Publicado em: 29/11/2024 às 11:20hs
A produção de milho no Brasil, voltada para a fabricação de etanol, deve atingir cerca de 30 milhões de toneladas em 2025, o que corresponde a aproximadamente 25% da produção total do grão no país. Essa estimativa foi apresentada pelo consultor financeiro Jeferson Souza durante a abertura do V Encontro Técnico do Milho, realizado pela Fundação de Apoio e Pesquisa de Mato Grosso (Fundação MT) nos dias 28 e 29 de novembro, em Cuiabá.
Souza destacou que, comparado ao ano anterior, o cenário para a produção de milho é mais promissor. "O aumento nos preços do milho e a maior lucratividade tornam o cenário favorável para os produtores de Mato Grosso. No entanto, a expansão da área destinada à segunda safra dependerá de fatores como as condições climáticas durante o plantio. Se as condições forem favoráveis, podemos observar um aumento significativo na área cultivada com milho na safra de 2024", afirmou o consultor.
A alta produtividade do milho no estado tem impulsionado o crescimento da produção de etanol, consolidando Mato Grosso como um dos maiores polos produtores do grão no país. Dados do Bioind MT e do IMEA indicam que a safra 2023/24 foi recorde, com 43,8 milhões de toneladas produzidas, representando 38% da produção nacional. A moagem de milho para a produção de etanol também alcançou um crescimento de 37,86% em relação ao ano anterior.
O mercado otimista do milho tem atraído investimentos significativos para o setor. A ALD Bioenergia Deciolândia, por exemplo, anunciou um investimento de R$ 1 bilhão para triplicar sua capacidade produtiva até 2026. "A empresa enxerga um grande potencial de crescimento, tanto no mercado interno quanto externo, impulsionado pela crescente demanda por biocombustíveis e pela produção de DDG, um subproduto do etanol utilizado na alimentação animal", explicou o diretor executivo da empresa, Marco Orozimbo.
Outras empresas do setor, como a FS, também compartilham dessa visão otimista. A empresa prevê um aumento significativo na moagem de milho para etanol no próximo ano e destaca a importância de agregar valor ao grão e ao ecossistema do agronegócio. "Anualmente, investimos na ampliação de nossa capacidade produtiva e, no próximo ano, continuaremos focados na otimização de nossas plantas, avaliando as condições de mercado para decidir sobre a aceleração das expansões", afirmou Victor Trenti, diretor comercial da FS.
Os produtores de milho de Mato Grosso estão otimistas com as perspectivas para a próxima safra. O IMEA prevê um aumento de 10,03% na produção total de etanol em 2024/2025, com o milho representando a maior parte desse volume. Contudo, é essencial que os produtores adotem um planejamento estratégico para garantir a rentabilidade da produção.
Marcelo Vankevicius, produtor rural em Itiquira-MT, com uma área de cerca de 5 mil hectares, afirmou que, apesar do otimismo, manterá uma abordagem mais conservadora em relação aos investimentos. "Embora nossa produção tradicionalmente não fosse voltada para híbridos de milho de alta produtividade, a crescente demanda por milho para etanol e DDG nos fez revisar essa estratégia. Vamos investir mais em cultivares de alto rendimento e considerar o plantio de milho na safrinha", disse Vankevicius.
O evento, que ocorre nos dias 28 e 29 de novembro, contou com a participação de pesquisadores da Fundação MT, especialistas convidados e produtores, com o objetivo de apresentar resultados de pesquisa e informações sobre a última safra. A iniciativa busca promover discussões técnicas sobre a cultura do milho e fornecer aos produtores as ferramentas necessárias para uma comercialização eficiente, garantindo a rentabilidade de suas atividades.
Bruno de Conti, head de pesquisa da Fundação MT, enfatizou a importância da informação para a tomada de decisões no agronegócio: "Mesmo com a aplicação de tecnologia e conhecimento na produção, um erro na comercialização pode comprometer seriamente a rentabilidade", alertou.
A programação do evento abrange temas essenciais para aumentar a produtividade do milho, como controle de pragas e doenças, cuidados com o clima e irrigação, além de investimentos em fertilidade e compactação do solo.
Fonte: Portal do Agronegócio
◄ Leia outras notícias