros em renda fixa ainda é incerto, avalia.

Fonte: Canal do Produtor

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