Publicado em: 15/05/2012 às 18:10hs
Pressionadas por vendas de fundos especulativos, os mercados devolveram os ganhos acumulados nos primeiros três meses do ano e já operam nos níveis de 2011.
Recuo - Nesta segunda-feira (14/05), a cesta de produtos de origem agropecuária do índice de commodities Dow Jones-UBS recuou mais 0,44% e atingiu a menor pontuação desde 19 de dezembro (74.147 pontos). O indicador havia subido pouco mais de 4% entre 31 de dezembro e 2 de abril, para 80.933 pontos, mas perdeu força e cedeu mais de 8,3% até o fechamento de ontem. Em 2012, a perda acumulada chega a 4,67%.
Comparativo - Em comparação, o índice CRB (que monitora uma cesta de commodities energéticas, metálicas e agrícolas) recuou 5,52% neste ano. De acordo com analistas, a retração é uma consequência direta das turbulências financeiras irradiadas da Europa, que levaram investidores a reduzir sua exposição aos ativos considerados de risco.
CFTC - É o que demonstram os números da Comissão de Comércio de Futuros de Commodities (CFTC, na sigla em inglês), que acompanha a movimentação dos investidores institucionais nos mercados futuros de commodities. Em praticamente todos os pregões, o que se vê são os fundos reduzindo sua posição comprada (com a qual apostam na alta dos preços) e aumentando sua posição vendida (com a qual tentam se antecipar a uma queda).
Redução - Desde o fim de março, fundos reduziram em 85% sua posição comprada em açúcar na bolsa de Nova York - de 135 mil para pouco mais de 20 mil contratos. Em Chicago, sua posição comprada em milho foi reduzida à metade - de um total de 224 mil para 118 mil contratos.
Pessimismo - Nos mercados em que predomina a aposta na queda, o tom é cada vez mais pessimista. No mesmo período de comparação, os investidores aumentaram em 36% sua posição vendida em café e em 47% sua posição vendida em trigo, em Nova York e Chicago, respectivamente.
Soja - Até duas semanas atrás, a soja vinha sendo poupada dessa aposta contra as commodities. Estimulados por fundamentos claramente altistas - quebra da produção sul-americana, forte demanda chinesa e necessidade de incentivar o aumento da área plantada nos Estados Unidos - os fundos montaram a maior posição de compra da história desse mercado, com mais de 253,8 mil contratos adquiridos.
Tensões - Contudo, o mercado não resistiu ao aumento das tensões no ambiente financeiro e perdeu sustentação. Na semana encerrada no último dia 8, fundos reduziram em quase 10% sua posição comprada em soja, para pouco mais de 230 mil contratos, de acordo com os últimos números oficiais. No mercado, especula-se, porém, que esse número já esteja perto de 200 mil.
Reflexo direto - O reflexo sobre os preços é direto. Desde o dia 30 de abril, quando os contratos de soja para entrega em julho superaram a barreira dos US$ 15 por bushel, os preços já cederam 7,84%, para US$ 13,87 por bushel no fechamento de ontem. A cotação é a mais baixa em seis semanas.
Ajuste ao cenário - Ao diminuir a aposta na alta das commodities, os fundos não apenas reduzem sua exposição ao risco de uma desaceleração significativa na demanda por alimentos e fibras - algo ainda improvável, dado o vigor da economia chinesa -, mas também se ajustam a um cenário de maior estímulo à oferta de países como o Brasil, que experimentam uma desvalorização da sua moeda.
Preço real - Embora o preço da soja tenha caído quase 8% em dólar desde o dia 30, o preço em real não cedeu mais que 0,6%, conforme o indicador Cepea/Esalq. Em outras palavras, a desvalorização do real abre caminho para que os preços internacionais de algumas commodities - casos de soja, café e açúcar, por exemplo - recuem sem colocar em risco o equilíbrio entre oferta e demanda.
Fonte: Assessoria de Imprensa da Ocepar/Sescoop-PR
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