Publicado em: 05/03/2025 às 18:20hs
A recente decisão da China de aplicar tarifas de 10% a 15% sobre produtos agrícolas dos Estados Unidos, incluindo soja, milho e carne, pode abrir uma janela de oportunidades para o Brasil expandir suas exportações ao mercado chinês, já que o país asiático é o maior destino das exportações brasileiras de soja. Alê Delara, diretor da Pine Agronegócios, destaca que, diante do cenário de intensificação da guerra comercial entre os EUA e a China, a China tende a voltar seus olhos ainda mais para o Brasil, o que pode resultar em um aumento na demanda por produtos brasileiros.
"Em 2024, 70% das exportações brasileiras de soja foram para o mercado chinês, consolidando a posição do Brasil como líder no setor. Com o agravamento da guerra comercial, é natural que Pequim busque o Brasil como alternativa. O problema é a nossa infraestrutura logística", comenta Delara.
Embora o Brasil tenha grande potencial para ocupar essa lacuna, o diretor alerta que a infraestrutura logística do país continua sendo um grande obstáculo. Rodovias em péssimas condições, a escassez de ferrovias eficientes e os portos congestionados aumentam os custos e dificultam o escoamento rápido da produção. Isso pode limitar a capacidade do Brasil de atender à demanda adicional que deverá surgir com a saída de produtos dos EUA do mercado chinês.
Para superar esses desafios, o governo brasileiro já indicou ações como investimentos em concessões rodoviárias, a expansão da malha ferroviária e a modernização dos portos. Além disso, a intensificação de acordos bilaterais com a China, para agilizar processos como a habilitação de frigoríficos e a diversificação das exportações agropecuárias, pode ser crucial para o Brasil aproveitar esta nova oportunidade.
"Com as melhorias necessárias na infraestrutura, o Brasil tem o potencial de ampliar ainda mais sua posição no agronegócio global. Porém, sem essas melhorias, a oportunidade poderá ser apenas um ganho pontual, e não um avanço sustentável no comércio com a China. O investimento em logística não é mais uma opção, mas uma necessidade urgente", conclui Delara.
Fonte: Portal do Agronegócio
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