Análise de Mercado

Novo ano pode trazer um ambiente altista para o complexo energético; confira análise da hEDGEpoint

A última semana de 2023 registrou outra queda para o petróleo, com o WTI caindo mais de 2%


Publicado em: 05/01/2024 às 18:40hs

Novo ano pode trazer um ambiente altista para o complexo energético; confira análise da hEDGEpoint

Dados de demanda não trazem confiança ao mercado, com incerteza significativa vinda dos Estados Unidos e decepção na China. No entanto, 2024 pode ser um ano mais altista, especialmente com a perspectiva de um ambiente de taxas de juros menos restritivas do que no ano passado.

A última semana do ano refletiu as preocupações com o setor de energia, em que os fundamentos continuam a gerar preocupações devido à desaceleração da demanda e aos sinais de menor cooperação entre os países membros da OPEP+, o que pode resultar no aumento da oferta de petróleo no futuro. No entanto, há alguns sinais de alta, o que deve trazer alguma perspectiva de correção para os principais índices de referência do petróleo no futuro.

A demanda por petróleo bruto na China ficou abaixo das expectativas em 2023

“Primeiramente, vamos olhar alguns dos principais eventos que alimentaram esse sentimento de baixa em relação ao petróleo, cujos preços sofreram quedas significativas desde o final de outubro. Um dos principais consumidores de energia é a China, dado que o gigante asiático é o maior importador de petróleo do mundo. Acreditava-se que a reabertura de sua economia este ano impulsionaria o consumo de petróleo. De fato, as importações do país cresceram significativamente em 12,1% nos primeiros 11 meses do ano. No entanto, a Agência Internacional de Energia (AIE) previu um aumento de 1,8 milhão de bpd para o país e, até novembro, a China registrou um aumento de 1,21 milhão de bpd, abaixo das expectativas”, diz Victor Arduin, analista de Energia e Macroeconomia da companhia.

A situação macroeconômica na China exige atenção, embora às vezes os problemas sejam exagerados pela mídia. Há uma mudança estrutural em andamento no país que atualmente está impactando o setor imobiliário, um dos negócios mais importantes da economia. Além disso, a deflação no país traz insegurança para investidores e consumidores. Portanto, com a economia crescendo em um ritmo mais lento, o consumo de energia também teve um crescimento menor.

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O consumo de gasolina está aumentando nos Estados Unidos

“Outro importante vetor de demanda para o consumo de petróleo são os Estados Unidos. Aqui, as coisas estão melhores, mas ainda com incertezas. Espera-se que a produção de petróleo no país seja a maior de sua história, totalizando 13,1 milhões de barris por dia no último trimestre deste ano. Analisando o consumo de produtos refinados no país, a demanda por destilados médios foi menor do que o esperado, mas está sendo parcialmente compensada por um rápido aumento no consumo de gasolina. Isso é explicado, em parte, pela forte resiliência do mercado de trabalho, que impulsiona o consumo de gasolina, enquanto as altas taxas de juros impuseram mais obstáculos ao setor industrial, um dos principais consumidores de diesel. Entretanto, a perspectiva geral não é tão ruim quanto parece. É importante observar, no entanto, que a recuperação pós-pandemia do consumo de petróleo no país tem ocorrido em ritmo mais lento do que esperado”, pondera.

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Preocupações em relação à oferta de petróleo bruto

Ainda, analisando a oferta, onde os traders geralmente depositam mais esperanças em notícias de potencial altista, o cenário tem sido mais incerto. O conflito entre Israel e Hamas acrescentou um forte elemento de volatilidade, com os desdobramentos da guerra frequentemente desencadeando riscos de interrupção do fornecimento. 

O mais recente desses gatilhos foram os ataques da milícia Houthi a navios petroleiros no Mar Vermelho, aparentemente para prejudicar carregamentos associados à Israel, mas que muitas vezes resultaram em ataques a vários navios sem conexão com o conflito, oferecendo suporte aos preços.

“Outra expectativa do mercado seriam as ações coordenadas da OPEP+, mas a recente saída de Angola expôs a fragilidade do grupo, com alguns membros não vendo mais a eficácia da estratégia de restringir a oferta de petróleo. Na prática, isso fez com que mais participação de mercado fosse conquistada por outros países que estão aumentando rapidamente sua produção, como os Estados Unidos, o Canadá e o Brasil”, conclui.

Em resumo, após resumir alguns dos principais eventos que estão refletindo os preços do petróleo, a tendência geral tem sido de queda. Um exemplo disso é o cruzamento da média móvel de 50 dias abaixo da média móvel de 200 dias, também conhecido como "cruz da morte". Resultado, o WTI fechou com uma queda de aproximadamente 10% em 2023, a primeira queda desde a pandemia.

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No entanto, há alguns fatores potenciais que devem ser considerados no futuro. É provável que o novo ano seja, em termos de juros, muito menos restritivo do que foi 2023, o que pode resultar em maior demanda por energia. Além disso, os EUA e a Europa conseguiram evitar uma recessão até aqui, um dos riscos mais significativos para o complexo energético. 

Além disso, a demanda por gasolina na maior economia do mundo tem sido resiliente, e pode impulsionar os preços na próxima driving season, mesmo com mais petróleo bruto vindo de ofertantes. Portanto, apesar do sentimento de baixa que encerrou 2023, o novo ano pode dar início a um mercado de alta para as commodities de energia.

Fonte: hEDGEpoint Global Markets

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